A China colocou em órbita os primeiros 10 satélites de sua constelação GuoWang, um ambicioso projeto de 13.000 satélites que competirá diretamente com a rede global de Internet de Elon Musk. Esse confronto tecnológico faz parte da rivalidade geopolítica entre Pequim e os Estados Unidos, exacerbada pela participação do empresário no próximo governo de Donald Trump.

Os primeiros 10 satélites da iniciativa GuoWang, de 13.000 satélites, estão agora na órbita baixa da Terra depois que a China concluiu seu lançamento a bordo de um foguete Longa Marcha-5B do porto espacial de Wenchang, no sul da China. Esse projeto – que se traduz como “Rede Nacional” – está se moldando para ser um concorrente da constelação da Starlink, o provedor de Internet de propriedade de Elon Musk.

A rivalidade pode ser acirrada entre a China e o empresário, considerando também que ele fará parte do segundo governo de Donald Trump a partir do Departamento de Eficiência Governamental (DOGE), para reestruturar as agências federais dos Estados Unidos. O plano do regime comunista é criar uma rede de satélites para fornecer internet banda larga para todo o mundo, o mesmo objetivo do CEO da SpaceX.

Conheça a nova obra de Paulo Henrique Araújo:Foro de São Paulo e a Pátria Grande, prefaciada pelo Ex-chanceler Ernesto Araújo. Compreenda como a criação, atuação e evolução do Foro de São Paulo tem impulsionado a ideia revolucionária da Pátria Grande, o projeto de um bloco geopolítico que visa a unificação da América Latina.

Até o momento, a Starlink tem 6.764 satélites em órbita, a maioria deles a uma altitude de cerca de 550 quilômetros, e com autorizações para lançar até 12.000 satélites. Não há nada que impeça a China de igualar esse número em pouco tempo, considerando as ambições de Pequim de ultrapassar os EUA em todos os aspectos: econômico, político e tecnológico. Essa também não é a primeira vez que há atrito entre a China e a empresa de Elon Musk. Em 2021, o regime comunista de Xi Jinping reclamou com os Estados Unidos porque o país descreveu os satélites Starlink como uma “ameaça”, pois eles poderiam supostamente colidir com a estação espacial Tiangong. Em outras palavras, o problema foi transferido para a arena diplomática.

O interesse estratégico da China com os seus satélites

O Guowang e seus quase 13.000 satélites são um projeto apoiado diretamente pelo regime chinês por meio da empresa estatal China Satellite Network Group Corporation. Entretanto, não é o único. No total, Pequim planeja lançar mais de 25.000 satélites no espaço a longo prazo, pois há outra “megaconstelação” chamada Qianfen para colocar em órbita entre 12.000 e 15.000 satélites. A diferença é que essa última “não é controlada diretamente pelo governo de Pequim, embora tenha o apoio do governo de Xangai e da Academia Chinesa de Ciências”, informa o site Eureka.

O que essas iniciativas sugerem é que uma nova corrida pode começar no espaço, como se não bastasse o fato de o gigante asiático estar tentando expandir seu império comunista construindo casas na Lua ou enviando micro-organismos em busca de vida em Marte.

Voltando ao portal mencionado acima, a declaração de que a viabilidade comercial do Guowang é atualmente de pouca importância porque “a China quer ter uma megaconstelação de satélites de comunicação por simples interesse estratégico”, levanta suspeitas. É sabido que o regime de Xi Jinping controla as informações on-line não apenas dentro do país, impedindo a circulação de conteúdo contra a liderança política, mas também o aplica em países aliados, como Cuba, onde em 2021 ajudou a silenciar publicações sobre os protestos que cobriram toda a ilha. Isso foi possível porque a estatal Empresa de Telecomunicaciones de Cuba SA (ETECSA) tem como únicos fornecedores as empresas chinesas Huawei, TP-Link e ZTE.