Você já reparou que de uns tempos para cá a expressão “politicamente correto” acabou saindo um pouco da moda?
Na verdade, o politicamente correto foi uma abertura para o que chamamos hoje de Cultura Woke. Nos tempos do politicamente correto, o que se percebeu mais foi a tentativa de se impor algumas “correções” no comportamento das pessoas. Era o momento em que surgiam novidades como afirmar que palavras como “criado-mudo” ou “denegrir” deviam ser evitadas, pois apontavam para um forma de preconceito racial. Apesar do debate e da incerteza da origem etimológica que pudesse embasar tais afirmações, na dúvida, muitas pessoas até acataram as sugestões. Afinal, ninguém queria parecer preconceituoso, mesmo não sendo!
Mas o tempo mostrou que o politicamente correto foi apenas um momento de passagem, e que, para os formuladores das teorias que envolvem muitas das noções de preconceito, apenas não agir de maneira preconceituosa não era mais suficiente. Mais que isso, do politicamente correto ao “wokeísmo” houve não só a radicalização da visão das teorias, mas a sua ampliação em termos de abrangência. Ou seja, ser “woke” deixou de ser algo relacionado exclusivamente às questões de raça e passou a englobar diversos outros temas, indo desde o feminismo, até o transgenerismo e até mesmo questões ligadas ao padrão estético humano, associado à obesidade.
Em um estalar de dedos uma série de regras sociais foram rasgadas e outras tantas criadas. “Pronomes preferidos” passaram a ser exigidos no tratamento e, caso tais exigências não fossem atendidas, ocorreria o que passou a se chamar de “micro agressão”. Palavras, então, passaram a ser consideradas uma forma de violência e muitos começaram a se surpreender quando esse conceito foi institucionalizado, gerando punições reais no campo jurídico.
Paralelamente, as redes sociais explodiram e dois dos seus efeitos colaterais nas relações sociais serviram como pólvora para expandir essa cultura: a necessidade de pertencimento e a necessidade de sinalização de virtude, sendo a segunda, a maior causadora da radicalização de posições. Não bastava mais militar em torno das causas “woke”, mas passou a ser fundamental perseguir e “cancelar” todos aqueles que não a seguissem. Cancelar, em um sentido ampliado, passou a envolver a destruição de reputação e do meio de vida dos “dissidentes”.
Todo esse movimento teve amplo apoio da mídia, em geral. Empresas de jornalismo passaram a apresentar notícias recorrentes com tais temas. A indústria de entretenimento, incluindo a de games, passou a “lacrar”, ou seja, reforçar a cultura woke para o seu público. Nas redes sociais, influenciadores aproveitaram a carona do momento para aumentar sua rede de influência e acompanharam o movimento. Até mesmo podcasts que tratam de assuntos tão distantes desse tema, como ciências e cinema embarcaram na onda, parte deles para ampliar seu público, parte deles para não serem cancelados.
É então que o cidadão comum começou a perceber as mudanças de maneira no seu cotidiano. Seus heróis em filmes haviam sido substituídos. Indiana Jones, em sua versão final, não passou de um velho inseguro, sob a sombra de sua “afilhada” empoderada. Os Caça Fantasmas passaram a ser As Caça Fantasmas. Os esportes passaram a ser influenciados, seja com jogadores se ajoelhando para o Black Lives Matter, seja com a entrada de atletas trans nas competições femininas.
Lacrar deixou de ser um comportamento de militância, para ser um comportamento padrão. Comerciais de TV, novelas e até mesmo games, tudo passou a ser “lacrado”.
Mas, nem tudo está perdido. Apesar de imersos na Cultura Woke, passamos a ver dissidentes de peso, como Jordan Peterson ganhar espaço e o gosto do público. Peterson, por exemplo, iniciou sua cruzada quando foi punido na universidade em que atuava, no Canadá, por não aceitar ser obrigado a usar pronomes. Vivek Ramaswami, que concorreu nas primárias Republicanas e hoje é um ardoroso apoiador de Trump, tem como sua principal obra um livro que trata exatamente sobre o tema, um best seller.
A expansão da cultura woke parece ter chegado ao seu máximo. Uma parte substancial das pessoas não aceitam as novas regras impostas e não serão convertidas a essa religião não-deísta. Excesso de quebra regras tradicionais e passou da conta e muitos não querem mais estar imersos nesse ambiente sintético, regido por comportamentos criados em “teorias” acadêmicas e formatados no pseudo-cientificismo.
A pergunta que se faz, então, é: a Cultura Woke e a lacração têm prazo de validade? A sensação que se tem é que sim, pois a sinalização de virtude se tornou de tal forma radicalizada que membros do culto passaram a perseguir outros membros do culto não suficientemente radicalizados. O “wokeísmo” pode estar se encaminhando para a autodestruição.
Mas é certo que não podemos ficar sentados, esperando que isso ocorra um dia e que, antes disso, a sociedade que conhecemos seja destruída em seus valores básicos. É possível combater nessa Guerra Cultural… na verdade, é fundamental combater. Sobretudo em favor das novas gerações, expostas a toda forma de distorção de valores, com a experiência histórica sendo desprezada. Jovens estão sendo enganados, imaginando que podem recriar a civilização ocidental a partir de pontos de vista próprios que, em verdade, vêm sendo incutidos em suas cabeças.
Pensando nisso é que decidimos criar o livro “O Que é a Cultura Woke e Como Combatê-la”, que funciona como um manual de operações, para combater a Cultura do wokeismo de maneira bastante prática, sem a necessidade de “militar” sobre o assunto de maneira constante.
As pessoas são ocupadas demais no seu dia a dia para se tornarem militantes, mas elas podem tomar uma série de ações, aprenderem argumentos para defender o seu espaço social e as novas gerações. Para isso é necessário entender de onde vem esse movimento e quem trabalha para propagá-lo. Mais que isso, qual o perfil mais provável de pessoas que podem ser “bloqueadas” dessa influência.
Como disse, não dá para ficar sentado esperando o mundo caminhar para o lado errado sem nenhuma contrapartida nossa. o ponto importante é que dá para bloquear esses avanços até sem muita dificuldade. Mas para que isso seja possível todos nós temos a obrigação de dar o primeiro passo em favor da nossa e das próximas gerações.
Artigo escrito por Tom Sarti.