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Lepanto: uma batalha inacabada?

A batalha do dia 07 de Outubro de 1571 não caiu como um raio sobre a Grécia, mais especificamente sobre as águas do mar que banham a cidade de Lepanto, mas foi o cume de um processo que envolveu política, comércio e religião. Neste ano em que se completaram 450 anos desde aquela data, é necessário constatar a enorme magnitude da batalha, sem dúvida um dos maiores combates navais da história quanto ao número total de navios e de homens implicados. Uma derrota cristã teria aberto as portas do Ocidente aos turcos. Sem galés para proteção das terras europeias, as frotas otomanas ter-se-iam apoderado primeiro de Creta e em seguida do resto das possessões venezianas no Mar Adriático, para ocupar depois a própria Veneza, forçando-a a defender-se desesperadamente dentro de sua pequena laguna. Todas as ilhas importantes do Mediterrâneo ocidental – Malta, Sicília, as ilhas Baleares (grande arquipélago próximo à Espanha), entre outras – teriam caído uma a uma, presenteando às frotas otomanas valiosas bases a partir das quais poderia lançar ataques posteriores contra a terra firme.

A própria Itália, sem a proteção das esquadras espanholas de Nápoles e Sicília, teria caído mais tarde em mãos turcas. Assim, seria justo adjetivar a batalha de Lepanto como “historicamente irrelevante”? Em hipótese alguma! Seria um duro golpe para a cristandade saber que o Papa ter-se-ia visto obrigado a inclinar-se diante do sultão Suleiman, e talvez coroá-lo, como este pretendia, imperador do Ocidente, na Catedral de São Pedro, em Roma, admitindo assim seu direito legítimo de reinar sobre os quatro cantos do mundo . A vitória da Santa Liga (formada pela República de Veneza, Reino de Espanha, Cavaleiros de Malta e Estados Pontifícios sob o comando de João da Áustria) sobre o Império Otomano permitiu que a Europa continuasse sendo cristã, e, por desdobramento, também a América Latina. A batalha de Lepanto, porém, permaneceu inacabada, posto que o Império Turco não foi extinto .

Atualmente, uma presença muçulmana de tal maneira evidente e agressiva têm-se imposto à Europa, fazendo os europeus pensarem novamente no risco de uma invasão, desta vez cultural e religiosa.

Igrejas francesas estão cada vez mais sob ataque, com uma média de quase três por dia sendo alvos de vandalismo. Um relatório do Serviço Central de Inteligência Criminal (SCRC) da gendarmeria observou que de 2016 a 2018 houve milhares de casos de vandalismo a igrejas, atingindo o pico em 2017, com 1.045 casos. E, de acordo com o Ministério do Interior francês, se cemitérios e outros locais forem levados em consideração, o número de atos de vandalismo sobe para 1.063, apenas em 2018. No início de 2019, em uma mesma semana, a França viu doze igrejas vandalizadas .

Neste ano, na Alemanha, na cidade de Colônia, com a permissão da prefeita local, Henriette Reker, os moradores terão de conviver com o grito de ”Allahu Akbar”, pois as mesquitas da cidade sede da maior Arquidiocese alemã poderão fazer o chamado dos muezim (religioso islâmico que do alto dos minaretes das mesquitas chama os fiéis para a oração cinco vezes ao dia, fazendo a profissão de fé do Islã, que diz que Allah é o único Deus e que Maomé é seu profeta) entre as 12:00 e as 15:00, por cinco minutos. Já existem 120.000 muçulmanos e 35 mesquitas em Colônia. Reker saúda o projeto e diz que Colônia, como uma “cidade cosmopolita”, agora também protege os “legítimos interesses religiosos” dos muçulmanos .

Ora, “a cultura da Europa nasceu do encontro entre Jerusalém, Atenas e Roma, do encontro entre a fé no Deus de Israel, a razão filosófica dos Gregos e o pensamento jurídico de Roma. Este tríplice encontro forma a identidade íntima da Europa” . A mentalidade muçulmana é muito diferente, é fechada. “Existem duas maneiras fundamentais de fechar a mente. Uma é negar a capacidade da razão de conhecer qualquer coisa. A outra é descartar a realidade, declarando-a incognoscível. A razão não pode conhecer, ou não há nada para conhecer. Qualquer uma dessas abordagens basta para tornar a realidade irrelevante. No islã sunita, elementos das duas abordagens foram usados na escola asharita. Como consequência disso, abriu-se uma fissura entre a razão e a realidade do homem – e, mais importante, entre a razão do homem e Deus. A desconexão fatal entre o Criador e a mente de sua criatura é a origem dos mais profundos males do islã sunita. Essa bifurcação, localizada não no Corão, mas na teologia islâmica primitiva, leva em última instância ao fechamento da mente muçulmana” . Assim, não há um patrimônio civilizacional comum entre o Ocidente e o Islã, já que, para um muçulmano, geralmente “a filosofia é uma mentira” .

Inclusive, parece tarde demais para tentar encontrar formas de integração cultural com o Islã, pois a Europa está cometendo suicídio demográfico, sistematicamente se depopulando, o que o historiador britânico Niall Ferguson chama de a maior redução sustentada da população europeia desde a Peste Negra ocorrida no século XIV, como o escritor católico George Weigel observou poucos anos atrás .

E, ao que tudo indica, os muçulmanos da Europa estão sonhando em preencher esse vazio populacional. Calcula-se que em 20 anos o número de nascimentos de muçulmanos superará o de cristãos na Europa . O arcebispo de Estrasburgo, Luc Ravel, nomeado pelo Papa Francisco em fevereiro de 2017, declarou que “os muçulmanos devotos estão cansados de saber que a sua fertilidade é tal hoje, que eles a chamam de… a Grande Substituição. Eles afirmam de maneira tranquila e resoluta: ‘um dia, tudo isso, tudo isso, será nosso’…” .

Sendo assim, apoiar e fomentar a imigração muçulmana para a Europa, longe de trazer benefícios, só aceleraria o processo de extinção da identidade do Continente, trazendo como consequência inevitável o potencial desparecimento da fé cristã na região – ou, no mínimo, um forte incremento da perseguição e do martírio dos cristãos.

Tudo isso tem consequências geopolíticas imprevisíveis, não só para a Europa, mas também para o resto do mundo, já que a globalização interligou os Continentes em muitos aspectos. Após o nefasto apoio à imigração muçulmana por parte de vários líderes europeus e da Grande Mídia, eis que somos surpreendidos com o estrondoso fracasso do governo de Joe Biden e de sua equipe na retirada dos norte-americanos do Afeganistão , no final do último mês de Agosto, e agora este país volta a ser controlado pelo Talibã, que, bem armado e bem financiado – gozando da simpatia tanto da China quanto da Rússia –, quer impor em seu território a lei islâmica da Sharia . Estaríamos prestes a presenciar um “segundo ato” da batalha de Lepanto? Tendo em vista que o cristianismo hoje não é mais o amálgama do Continente europeu, a vitória tenderia fortemente para o lado muçulmano.

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