Percebe-se, ao mero passar pelas pessoas, nas conversas do agitado cotidiano da cidade, que o brasileiro comum compreende a política de maneira muito restrita e reduzida ao único aspecto da “política partidária”. Por outro lado, ao se estudar a verdadeira história do Brasil, com seus heróis e personagens que edificaram a nação, é de grande inspiração o espírito patriótico que transparecem e exalam em seus exemplos, em seus princípios, em suas virtudes e em sua fé. A fé realmente, mais do que toda cidadania e civilidade, é decisiva para uma atitude política virtuosa perene de uma nação, em vista de um verdadeiro patriotismo.
O golpe republicando de 1889 à monarquia, um atentado e uma traição sem precedentes contra o Brasil, estabeleceu, entre outros vícios e desvarios, a crosta da política partidária. Desde então, o espírito do brasileiro está impregnado pelo conceito de política como interesse de uma parte em detrimento do todo, ou seja, a visão política de um partido sobre a pátria e não mais o bem da pátria em si, e, no fim das contas, o “meu interesse pessoal” em prejuízo da nação. A absolutização de um partido político é própria da prática revolucionária que, na imposição de suas ideias minoritárias, acaba por fazer do partido o todo e alma por quem se sacrifica tudo, como por exemplo, o partido comunista que sempre fez de sí uma espécie de “religião pagã” com suas normas, culto, hinos, mártires, monumentos e deuses. Esse fato ideológico se tornou um vício de pensamento do brasileiro que aprendeu que não se discute religião, política e futebol, mas, se jacta de discutir entre os amigos sobre bebidas e aventuras imorais e… futebol.
Quando das eleições gerais de 2018 o brasileiro passou a “discutir política” a partir dos conteúdos das redes sociais em atrito com as desinformações da mídia oficial, os resultados foram brigas homéricas entre amigos e familiares, chegando muitos a romperem relacionamentos de anos, uma vez que desacostumados a discutir política, com a mentalidade de política partidária no consciente da coletividade e o pessimismo político reinante, o antipatriotismo diante da onda ameaçadora da urgência das pautas com problemas nacionais gravíssimos, que exigem critério e patriotismo, fez do “debate” popular um fenômeno inesquecível de contendas e desavenças feito “cego em tiroteio” ou uma espécie de “cerco de Jericó” provocado pela crítica realidade brasileira.
Por outro lado, das manifestações dos brasileiros, em verde e amarelo, nas ruas das principais capitais e cidades por todo o país, desde 2013 até os dias hoje, se pode tirar muitas lições e cuja compreensão fica cada vez mais clara com o passar do tempo, dentro do processo histórico. Uma lição em especial podemos considerar aqui: reascendeu-se um patriotismo popular que não víamos desde pelo menos quase sessenta anos, quando da marcha pela família em 1964. Esse espírito patriótico está ligado a valores cristãos como a vida desde a concepção até a morte natural, a família tradicional, o trabalho honesto, o direito de legitima defesa com o porte de arma, as liberdades individuais civis e religiosas e a propriedade privada. O patriotismo, que pouco a pouco vai tomando conta do coração dos brasileiros, chama atenção sobretudo nos brados uníssonos recorrentes nas manifestações nas ruas: “nossa bandeira é verde e amarela e jamais será vermelha” e “ eu quero meu Brasil de volta”. Tais brados vindos de multidões vestidas em verde e amarelo, a ausência total de camisas e bandeiras de partidos políticos nestes eventos e as famílias ostentando a bandeira do Brasil, nos mostra um indício, mesmo que ainda incipiente, da transição de uma consciência política partidária para uma consciência patriótica. Porém, se a republica nos roubou o patriotismo é a monarquia que nos irá devolvê-lo verdadeiramente. Na monarquia o povo brasileiro tem muito mais do que um monarca como poder moderador de um sistema político, mas, um pai, um soberano e um elo de unidade nacional que corresponde aos interesses da nação, sobrepondo-os aos interesses particulares, partidários e individuais do povo. A corrupção é apenas um sintoma de uma doença muito mais grave que a república instalou no Brasil: o baixíssimo nível de consciência moral tornando o povo mesquinho e interesseiro, corrompendo sua índole, cujo coração não há lugar para o patriotismo. A maneira com o que o brasileiro vai despertando para sua vocação monárquica, vai-se ao mesmo tempo, abandonando a ilusória política partidária e recuperando o seu verdadeiro espírito patriótico!
Não podemos deixar de considerar que um patriotismo absolutizado pode levar a vícios e desenganos, como um indesejado nacionalismo. Por isso, o espírito patriótico não deve ser apenas um ideal encantador inspirado por alguém, mas, uma virtude de um povo, um princípio moral internalizado e constituinte de sua índole, o que se realiza com a educação das gerações, consolidando-os em tal princípio.
Mas, o patriotismo só será um princípio moral basilar e uma virtude de nossa pátria a partir da perspectiva da fé. A nossa Terra de Santa Cruz, em que o primeiro ato público foi a Santa Missa e o primeiro monumento foi um crucifixo, teve invocadas sobre si as palavras da fé que estabeleceram sua vocação na ordem natural das coisas determinadas por Deus. Foi essa fé, católica e apostólica, que formou o povo brasileiro antes de mais nada católico e, a partir disso, uma nação cujos cidadãos foram alicerçados nos verdadeiros princípios e valores, assim, o espírito patriótico é uma virtude fundante e irrenunciável de nossa gente!
A doutrina católica nos lembra que o amor à pátria é uma dimensão da lei de Deus do amor ao próximo. Ou seja, quem não ama a sua pátria e não está disposto a dar a sua vida por ela não ama o próximo. Porém, quem ama o próximo necessariamente ama a sua pátria por amor a Deus. Praticar a caridade para com o próximo até a entrega da vida, como nos ensina Nosso Senhor no evangelho, é a base e o cerne do verdadeiro patriotismo, visto que, esse amor ao próximo se estende a todos os irmãos de sua pátria e, em consequência, o bem e os legítimos interesses da nação passam a ser uma busca pessoal do cidadão por amor aos seus. Ou seja, nessa perspectiva não há espaço para interesses políticos partidários em detrimento de um país como acontece hoje no Brasil que, sequestrado pelo laicismo contemporâneo, vive numa anarquia prática porque se afastou de sua vocação providencial, natural, histórica e fundamental de um povo católico, monárquico e patriótico.
O mais importante e necessário hoje é abandonar as discussões e implicâncias partidárias e discutir o Brasil em suas mais multifacetadas perspectivas, para promover uma consciência política patriótica, resgatando nossas raízes históricas e cristãs, recuperando no nosso povo um alto nível de consciência moral e oferecer às gerações futuras os fundamentos para um virtuoso patriotismo, que provém da sólida base católica de nosso país! “Eu quero o meu Brasil de volta”! Nossa Senhora Aparecida, Rainha e Padroeira do Brasil, rogai por nós!
Pe. Fábio Fernandes
Pároco
Paróquia de Nossa Senhora das Angústias São Paulo – Barra Funda