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As semanas decisivas e os problemas de Putin na Ucrânia

Nas próximas semanas veremos o aumento do esforço russo por um acordo de paz ou cessar fogo com a Ucrânia, isso será feito com uma nota de vencedor do conflito que deseja encerrar as animosidades. Isso acontecerá por algumas fraquezas aparentes da Rússia que afetam diretamente o seu potencial de guerra, sendo o controle da duração do conflito o principal.

A Rússia não conseguiu o seu objetivo de uma guerra rápida e de derrubada do governo ucraniano em uma semana, tendo que desistir da etapa de derrubada do governo de Zelensky e recuado as tropas para a região leste do país. O ocidente também não acreditava na resistência da Ucrânia e pouco fez para auxiliá-los.

Quando a Rússia não consolidou seu objetivo, os Estados Unidos, Alemanha, França e outros países se viram forçados a enviar auxílio bélico, principalmente pela pressão da opinião pública. Putin não cumpriu o objetivo esperado nos bastidores por seu entorno e pelas cúpulas diplomáticas aliadas, o que de certa forma podemos colocar como uma “permissão” para tomada da Ucrânia. Exemplo foi a oferta de Joe Biden de retirar o presidente ucraniano do país em segurança quando o conflito começou.

Agora o governo russo possui problemas importantes para resolver em um curto período de quatro a oito semanas, vamos a eles:

1 – Ofensiva do exército ucraniano no Nordeste

O exército russo está sofrendo diversas derrotas no Nordeste que começa a afetar sua principal linha de suprimento: a cidade de Belgorod. As forças ucranianas continuam a contra-atacar ao norte de Kharkiv, recapturando várias cidades e vilas em direção à fronteira russa.

Este cenário fez com que nas últimas horas o exército Russo abrisse mão de diversas posições na região de Kharkiv, que apesar do sucesso da Rússia em cercar a cidade nos estágios iniciais do conflito, ela supostamente retirou unidades da região para reorganizar e repor suas forças após pesadas perdas e recuasse suas tropas para uma defesa da fronteira e de Belgord, segundo relatório do Ministério da Defesa Ucraniano.

2 – Economia da Rússia

A economia da Rússia está em queda continua nos últimos 14 anos. O seu único garantidor de fato é o setor energético. Mesmo a quantidade absurda de ouro extraída da Venezuela não é suficiente para a situação, visto que os compradores pagam muito abaixo do valor por conta das sanções impostas por diversos países.

A guerra custa milhões de dólares por dia para o governo russo, fazendo com que a mídia estatal comece a “normatizar” a necessidade de implementação de um “socialismo-militar” em breve no país.

Isto aliado à expectativa de ser declarada guerra formal à Ucrânia por necessidade de tropas no conflito.

 

3 – Fortalecimento do exército Ucraniano

A Ucrânia está treinando um efetivo de 400.000 reservistas que devem estar prontos para o combate em até quatro semanas segundo relatórios.

No quesito de material bélico, a Ucrânia começa também a se fortalecer, pois até o momento, a maioria das armas enviadas à Ucrânia era de fabricação soviética, o que era bom, por conta da experiência de manuseio das tropas locais. Porém armas cada vez mais modernas e acima da capacidade das que possui a Rússia começa a chegar à 🇺🇦. Muitas tropas já estão sendo treinadas com esse material.

Somente os Estados Unidos irão enviar US$32 Bilhões em financiamento para a Ucrânia, sem contar todo o armamento moderno de Alemanha, França, Reino Unido e outros.

4 – Quem decide quando a guerra termina?

Um fato determinante: neste momento a Rússia perdeu a posição de decidir quando a guerra termina.

A Ucrânia não demonstra interesse em negociar e vem acumulando vitórias, ainda que pequenas, em seu território e principalmente fez com que as tropas russas praticamente estacionassem.

Putin já iniciou o processo com os governos fantoches dentro da Ucrânia para que solicitem a anexação de territórios como já ensaiado em Kherson. Mesmo que o faça, esta anexação só tem reconhecimento da própria Rússia e não da comunidade internacional, o que não traz alterações efetivas no campo diplomático da guerra.

A tendência é que a Rússia inicie em breve uma tentativa de levar a Ucrânia para a mesa de negociação e que a sua propaganda estabeleça que eles conseguiram o que queriam: libertar o povo de Donetsk e Lugansk, claro que anexando toda a faixa sul de Kherson como seu território e contando que a Ucrânia aceite as condições impostas. Porém como vemos a posição ucraniana não deve ser esta no momento.

A Ucrânia pode tornar-se um verdadeiro atoleiro para a Rússia tanto militar, quanto político e diplomático.

Existe sempre a carta da bomba atômica russa e deve ser considerada. Mas mesmo neste cenário é preciso considerar o “dia seguinte”. O que acontecerá com a Rússia se usar arma nuclear? Qual seria a resposta das outras potências? A China manteria o apoio/financiamento?

As próximas oito semanas trarão muitas respostas do conflito e quais as manobras que a Rússia pode usar para contornar este cenário, caso não consiga, a perspectiva pode ser sombria para o CZAR Moscovita.

 

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