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New Age e Globalismo

“Agora esse Deus está morto!
Vós, os homens superiores, foi esse Deus vosso maior perigo.
Somente depois de ele em seu túmulo jazer, vós sois ressuscitados.
Eis somente que chega o grande meio-dia,
eis somente que o homem superior torna-se — o senhor!
Vamos! Coragem! Vós, os homens superiores!
Pela primeira vez somente, a montanha emite o grito do parto,
pois ela dá à luz o futuro humano.
Deus está morto: agora desejamos nós, que viva o Super-homem!”
Nietzsche — Assim Falava Zaratustra

Percebe-se nas sociedades ocidentais dilaceradas pelo secularismo, apartadas de seus fundamentos e essência, uma insatisfação enorme quanto ao materialismo-cientificista. As pessoas, como não poderia ser diferente, estão em busca de um sentido diante de tanto vazio. Aqueles que acreditaram piamente que poderiam superar sua condição contingente através da pura e simples matematização da vida, retornam, mais uma vez, ao ponto de partida: não é possível viver apenas dos aspectos materiais. O tecnicismo da vida social tornou-se insuportável!

Entretanto, como também não poderia ser diferente, torna-se utópico acreditar que poderia viver apenas de espírito, como se fosse um ser pneumático. Na contemporaneidade da vida massificante, querem gozar das delícias das tecnologias avançadas, das facilidades confortáveis adquiridas pelas ciências modernas e pelas inúmeras promessas da prosperidade global.

Nesta tensão, aparece a necessidade de conciliar tudo aquilo que o Cristianismo o fizera enquanto reinava nas sociedades temporais: corpo e alma. Contudo, esta conciliação, na pós-modernidade, se dá de uma maneira dualista e biônica. Pois não há mais a concepção escatológica cristã, da eternidade, mas um desfecho imanentista e terreno. Seguindo disto, temos um renovou da visão helenística do cosmos e da existência, como de fato acontece com o monismo existente na “nova” ciência mesclada com o espiritualismo New Age.

A espiritualidade New Age apresenta-se como um sentimentalismo puro e simples, uma espiritualidade nova que trará um mundo de paz, sem dogmatismos. Não é mais Nosso Senhor Jesus Cristo o cume da Revelação, sua Vida, Paixão, Morte e Ressurreição, mas o despertar o nosso cristo-interior mediante meras práticas pseudo-espirituais.

Por isso requer-se que entendamos quem são os gurus mais importantes, os precursores do grande esquema material-espiritual do pós-modernismo e em como suas quimeras tornaram-se estratégias de uma meta real a ser alcançada nos próximos anos.

Cui Bono? Quem são e o que querem destruir?

Os precursores da New Age

MADAME BLAVATSKY

Nasceu em 1831 – 1891, na Ucrânia. Foi profundamente influenciada, desde à infância, pelo ocultismo e pela Maçonaria. Estudou a biblioteca inteira de ocultismo de seu bisavô materno, o Príncipe Pavel Dolgorukii. Mais tarde, em suas viagens pela Europa (principalmente à França), América e Ásia, impressionava a todos pelo seu conhecimento da maçonaria rosacruziana. Tinha como esperança o retorno da Maçonaria aos Grandes Mistérios esotéricos.

Teve contato, por conta de suas crenças espiritualistas e ocultas, às drogas, como o haxixe. Acreditava que havia uma ligação direta entre as duas coisas.

Em NY, em 1875, fundava a Sociedade Teosófica. Suas principais obras foram “Ísis sem véu e A Doutrina Secreta”.

ALICE BAILEY E FOSTER BAILEY

Alice nasceu em 1880-1949, na Inglaterra. Tinha origem protestante. Apesar da origem cristã, nos anos 20, ingressou no Ocultismo. Ao conhecer Foster Bailey, consumou seu segundo casamento em 1921. Foster era secretário nacional da Sociedade Teosófica de Blavatsky. Fundaram algumas escolas ocultistas, tais como: Lucifer Publishing Company, em 1922. A Escola Arcana em 1923, e a Boa Vontade Mundial em 1932.

Foster Bailey era maçom de 32 grau. Sua principal obra foi The Spirit of Masonry, onde postula a defesa da religião mundial universal.

PIERRE TEILHARD DE CHARDIN, S.J.

O famigerado jesuíta que nasceu em 1881-1955, na França. Tinha uma concepção evolucionista da teologia católica. Embora tenha repudiado a Teosofia, seus escritos ajudaram em demasia às concepções evolucionistas da espiritualidade da New Age.

SEITA RAJNEESH (Osho)

(1931-1990), na Índia. Sua concepção pregava que o mundo material e o espiritual não eram excludentes, era um ocultista-monista.

FRITJOF CAPRA

Nasceu em 1939, na Áustria. Principais obras: O Tao da Física e o Ponto de Mutação.

Defende a ruína da sociedade ocidental para o advento de uma era pós-cristã, a New Age. Trata-se de um sincretista. Para ele, a Igreja é a vilã responsável por alienar o mundo ocidental das visões holísticas místicas que são capazes de libertar o homem unindo a ciência com a religião. Segue, ainda, o velho discurso de que a Idade Média foi um período de ignorância graças à perversa defesa pela Igreja do modelo aristotélico. Segunda ele, essa influência maléfica só começou a terminar no Iluminismo, quando a humanidade se libertou de Aristóteles e da Igreja.

Dos Fundamentos da New Age

O naturalismo espiritualista da Nova Era caracteriza-se por uma concepção segundo a qual “Tudo está em tudo reciprocamente”. O conhecimento seria uma espécie de experiência mística de identificação, que não pode ser demonstrado através dos discursos potenciais da Lógica clássica, mas “sentido” numa espécie de esvaziamento da ilusão. Esse “esvaziamento” do ser pode ser alcançado através de uma iniciação às drogas alucinógenas que oferecem a via mais direta condutora à experiência da “Iluminação” e “Identificação”.

Timothy Leary, o “profeta do LSD” diz:

“Seu corpo é o universo. A antiga sabedoria dos gnósticos, dos sufis, dos gurus tântricos, dos iogues, dos xamãs, dos alquimistas. Aquilo que está no exterior está no interior. Seu corpo é o espelho do macrocosmo. O reino dos céus está em você. As grandes filosofias psicodélicas do Oriente – o tantrismo, a ioga da kundalini, veem no corpo humano o templo sagrado, o germe central, o altar das proposições perfeitas consagrado a toda a criação”.

David Spangler, pensador influente da Nova Era, diz:

“Reconhecer que Deus, em seu holismo, é a única realidade verdadeira é a chave essencial de toda manifestação. Cada elemento do universo está direto ou indiretamente ligado ao conjunto, e nenhum obstáculo, nenhuma limitação de tempo, de espaço ou de circunstância podem bloquear o fluxo apropriado de energia entre as diversas afinidades do Todo. Deus é tudo que existe. Nele nada falta. Ele é a Realidade.”

Para os precursores da New Age, pertencentes às seitas ocultistas-orientais, a História humana seria interpretada através de ciclos. René Guénon em seu livro “A Crise do Mundo Moderno” afirma que a humanidade está em seu último ciclo, “Kali-Yuga (Idade da Escuridão)”, que paira a 6.000 anos e que deve ser superada. Os adeptos da New Age — como não era o caso de Guénon (que apenas fundamentou muito das ideias, mas que de fato era um grande crítico da própria New Age) – adotam essa visão através de uma sistematização da aceleração da queda deste ciclo histórico num “evolucionismo do espírito”. Isto é, a alma humana deveria passar por diversas evoluções, seja por reencarnações ou por uma adesão ao ocultismo, para acelerar à superação de Kali-Yuga. Outros adeptos defenderão a ideia de que apenas através de uma revolução política abrupta isto seria possível, ou seja, da destruição brotaria uma nova ordem mundial de paz e prosperidade. Na visão mística, brotaria, com efeito, a identificação entre sujeito e divindades.

Como citado anteriormente, há um renovou da filosofia monista do período helênico. Esta filosofia defende que há uma identificação entre ser, existência e essência – o Panteísmo. Não distinguindo o Ente por Essência (que é Deus mesmo) do ente por participação (criaturas), temos a concepção emanacionista, defendida pela New Age¹.

Naturalmente que, para defender essa identificação entre criaturas emanadas pela divindade, é preciso defender, por conseguinte, que existe o Um emanador e que, deste Um, há uma única Tradição esotérica e que as religiões seriam espécies “exoterizadas”, meras manifestações públicas oriundas de arranjos humanos que as criaram para compreender erroneamente sua existência. Podemos perceber essa horrenda interpretação nos escritos de materialistas e comunistas como o adversário intelectual – mas colega – de Karl Marx: o sr. Ludwig Fuerbach, que dizia que o homem, em suas ilusões, criou a Deus para se autoconhecer.

Crê-se, diante do empreendimento monista, que Deus seria uma espécie de energia pura, que seria causa de todo mundo físico e que também seria a causa de todo o nosso obrar sobre o mundo. Ou seja, uma identificação entre as nossas potências cerebrais com o fluxo energético do mundo e também da divindade diluída.

Alice Bailey explica:

“O que o cientista chama de energia, a pessoa religiosa chama de Deus e, entretanto, os deuses constituem apenas um, não sendo o desígnio manifestado, na matéria física, de uma grande identidade extrassistêmica. A natureza é a aparência do corpo físico do Logos, e as leis da natureza são as leis que regem os processos naturais desse corpo. A vida de Deus, sua energia, sua vitalidade, encontrando-se em cada átomo manifesto; sua essência habita em todas as formas.”

Madame Blavatsky defende que a nossa deidade não está num paraíso, na vida eterna, mas em todos os lugares do Cosmos. A divindade evolui conquanto nós evoluímos. Reconhece-se em nós e nós na divindade imanente. É um desdobrar-se espaço-temporal.

Reparemos que muitas das concepções esotéricas e ocultistas da New Age são tentativas chulas, falhas, absurdas de se reinterpretar às Verdades da Fé do Cristianismo de uma maneira biônica, monista e mística. O Verbo divino é reduzido a uma vibração física; o sobrenatural é identificado com os níveis mais sutis, ocultos, da natureza criada. O que chamamos de “graça divina” seria apenas a energia sob uma forma sutil, oculta, que se furta às investigações científicas, porém é acessível aos iniciados que têm acesso aos mundos paralelos.

Diz Baird Thomas Spalding:

“O ser humano está incluído na totalidade de Deus; é formado da própria essência da natureza de Deus. Ele não necessita atingir Deus; ele é Deus. Deus e o ser humano são inseparáveis. O ser humano deve lembrar-se de que é Deus e de que, portanto, não existe separação entre o individual e o universal; de que ele é parte integrante do Todo e de que sua natureza é idêntica à totalidade.”

Não há mais a promessa da vida eterna, do conhecimento de Deus por essência através da salvação da alma, mas o contato imediato com a Divindade no aqui-agora. Não há mais o caminho da ascese através da justiça, da contemplação da verdade através da educação racional. Não se é necessário o sacrifício, assim como o fez Nosso Senhor, mas um caminho único e direto através da diluição da individualidade no Todo. O Sujeito, portanto, torna-se pneumático. Não há pecados, não há fraquezas, mas meros estados ilusórios.

A concepção monista e mística da New Age, como não poderia ser diferente, descamba no antropoteísmo – a religião do homem.

Entretanto, como nos relata as Sagradas Escrituras e toda a História Sagrada, não falamos de uma Tradição Primordial, mas de duas tradições: dos Filhos da Mulher e dos Filhos da Serpente. Os primeiros peregrinam neste mundo em busca da salvação de suas almas, através da entrega à Graça Santificante, pela ascese, pelo arrependimento de seus pecados, pela santificação e pela Redenção após tantas ambiguidades da existência. Os segundos seguem entregam-se completamente à língua bifurcada da Serpente, que levou aos nossos primeiros pais – através do orgulho e da soberba – o Pecado Original.

São Bernardo de Claraval em seu Tratado do Amor de Deus, diz:

“Do mesmo modo que a gotícula de água vertida numa grande quantidade de vinho parece não mais existir, tomando o gosto do vinho e sua cor; e do mesmo modo que o ferro em brasa é perfeitamente semelhante ao fogo, tendo se despojado de sua forma primeira e própria; e do mesmo modo que o ar atravessado pela luz solar reveste o próprio brilho da luz, a ponto de parecer não só iluminado, mas a própria luz, assim será necessário que nos santos o sentimento humano se funda, de uma certa maneira que não é possível dizer, inteiramente na vontade de Deus.

De outro modo, como Deus seria ‘tudo em todos’ se alguma coisa do ser humano permanecesse no ser humano? Sua substância, certamente, permanecerá, mas em outra forma, outra glória, uma outra potência”.

E diz Santo Irineu de Lyon no Adversus Haeresis (Contra as Heresias):

“É Deus o único, que fez e harmonizou todas as coisas pelo Verbo e pela Sabedoria. E é seu Verbo, Nosso Senhor Jesus Cristo, que, nos derradeiros tempos, se fez homem entre os homens, para reatar o fim ao princípio, isto é, o ser humano a Deus”.

O plano de ação determinado da New Age (Os Diálogos Interreligiosos)

O movimento inter-religioso global teve o início com o Parlamento das Religiões do Mundo, em 1893. A intenção era ruir o protestantismo anglo-saxão dos EUA para uma sociedade multirreligiosa.

O movimento, contudo, contava com líderes das próprias seitas protestantes que tinham uma visão completamente neopagã de mundo, do avanço indefinido também das religiões a um propósito global em comum: a paz terrena.

A Sociedade Teosófica, causa eficiente do movimento, obteve grande protagonismo no plano.

Grupos de milhares de pessoas de cuja religiosa oriental embasavam os encontros do Parlamento: hindus, budistas, teosofistas, islâmicos, etc.

No livro, “Theosophysme”, René Guenon dizia na pg. 155:

“Os teosofistas pareceram muito contentes com a excelente ocasião para fazer propaganda que lhes foi oferecida em Chicago, e até chegaram ao ponto de proclamar que o verdadeiro Parlamento das Religiões, foi, na verdade, o Congresso Teosófico.”

Os Congressos e Parlamentos criados, desde então, caminham para a criação da United Religions Initiative, a URI, que se consolidou nos anos 2000. Um movimento organizado, com diretrizes de ação bem delineadas e com o plano de ruir o cristianismo ocidental de dentro para fora, seduzindo clérigos e leigos no intento.

É preciso discernir entre os traidores e militantes da apostasia institucionalizada e à verdadeira Doutrina da Igreja, que guarda com sabedoria o depósito das verdades da fé. Crê na caridade, mas com verdade. Não um ecumenismo relativista que iguala a Jesus Cristo a qualquer profeta ou sábio temporal.

Os Diálogos Inter-religiosos encontraram terreno fértil na mescla entre política e religiões. Seus braços armados são à UE, ONU, Fundações internacionais, ONGs financiadas, parte considerável da Teologia da Libertação, do Conselho Mundial das Igrejas, etc.

O LADO OBSCURO DAS SEITAS PAGÃS

Ao midiatizarem os escândalos de pedofilia do Clero católico, escondem por debaixo de um tapete vermelho toda sujeira de suas seitas e dos abusos cometidos. A pessoa que quiser pesquisar com maior profundidade, terá de procurar arduamente bibliografias, notícias e casos para inteirar-se. Pois a máquina propagandística global ajuda a esconder os casos de abuso das grandes seitas – até mesmo da ONU – com uma cara-de-pau formidável.

A capa de tolerância religiosa, democracia, fraternidade universal dos povos, etc., esconde o profundo satanismo das seitas ocultistas e seu plano de dominação global.

1. Ver meu artigo sobre o Ocultismo da modernidade política;

2. Indicação de leitura: Lee Penn – Falsa Aurora

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