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Desde a invasão da Ucrânia, promovida pela Rússia em 24 de fevereiro de 2022, estamos assistindo a diversos movimentos de propaganda de ambos os lados, alguns exagerados e outros testando o limite que uma narrativa pode suportar. Todavia, muito do que acontece após a fumaça da propaganda baixar, nos mostra indícios da realidade. Baseado nisto, quero hoje trazer alguns pontos para reflexão ao caro leitor.
Este início de mês de maio está agitado e demonstrando possíveis fraquezas internas dentro das forças russas. Yevgeny Prigozhin, fundador do grupo paramilitar privado “Wagner Group”, anunciou nos dias 04 e 05 de maio de 2023 que estariam se retirando da Ucrânia, assumiu o crédito por cumprir todos os objetivos na cidade de Bakhmut, além de culpar o Ministério da Defesa de Sergey Shoigu pelas falhas. Prigozhin, gravou um vídeo junto dos corpos de mais de uma dezena de combatentes mortos, visivelmente transtornado e aos gritos e palavrões, responsabilizou os oficiais Sergey Shoigu e Valeri Gerassimov, por dificultarem a entrega de munições e suprimentos, atribuiu a eles a responsabilidade por aquelas mortes.
Prigozhin também anunciou que no dia 10 de maio, um dia após os festejos do dia da Vitória (quando a Rússia comemora o fim da Segunda Guerra Mundial), cederia as posições para o exército regular russo – vale ressaltar que, nos últimos 6 meses, praticamente todo avanço russo na Ucrânia foi conquistado pelos mercenários do PMC Wagner Group. Por outro lado, ao longo deste período, Putin está patrocinando a criação de outros exércitos privados, dentre eles, um criado por Ramzan Kadyrov (ditador da Chechênia), porém nenhum terá a experiência e alcance em curto prazo que o Wagner possui.
No domingo, dia 07 de maio, Prigozhin alegou ter recebido um lote de munições e sinaliza que o Wagner Group pode permanecer em Bakhmut. Porém, não ficou claro se os Chechenos ainda irão para a Região.
O exército de Ramzan Kadyrov já estava contratado e, inclusive, já tinham gravado e divulgado vídeos de propaganda, onde informaram que já estavam alinhando estratégias com o Ministério da Defesa de Sergey Shoigu.
Independente dos conflitos internos que estão ocorrendo nas fileiras lideradas pelo Kremlin, temos que observar que a Rússia está em vias de enfrentar mais uma ofensiva Ucraniana, muito mais equipada e preparada que a anterior e, o governo de Putin, vem acumulando reveses militares e diplomáticos nos últimos meses, vamos a eles:
1. Aumento da fronteira da aliança defensiva da OTAN com a Rússia em mais de 1000km, gerada pela entrada da Finlândia.
2. Influenciou a Suécia a abandonar mais de 200 anos de neutralidade militar, status que manteve durante duas guerras mundiais.
3. Aumento das tensões com o Japão, chegando até mesmo a realizar exercícios militares na fronteira marítima do território japonês, que agora passa a observar e agir em preparação militar para possíveis agressões vindas da Rússia.
4. Nos últimos meses, a Rússia está perdendo o apoio da Turquia, que cada vez mais procura tirar benefícios econômicos e diplomáticos de suas mediações envolvendo questões do Mar Negro e com venda de armas, sendo destaque os seus drones.
5. Putin tornou a Rússia extremamente dependente da China, sendo obrigado a vender gás com descontos enormes e insustentáveis, além do ouro que extraiu ilegalmente da Venezuela, com o apoio de Maduro e do Wagner Group, que é vendido abaixo do preço de mercado. A China por sua vez, utiliza o conflito como um balão de ensaio para analisar as respostas dos aliados da Ucrânia militarmente e economicamente em uma provável invasão de Taiwan.
Dificilmente o líder russo imaginou este cenário na madrugada de 24 de fevereiro de 2022 quando invadiu a Ucrânia.