Palavras machucam. A algumas pessoas, machucam mais. Em algumas delas, existem manifestações, chamadas de “gatilhos emocionais”, que despertam sensações ruins, pois trazem à tona más experiências do passado que estavam guardadas em seus inconscientes.
O fato é que qualquer pessoa está potencialmente sujeita aos maus sentimentos provocados pelos gatilhos emocionais. O problema surge quando esses mesmos sentimentos se transformam em arma de censura.
Por exemplo: hoje em dia, muitas crianças crescem sem a figura paterna. A referência ao pai pode ser um gatilho para elas. Qual, então, a solução que os experts do comportamento humano propõem? Deixar de falar dos pais, inclusive de comemorar o Dia dos Pais.
O problema é que esse é um buraco sem fundo e qualquer referência a qualquer coisa pode se tornar um gatilho, dependendo do trauma que a pessoa carrega. Ela pode ter sido mordida por um cachorro e falar desse animal pode lhe trazer péssimos sentimentos. O que fazer, então: proibir falar sobre os bichanos?
O fato é que quando qualquer coisa é censurável pelo simples fato de ser um potencial gatilho, o sentimento mais íntimo de cada pessoa acaba se tornando uma arma de coerção. Para impedir uma manifestação, basta sacar a carta do gatilho e pronto: o outro está cerceado no seu, até aqui, direito natural.
Quando o sentimento pessoal se torna instrumento de censura, o que há é a promoção do vitimismo. Sentir pena de si mesmo, ter-se como uma vítima das situações do passado, transforma-se numa arma de poder.
Se o vitimismo torna-se vantajoso, cada vez mais gente passa a fazer uso dele, o que faz dele uma cultura. Quando isso acontece, a sociedade, como um todo, enfraquece, pois ela é o reflexo dos seus cidadãos.
Por isso, se queremos uma sociedade forte, o que deve ser estimulado nas pessoas não é o vitimismo, através do oferecimento de direitos especiais para os traumas pessoais, mas a superação desses traumas, através do incentivo ao sucesso pessoal, seja material, físico ou espiritual.
Os gatilhos, de fato, devem ser anulados, todavia, não pela sua proibição, mas simplesmente fazendo deles ineficazes.
Perfeito, vemos muitos se queixando para serem atendidos, fazem de suas ” dores” armas eternas para fazer exigências junto ao outro.