Prestem atenção como basta acontecer algum tipo de anomalia, seja no mercado financeiro, seja no meio militar, seja na própria natureza, e logo surgem os profetas do apocalipse vaticinando algum tipo de fim do mundo. Há pessoas que parecem viver apenas esperando que uma catástrofe aconteça e tudo o que exista seja destruído.
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Um tipo especial de cultores da desgraça são aqueles que mantém sonhos revolucionários, que esperam a destruição da sociedade, como ela está configurada atualmente, para que outra, existente na sua cabeça, surja. A ração que alimenta esse tipo de gente é a crise. Lenin ja dizia que a revolucao seria impossivel sem uma grande crise. Portanto, nao se assuste quando ouvir falar delas. Elas sempre existirao, porque sempre serao cultuadas pelos paladinos da destruição.
Nossa cultura, alimentada há mais de um século por essas ideias revolucionárias, ensinou-nos a esperar que, a qualquer momento, uma alteração drástica aconteça na sociedade. Aprendemos a enxergar, nos menores sinais, o fim de uma era. Aguardar por mudancas radicais tornou-se um cacoete mental do nosso tempo. Sendo assim, ocorrendo ou nao disturbios, havendo ou nao problemas, sempre ouviremos ressoar canções em louvor a calamidade.
Observe como as noticias do dia sempre dao conta de uma tribulacao forte o suficiente para abalar os fundamentos do pais, para destruir a vida de alguem ou para mudar completamente o nosso futuro. Perceba como pequenas adversidades excitam certos tipos de pessoas, que parecem realizar-se quando sentem o cheiro da calamidade.
Ainda assim, por mais que o fim de tudo seja entoado ininterruptamente, a vida continua e aquilo que parecia ser o apocalipse percebe-se que nao passou, no maximo, de um aborrecimento.
Por isso, nao deem atencao demais as crises. Desde que eu me conheço por gente elas existem. Não lembro de um ano sequer que elas não tenham sido cultuadas. No entanto, quase sempre, nao passaramm de reflexos de vozes que aprenderam que quanto pior as coisas parecerem estar, melhor para seus sonhos de transformar o mundo naquilo que lhes e mais conveniente.