Na crônica de ontem falei sobre a “domquixotelização” dos progressistas, seres que muito leram fantasias ideológicas até o ponto de viverem delas, em completa loucura, combatendo gigantes que não passam de moinhos de vento.

Mas há um agravante, não basta que muitas dessas criaturas quixotescas sejam e ajam como loucas, eles precisam parecer loucas. E a ideia de ser e parecer não é nova. Quem nunca ouviu o adágio “a mulher de César não basta ser honesta, deve parecer honesta”?

Demócrito de Abdera, um filósofo pré-socrático da Grécia Antiga, dizia que ninguém poderia ser poeta sem ser louco ou estar possuído por alguma entidade divina. Resultado: muitos poetas passaram a deixar as unhas, cabelos e barbas crescerem, descuidadamente, a fim de parecerem loucos, para mostrarem que eram de fato poetas.

E há uma estética intrínseca em tais figuras quixotescas, de modo geral. É quase religioso. Assim como se pode reconhecer uma pessoa religiosa pela aparência e simbolismo que carregam, é muito possível reconhecer um progressista pelo estereótipo. É uma necessidade tal externalização do eu — e nem preciso explicar que há exceções e que trata-se de uma generalização.

Cabelo azul, afro, raspado nas laterais, figura do Che Guevara nas roupas ou pouca roupa, desenho da folha da maconha em acessórios, etc. Geralmente uma mudança sincera nos valores trará uma mudança exterior, no trato, sobretudo quando fomentado pela cultura de massa. As ideias têm consequências. Platão já dizia: “Não há mudanças na estética da música e da poesia sem mudanças nas leis mais importantes da cidade”. Eis a questão: toda essa mudança não é meramente comportamental, estética, refletirão em nossas leis futuras — e já agora —, nos costumes, nas instituições mais caras. Não basta que sejam loucos, eles querem e necessitam aparentar a loucura, e essa aparência toda nos diz algo: o futuro pode ser insalubre, uma insanidade completa.