A Campanha da Fraternidade (CF) de 2021 gerou uma série de discussões, na linha do que já vem acontecendo gradativamente nos últimos anos, indignando aqueles que amam a Igreja e a tradição católica, ofendidos pelas “bandeiras” revolucionárias em décadas de afrontas à fé, abusando da liberalidade da Santa Igreja, da boa vontade do clero e dos fiéis, com excessão dos “juramentados” com as idéias modernistas e revolucionárias.

O conceito inofensivo de “fraternidade” (manipulado) como os de “liberdade” e “igualdade” levantados na revolução francesa, para combater a Igreja por fora, é utilizada na (mal)dita campanha como um dos meios de execução da revolução dentro da Igreja (no Brasil) contribuindo para destruí-la, num projeto maior de implosão da mesma, da civilização cristã e do ocidente, pretendendo estabelecer uma nova ordem, ou uma nova desordem de acordo com sua utopia, desde a renascença até hoje, em suas diversas épocas e matizes.

É exatamente essa ousadia demoníaca e anti-cristã que indigna os católicos tradicionais que, conhecendo o conteúdo da santa fé, a magnífica história da Igreja e a heróica vida dos santos, se sentem ofendidos com os intentos revolucionários que atentam contra tudo aquilo que mais amamos. Assim, a Campanha da Fraternidade é acatólica, ou seja, é anti-católica, nunca foi católica e não diz respeito a nós católicos, mas, é apenas uma expressão da revolta do demônio e do anti-Cristo no mundo contra Deus, sua Lei, sua Igreja e as leis da criação! Portanto, nós católicos desejamos unicamente o que aprendemos do credo e da moral católica transmitida pelos Apóstolos, banhada no sangue dos mártires, ensinada por nossos zelosos sacerdotes e por nossas famílias, cujo conteúdo todos tem hoje livre acesso na internet: a busca da santidade, vida espiritual, vida de oração, vida sacramental, vida familiar, santificação no trabalho, sacralidade, estudo, devoção, piedade… coisas do católico comum que ama a Deus e que deseja salvar sua alma.

Estes católicos, que são a grande maioria, nunca tomaram conhecimento da Campanha da Fraternidade, mesmo com toda intensa propaganda e até a contínua importunação que transtorna a liturgia e toma conta das quaresmas de nossas paróquias.

A minoria dos católicos que colaboram com a Campanha da Fraternidade na sua execução em prol do pastoralismo revolucionário, são aqueles que geralmente se caracterizam como mais vulneráveis, com raras excessões, não são maus e são até piedosos (exceto os ativistas), mas acabam colaborando com os inimigos da fé porque são mornos, não estudam e ficam desprovidos da doutrina da fé, acreditam no que “dizem daqui e dali” ou “no que diz a maioria” não buscam sinceramente a verdade, ignoram a história da Igreja e não cultivam a vida interior.

Geralmente não têm prática, não se confessam, não rezam, levam vida moral laxa e de estilo culturalmente pagão, pensam igual ao mundo disseminando slogans e mensagens sentimentais e, por vaidade, buscam preencher em atividades pastoralistas a falta da prática de fé, ou seja, perfeitos “soldados” idiotas-úteis para a militância socialista, encantados pelo “status” do jaleco, do avental, da função pastoral e da “oficialidade” da qual se sentem revestidos, acabando por tomar parte na engrenagem pastoralista-revolucionária com o brado da luta de classes do “protagonismo do leigo” colaborando no erguimento de um complexo e pesado organismo estrutural pastoral que “recruta” o clero pela obediência e medo e, alguns do laicato, pela ignorância e superficialidade.

Assim, a engrenagem pastoralista se movimenta e se intra-alimenta em comissões e sub-comissões, coordenações e sub-coordenações, em inúmeras e intermináveis reuniões, consultas, pautas, relatórios e documentos, compreendendo os níveis paroquiais, forânios e diocesanos estabelecidos em todas as pastorais, em particular as pastorais sociais, movimentos e algumas associações a partir da chamada “base” paróquia e ceb’s (comunidades eclesiais de base), subindo em instâncias e formando uma estrutura que atinge seu topo na CNBB.

Tudo isso se engrena com o “combustível” da obrigatória e miserável coleta nacional da Campanha da Fraternidade todos os anos, como que ofuscando e maculando o Domingo de Ramos. Desse modo, da base provém as consultas (por exemplo: o texto-base) e do topo descem às ordens (por exemplo: a coleta), como perfeita imitação dos modelos pragmáticos e proselitistas de atividades sindicais e partidárias comunistas já muito conhecidas por quem estuda o tema.

Dessa maneira, se troca a conversão pessoal pela “dita cuja ” e ininteligível “conversão pastoral”, slogan que ninguém entende o significado, porque não diz sentido à fé, mas é muito repetido, sobretudo no tempo da quaresma como o “tempo litúrgico privilegiado” da Campanha da Fraternidade.

Todas essas investidas objetivam o mais absurdamente inaceitável que é a mobilização das estruturas pastoralistas financiadas pela coleta nacional para desgraçadamente manter a “máquina” em que as nossas paróquias tem que renunciar às suas minguadas coletas, que ajudam pagar suas contas, para colaborar com a destruidora revolução socialista dentro da Igreja e, tudo isso, pela obediência!

Todas as discussões e indignações sobre a Campanha da Fraternidade 2021 não são irrelevantes e terão seus frutos, visto que, abordam a contestação de pautas e agendas revolucionárias expostas descaradamente no texto-base, mas, o ponto central do debate sobre esse problema não se encontra somente em 2021 mas na Campanha da Fraternidade em si mesma, desde sua origem de idéias revolucionárias sob o pretexto de “fraternidade” e até com a colaboração ingênua de alguns saudosos e veneráveis prelados, sacerdotes e religiosos piedosos do passado, que pensavam contribuir para a caridade cristã e que foram traídos pelos seus pares entorpecidos pelas premissas modernistas.

Hoje, depois de tantas décadas, toda essa realidade oculta nos é explícita. E o católico fiel despreza o que a revolução tanto preza, pois, simplesmente deseja a lei de Deus, o sentido sobrenatural da vida, levar a família numa missa bem rezada, educar seus filhos na reta doutrina, resolver seus problemas com a luz da fé, entregar suas preocupações a Deus no altar e contar filialmente com a intercessão de Maria Santíssima.

Todo verdadeiro fiel, pelo sensus fidelium e a graça sobrenatural da fé, não deseja e repila as pautas revolucionárias que a Campanha da Fraternidade propaga e financia a serviço dos inimigos da Igreja, infiltrados com a teologia da libertação e a eco-teologia para esvaziar a doutrina e justificar suas teses, para atacar a vida promovendo o aborto, atacar a família promovendo a ideologia de gênero, atacar a tradição católica promovendo a auto-demolição da Igreja, atacar o cidadão de bem e proteger os bandidos com os “direitos humanos” atacar a propriedade privada para promover a reforma agrária, atacar a unicidade da Igreja promovendo o ecumenismo e destruir tantos sólidos fundamentos cultivados pelo Corpo de Cristo no decorrer da história, construindo a civilização e a sociedade cristã com os princípios e valores do evangelho, sagrados e perenes.

Desse modo, ao considerar toda essa realidade, devemos sem medo e ardorosamente levantar a voz para que o Brasil e o mundo escute a verdade de que nosso país é naturalmente e radicalmente católico e isso não será mudado, porque são nossas raízes e rezamos pela Igreja, amamos nossas famílias, guardamos a fé e a lei de Deus, nos enraizamos na tradição católica, amamos Nossa Senhora, adoramos a Eucaristia, cultivamos a vida espiritual, defendemos a doutrina e atacamos os erros, as heresias e os desvios que querem destruir nossos valores e princípios católicos. Ignorar a Campanha da Fraternidade e não contribuir com a mesma é um ato contra-revolucionário e começa por simplesmente não tomar conhecimento daquilo que não nos diz respeito, visto que, em nada colabora para a glória de Deus, o ensinamento e defesa da fé, a exaltação da Santa Igreja, o reinado social de Nosso Senhor Jesus Cristo, o triunfo do Imaculado Coração de Maria, a salvação e a santificação das almas.

Nossa Senhora, Rainha dos Apóstolos, rogai por nós e cuide da sua Igreja!

Pe. Fábio Fernandes
Pároco de N. S. das Angústias – SP