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A teologia nazista

Legionário, 14 de fevereiro de 1943, N. 549, pag. 2

 

No discurso de comemoração ao décimo aniversário da ascensão de Hitler ao poder – o mesmo discurso que foi perturbado por uma pequena incursão de bombardeiros da RAF – disse Goering, um dos profetas do nazismo:

“Não podemos deixar os soldados que lutam na linha de frente afastados da filosofia nacional. Se é necessária uma nova filosofia, em qualquer setor da nação, é mais necessária ainda entre suas forças armadas. Precisamos observar a filosofia de Hitler. Não é uma filosofia de fraqueza, de destruição ou de vida fácil. Seu ponto principal é o reconhecimento de que a nação é eterna e, portanto, todos os seus membros devem estar prontos para dar tudo, até mesmo a vida, por ela”.

Onde Goering diz filosofia, devia ter dito teologia. A filosofia provém de dados objetivos, tais como são alcançados pelos sentidos, e elaborados pelas luzes naturais da razão humana. A teologia pressupõe uma revelação, que apresenta ao homem certas realidades que ele jamais poderia alcançar pelas suas próprias forças. Ora, uma coisa parece evidente: a doutrina nazista não é objetiva, não provém da consideração imparcial e sistemática das realidades objetivasPelo contrário, o seu ponto principal é este: “a nação alemã é eterna”, o que poderá ser evidente para um nazista, mas não o será, certamente, para o comum dos mortais. Além disso, os próprios chefes do 3o. Reich afirmam que o nazismo se apoia, fundamentalmente, sobre uma revelação, a revelação do mito de sangue, da raça, o mito de Siegfried.

Isto é muito interessante. Há no mundo, desde o princípio, uma Revelação. Uma Revelação que não provém de nenhum mito, mas que se apresenta numa formulação racional que, quando é possível, coloca o mistério em termos acessíveis à inteligência humana. Revelação que satisfaz plenamente os anseios morais e espirituais do homem, e que traz consigo a paz, a claridade, a pureza e a felicidade. Revelação que é atestada pela voz dos profetas, pela vida dos Santos, pelo sangue dos mártires.

Os pedantes negaram os profetas, os corruptos negaram a justiça, os mercenários se congratulam desvanecidos pela estupidez insondável que trouxeram ao mundo. E depois? Depois foram prostar-se diante de Hitler, Goering e Rosenberg, curvaram-se diante do mito da raça, aceitaram um testemunho que é interrompido por um bombardeio aéreo…

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