Neste dia em que celebramos a exaltação da Santa Cruz e véspera da memória de Nossa Senhora da Dores, somos convidados a meditar sobre o papel do sofrimento na vida daquele que segue a Cristo.
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Cristo é o sumo bem (summum bonum), como nos ensina Santo Agostinho, então por qual motivo, nós que seguimos este bem maior, devemos passar por tantas dificuldades, sofrimentos e males nesta terra?
A resposta é simples e direta: para nossa santificação e salvação.
Vejamos o que nos ensina o Catecismo da Igreja Católica no parágrafo 2015 acerca da busca pela santidade:
“O caminho desta perfeição passa pela cruz. Não há santidade sem renúncia e combate espiritual. O progresso espiritual implica a ascese e a mortificação, que conduzem gradualmente a viver na paz e na alegria das bem-aventuranças”.
Os planos de Deus desde a criação eram perfeitos para nós, vivíamos em total equilíbrio e comunhão, mas tudo muda com o mal uso da liberdade.
O sofrimento entra neste mundo através do pecado de nossos primeiros pais, que livres escolheram por desobedecer. Então, você pode pensar: “Poxa, mas Cristo morreu por mim e pagou minha dívida na Cruz, desta forma eu já estou santificado”.
É exatamente neste ponto que nos enganamos.
Seria o discípulo maior que o mestre? Nós, que constantemente pecamos e desagradamos a Deus, mesmo após seu santo sacrifício, deveríamos mesmo não ter que completar em nós os sofrimentos de Cristo?
Vejamos o que nos diz o Apostolo Paulo na Epístola aos Colossenses:
“Agora regozijo-me nos meus sofrimentos por vós, e completo o que falta as tribulações de Cristo em minha carne pelo seu corpo, que é a igreja”. (Col 1, 24)
Nós, os discípulos de Cristo, devemos, cada um em sua medida, aceitarmos, abraçarmos e nos alegrarmos, como o próprio Paulo, com os sofrimentos. Pois estes para nós, nos farão semelhantes ao próprio Cristo que sofreu por amor.
É claro que esta atitude e postura não é fácil, eu digo inclusive que como encaramos o sofrimento é o que separa os homens das crianças na fé.
Foi fácil para Jó não maldizer a Deus frente a tantas tragédias? Foi fácil para José, após ser vendido como escravo por seus irmãos, acolher e perdoar seus algozes?
Não foi fácil, mas eles conseguiram, pois eram fiéis a Deus.
Esta terra na qual habitamos temporariamente não é o reinado de Nosso Senhor, mas sim um “vale de lágrimas”, conforme rezamos na Salve Rainha.
Aqui, enquanto igreja militante que somos, permanecemos como verdadeiros estrangeiros, sofrendo as dores por não estarmos em nossa pátria.
Será por meio de uma jornada decidida que iremos nos preparar para habitar junto a Deus por toda eternidade na Jerusalém celeste, onde já não mais haverá qualquer tipo de sofrimento, pois lá faremos parte da igreja triunfante.
Os sofrimentos são para nós uma coroa na eternidade e para entendermos isso precisamos da graça de Deus, a fim de enxergarmos o verdadeiro sentido das dores e sofrimentos.
Isso somente alcançaremos mediante uma busca sincera a Deus e do exercício contínuo das virtudes.
O sacrifício de Cristo foi a paga pelos nossos pecados, que nós possamos da mesma forma e guardadas as devidas proporções, sermos sacrifício para nossos irmãos, principalmente para aqueles que não possuem este entendimento e visão de fé.
Santa Rosa de Lima, uma grande Santa e mística de nossa Igreja, já dizia que “Fora da Cruz não existe outra escada por onde subir ao céu!”
Abracemos nossos sofrimentos e creiamos, adoremos, esperemos e amemos por aqueles que não creem, adoram, esperam e amam a Deus.
Viva Cristo Rei, Salve Maria Santíssima.