A corrosão das inteligências passa pela negação do que os seus olhos veem, substituindo a realidade por um sentimento ou uma ideia.
É a elevação das sensações à categoria de verdade absoluta, invertendo toda a estrutura da realidade, que acaba por ficar em segundo plano.
Como já havia sido previsto por Olavo de Carvalho, descrever a verdade tal como ela é viria, em um futuro próximo, a se tornar algo criminoso. Esse futuro chegou.
A mera narrativa de como as coisas são – coisas visíveis aos olhos de todos – é capaz de despertar sentimentos e paixões, tudo com a intenção de obter uma satisfação pessoal mediante a negação da verdade que está bem à frente.
Sim. Seus olhos veem os restaurantes funcionando, com as pessoas entrando de máscara e as retirando logo assim que se sentam à mesa, permanecendo lá por horas conversando e cuspindo gotículas uns nas caras dos outros, descontraidamente.
Você se esforça para negar a estupidez que esta conduta representa, porque você já colocou suas sensações acima da verdade, vivendo em uma matrix que nega o óbvio e aceita passivamente a imbecilidade como padrão, pois assim se sente acolhido no seio social e evita problemas…
Como eu não padeço da sua fraqueza moral, continuarei fazendo o mesmo trabalho de exposição da burrice, da hipocrisia e dos comportamentos lobotomizados – mesmo você, analfabeto funcional, não compreendendo que estou falando sobre tudo – menos de um vírus.
Substituir o que se está vendo por uma sensação artificialmente inoculada faz lembrar o comediante Grouxo Marx: “você prefere acreditar em mim ou em seus próprios olhos”? Pelas reações histéricas a uma mera descrição da realidade, percebe-se que Grouxo era um visionário.
Ninguém está obrigado a participar da crise espiritual de uma sociedade. Ao contrário, todos estão obrigados a evitar a loucura e viver sua vida em ordem”. (Eric Voegelin)
Dra. Ludmila Lins Grilo, Juíza de direito no TJ-MG especial para o PHVox.
Texto publicado originalmente no twitter e reproduzido com autorização da autora.