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Fraude consumada pelo TSJ na Venezuela

Sem surpresa, a Suprema Corte de Justiça (TSJ) a serviço do chavismo consumou a fraude cometida em 28 de julho. Sua presidente, Caryslia Rodríguez, que foi recusada pelo ex-candidato presidencial Enrique Márquez por sua óbvia “ligação política” com o partido governista, emitiu uma decisão na quinta-feira com a qual “certifica” e “valida” os resultados da eleição presidencial anunciados pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), que dão Nicolás Maduro como vencedor sem totalização, sem atas e sem auditorias. Quase um mês antes do dia da eleição.

“Com base nos resultados obtidos no processo de revisão de especialistas, podemos concluir que os boletins emitidos pelo Conselho Nacional Eleitoral, relativos às eleições presidenciais de 2024, são suportados pelas folhas de apuração emitidas por cada uma das máquinas de votação implantadas no processo eleitoral e, da mesma forma, essas atas mantêm total coincidência com os registros das bases de dados dos centros nacionais de totalização”, leu o magistrado chavista citando a decisão do TSJ anteriormente descrita pela oposição como “ineficaz e nula”.

O TSJ não exige que a CNE publique atas ou totalizações

Mencionando alguns supostos “especialistas eleitorais, nacionais e internacionais, altamente qualificados e idôneos”, que nunca foram especificados, Caryslia Rodríguez destacou que esta decisão do TSJ “certifica de forma inquestionável o especialista em material eleitoral e valida esta câmara os resultados da eleição presidencial de 28 de julho de 2024, emitidos pelo Conselho Nacional Eleitoral, onde o cidadão Nicolás Maduro Moros foi eleito presidente da República Bolivariana da Venezuela para o período constitucional 2025 – 2031. É assim que é decidido.”

O TSJ de Maduro ratifica ao mundo o que os venezuelanos sabem há muito tempo:
1. Na Venezuela não há divisão de poderes, princípio fundamental de uma ditadura vulgar.
2. Um “governo” pode ser capaz de ratificar que vence “eleitoral e democraticamente” sem mostrar um… pic.twitter.com/pDYXtrGjiN

— Nicmer Evans (@NicmerEvans) 22 de agosto de 2024

O mais impressionante é que com esta decisão “exorta-se a CNE” a “publicar os resultados finais” no Diário Eleitoral, mas não exige a totalização tabela a tabela ou a divulgação das atas para que possam ser verificadas tanto pelos eleitores como por organizações internacionais imparciais. Em outras palavras, o TSJ, em vez de “validar” os resultados que dão a Maduro o vencedor sem provas, o que faz é liberar a CNE da responsabilidade de publicar as atas e a totalização discriminada, conforme exigido por lei e prometido por seu presidente, Elvis Amoroso, que ele faria após o anúncio do primeiro boletim.

“Nenhuma sentença substituirá a soberania popular”

Prevendo que o chavismo continuaria fugindo e não voltaria atrás com a consumação da fraude eleitoral no TSJ, Edmundo González, que seria o vencedor indiscutível da eleição de acordo com as atas publicadas pela oposição – as únicas que foram revisadas e verificadas pelos eleitores e organizações internacionais – disse que “nenhuma sentença substituirá a soberania popular”. em uma mensagem publicada em sua conta X acompanhada de um mapa com os resultados desagregados que o mostram como o vencedor da eleição em todos os estados, que não foi apresentado até o momento pelo CNE, nem pelo Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), nem pelo TSJ, que também não tem o poder de validar um processo eleitoral, como a oposição lembrou em um comunicado anterior publicado na quarta-feira.

Senhores do TSJ: Nenhuma sentença substituirá a soberania popular.

O país e o mundo conhecem sua parcialidade e, portanto, sua incapacidade de resolver o conflito; Sua decisão só vai agravar a crise.

Os venezuelanos não estão dispostos a abrir mão de nossa liberdade ou de nossa liberdade. pic.twitter.com/PX4Ezj8EWU

— Edmundo González (@EdmundoGU) 22 de agosto de 2024

Processo falho: falta de imparcialidade e falta de acesso a testemunhas

Da mesma forma, a Missão de Apuração de Fatos da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre a Venezuela também se manifestou minutos antes da divulgação da decisão do TSJ para alertar a comunidade internacional sobre “a falta de independência e imparcialidade de ambas as instituições”, em referência ao TSJ e ao CNE.

A Suprema Corte de Justiça de #Venezuela obrigada a auditar os resultados eleitorais anunciados pelo Conselho Nacional Eleitoral.

A Missão de Apuração de Fatos neste país alerta para a falta de independência e imparcialidade de ambas as instituições. pic.twitter.com/IzKRG9bVUq

— Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas (@UN_HRC) 22 de agosto de 2024

Além disso, o painel de especialistas da ONU alertou em seu relatório apresentado na semana passada que o mais alto tribunal não deu detalhes da metodologia para realizar a suposta avaliação que fez dos resultados, nem especificou quem eram os “especialistas” encarregados do “especialista”. E não se pode esquecer que essa “verificação”, que nada mais foi do que uma encenação com uma longa lista de detalhes que beiram o ridículo como observado pelas câmeras, foi realizada a portas fechadas e sem a presença de testemunhas dos partidos que participaram das eleições, conforme denunciado pelas organizações que indicaram Edmundo González. Mesa da Unidade Democrática (MUD), Un Nuevo Tiempo (UNT) e Movimento pela Venezuela (MPV).

De José Gregorio Martinez para o PanAm Post.

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