Evo Morales caiu em desespero, pelo menos é o que parece, depois que a Secretária de Gênero da Prefeitura de Cochabamba, Tatiana Herrera, revelou que há cinco novas denúncias contra ele pela transferência de cinco menores sem o consentimento dos pais, de Cochabamba a La Paz, com a participação de sindicalistas do Chapare como intermediários.
O número de denúncias de tráfico de pessoas contra o ex-presidente boliviano Evo Morales cresce na mesma medida em que o líder cocaleiro resiste a enfrentar a justiça. Nas últimas horas, a lista de reclamações aumentou de três para oito. A este panorama soma-se o fato de o ex-presidente não só estar foragido, mas também numa suposta greve de fome de três dias. Com esta última tática pretende promover a instalação de uma “mesa de diálogo” com o governo de Luis Arce.
Morales entrou em desespero, pelo menos é o que parece, depois que a Secretária de Gênero da Prefeitura de Cochabamba, Tatiana Herrera, revelou que há cinco novas denúncias contra ele pela transferência de cinco menores sem o consentimento de seus pais desde Cochabamba para La Paz, com a participação de sindicalistas do Chapare como intermediários.
Estas novas denúncias contra Morales se somam ao caso que a Promotoria de Tarija iniciou em 26 de setembro pelo suposto relacionamento de Morales com a jovem CVP quando ela “tinha 15 anos” e com quem, além disso, teria um filho. Segundo a promotora responsável, Sandra Gutiérrez, existem “provas materiais” que sustentam o caso, às quais se somaram duas denúncias de abuso sexual apresentadas por dois ex-funcionários da limpeza do Palácio do Governo, que afirmam ter sido agredidos por Morales enquanto cumpriam suas funções nas instalações do Executivo boliviano.
Com alta pressão
A pressão dos problemas jurídicos levou Morales a anunciar que suspenderá a ingestão de alimentos. Embora concentre o seu discurso em garantir que a medida seja apenas “um ato de protesto contra a coerção e a má gestão” de Arce, a luta pelo controle do partido governista para as eleições de 2025 é a verdadeira motivação da medida estratégica.
Não há dúvidas, especialmente quando Morales grita que qualquer negociação com a administração Arce deve ser desenvolvida em duas mesas: uma política e outra econômica. Para isso, exige ainda a libertação dos 20 manifestantes semelhantes a ele detidos pelo bloqueio da estrada e de outro grupo de líderes que enfrentam processos judiciais pela recente marcha de Caracollo a La Paz.
Em todos os documentos citados, o ex-presidente elogia Arce como “terrorista” por prender 66 de seus seguidores que mantinham o bloqueio de rotas terrestres.
Do lado do Executivo, a vontade de sentar-se é limitada, como deixou claro a ministra da Presidência, María Nela Prada, que em comunicado divulgou que prevalece no governo a vontade de discutir assuntos relacionados com o governo, mas a resposta “Sempre esteve condicionada a questões como a candidatura de Evo Morales e a liberação de seus processos judiciais, questões que não nos correspondem”.
Radicalização para evitar justiça
Radicalizar o conflito com o governo Arce é o caminho que Evo Morales toma. O Itamaraty informou que seus apoiadores fizeram reféns 200 soldados de três unidades militares na área de Chapare.
Em comunicado, o Ministério das Relações Exteriores afirmou que os manifestantes se apropriaram de “armas de guerra e munições que estavam dentro dos complexos militares”. Enquanto isso, o mapa da Administração Rodoviária Boliviana mostra que existem 14 pontos de bloqueio instalados em Cochabamba e dois em Santa Cruz.
O caos parece não acabar tão cedo. Menos quando Morales admite que possui duas espingardas no Registro de Armas de Fogo e Munições de Uso Civil (Reafuc) e um revólver.
A este respeito, garante que uma das espingardas lhe foi enviada pelo Ministro do Governo, Eduardo del Castillo. Embora esta autoridade não tenha feito nenhuma declaração sobre o assunto, culpa Morales por organizar uma “agenda de desestabilização” no país.
Ao mesmo tempo, a justiça argentina também centra a sua atenção no líder da coca, depois de o ex-ministro da oposição e empresário boliviano Branko Marinkovic ter pedido ao governo de Javier Milei que investigasse o ex-presidente boliviano por possíveis casos de tráfico e abusos na Argentina.