A origem do problema e do tema
“Parece coisa incrível e impossível, que um cego não conheça que é cego. Mas como já temos visto que a muitos cegos desta espécie, resta saber a causa de tão estranha e tão cega cegueira.” — Padre Antônio Vieira — Sermão da Quinta Quarta da Quaresma (pregado em 1669 em Lisboa)
“The issue is never the issue. The issue is always the revolution” é uma dessas frases cativantes, aonde o pensador Jason Benham define o cerne do movimento capitaneado pelo ativista Saul Alinsky (mestre da elite esquerdista do partido Democrata dos EUA). ´ O assunto nunca é o assunto. O assunto é sempre a revolução´ é um resumo preciso da mente revolucionária, que arregimenta tudo, inclusive virtudes cívicas e morais, para a causa final da sua revolução. Aí incluindo suas diversas variantes, iluministas, positivistas, marxistas, fascistas, nazistas, etc etc que, apesar das pautas e demandas encontram uma constante na captura do poder político em nome de um modelo ideal de sociedade futura. No cerne da questão, na base da crença desses movimentos revolucionários está a fé que seus gurus, líderes, matemáticos, filósofos, economistas, intelectuais e messias decodificaram o próprio saber supremo, decodificaram o ´Logos Divino´, recodificaram-no como um ´logos humano´ em seus livros, manuais, etc um mundo como abstração. No caso brasileiro já vivemos na busca de tal mundo, o lema ´o país do futuro´ (que vêm sendo declamado com orgulho a pelo menos cem anos) parece entalhado no imaginário coletivo de uma sociedade que sofre de amnésia histórica aguda e de um apego às soluções jurídico messiânicas sempre a depender de um ´esperado´.
Em uma sociedade assim não é de se estranhar que a destruição flagrante do patrimônio histórico arquitetônico por negligencia, como foi o caso de um dos maiores acervos do Brasil, o Museu Nacional em 2018 gere muito menos comoção e simpatia do que, por exemplo, uma possível floresta tropical sendo ´queimada´ no interior de Roraima. A falta de critério, de senso de proporções torna o Brasil, e especificamente a universidade brasileira, um campo fértil para adoção de certas tendencias vindas, geralmente, de fora e que trazem consigo, muitas vezes, se não a certeza de mudar o mundo, pelo menos a certeza de ter uma boa bolsa de estudos financiada por algum Instituto, fundação, gestora de ativos, etc além do fato crucial de que às circunstâncias majoritárias da sociedade letrada brasileira é o ambiente urbano. Parafraseando a famosa expressão de Ortega y Gasset, de que ´eu sou eu e minhas circunstâncias´, o ambiente planejado que, em geral, delimita a vida do brasileiro, com exceção talvez por uma fuga por ano para a praia, fazenda, montanha, etc repercute psicologicamente em um senso de dever, até mesmo pela profundidade do desconhecimento, de salvar o ´ecossistema´. Diferentemente do ambiente urbano contemporâneo do Brasil, com os seus monumentos cívicos e praças transformados em banheiros para uma população de rua que só cresce, conjuntos arquitetônicos públicos abandonados ao sabor do tempo, arquivos e bibliotecas sendo cancelados por humidade e traças; a ´natureza´ é algo abstrato e remoto e que traz consigo a ideia da responsabilidade por uma causa nobre e imparcial , ao mesmo tempo a distância e o desconhecimento que diluem a possibilidade de atuação prática e que acabam por serem preenchidas pela construção de uma narrativa ecológica eminentemente urbana e propositalmente ambivalente, sugerindo a cada nicho um caminho, uma solução.
A palavra ecologia foi cunhada pelo pensador positivista alemão Ernst Haeckel (1834-1919) em 1873, adotando a terminologia grega de Oikos (casa, espaço em que se habita) , ´para denominar um ramo da biologia que lida com a inter-relação entre organismos e ambiente.´[1]De lá para cá a palavra passou de substantivo científico para adjetivo político, deixando para trás os preceitos e métodos da estrita observação acadêmica e invadindo o campo do embate social com a força da autoridade da ´cátedra´. Um fato objetivo que é hoje aceito nas democracias ocidentais como um argumento legítimo e suficiente para embasar, de forma jurídica e partidária, mais e mais intervenções humanas através de políticas públicas e regulamentações diversas que, no caso específico do Brasil, restringem a viabilidade do uso da terra para produção de alimentos e insumos tornando o agro negócio cada vez menos atraente para o pequeno e médio investidor. Abrindo com isso às grandes corporações (que tem recurso para financiar pesquisas, laudos, carimbos e almas) a possibilidade do monopólio, do controle da produção e distribuição de alimentos. Os termos ´ecológico´ ( que incluem também em seus subgrupos sustentabilidade, redução de emissões de Co2, etc) juntamente com ´diversidade´ e ´democracia´, são por si uma espécie de credo da nova ordem de valores de ocidental, progressista e pagã; algo como o equivalente contemporâneo para o lema Liberdade, Igualdade e fraternidade que foi vendido na Revolução Francesa, ou o ´Paz, Terra, pão, Liberdade e Trabalho´ , usado tão habilmente por Lénin para a tomada do poder em 1917 , tais conceitos abstratos, que vão resultar em mudanças político sociais, historicamente nunca foram adquiridos pelas vias de mudanças revolucionárias, mas, por meio de regimes conservadores que reúnem em menor ou maior grau os atributos civilizacionais filosofia grega, direito romano e fé cristã.
O monopólio político do tema – a língua dúbia
“eram tais os seus olhos que não viam a coisa às direitas, senão às avessas: não viam a coisa como eram, senão como não eram. Viam os olhos milagrosos, e diziam que era engano: viam a virtude sobrenatural, e diziam que é pecado: viam uma obra que só podia ser do braço de Deus, e diziam que não era de Deus, senão contra Deus: Non est hic home a Deo.” — Padre Antônio Vieira — Sermão da Quinta Quarta da Quaresma (pregado em 1669 em Lisboa)
O termo ecologia começa a aparecer em destaque na arena pública no final dos anos 50 do último século, quando foi adotado por movimentos políticos com pautas voltadas para a importância da preservação do meio ambiente e, muitos deles, considerado a conservação do ecossistema como o problema mais grave a ser enfrentado pela humanidade. Mas o primeiro movimento político a incorporar a ecologia e a proteção dos animais na sua ação foi o Nacional socialismo alemão, já em agosto de 1933, Hermann Goring passa a lei de proteção aos animais, proibindo o uso deles em experimentos e pesquisas, expondo o seu ponto de vista em um discurso de rádio em 28 de agosto do mesmo ano : Uma proibição absoluta e permanente na vivissecção (dos animais) é não só uma lei necessária para proteger os animais, demonstrando simpatia com a sua dor, mas também uma lei para a própria humanidade. …Eu venho a partir deste momento anunciar a proibição imediata da vivisseção (de animais) tornando-o uma ofensa criminal na Prússia. E, o indivíduo suspeito por este crime o suspeito deve ser alocado em um campo de concentração até futuro julgamento. ´[2] A proteção dos animais e da natureza atingiu tal relevância que haviam tentativas jurídicas de usar esta lei como salvaguarda para os não arianos, a estes os nazistas consideravam, em sua visão ecológica, como um cogumelo venenoso a ser extirpado do jardim do Éden pagão.
Os partidos de esquerda, naquele momento, tinham uma visão crítica da demanda ecológica, taxando-a internamente de ´pequeno-burguesa’. Após 1989, com a crise do bloco soviético é que parte da esquerda abraça a causa, segundo Roger Scruton ´Recentemente, o meio ambiente vem sendo em grande parte uma pauta de esquerda´… A razão para isso não é difícil de ser encontrada: impactos no meio ambiente são feitos por quem tem meios para tal, e opô-los irá equivaler a tomar posição contra a propriedade e o poder. O termo, consequentemente, é relacionado ao amplo espectro que se atribuí à esquerda, e como ela se define ao longo de pelo menos dois séculos ´..´O que não altera o fato de que as maiores catástrofes ambientais em nossa época terem sido perpetradas por governos socialistas e comunistas, com o seu acúmulo e centralização de poder decisório e consequente falta de responsabilidade que foi fato intrínseco aos socialistas e comunistas de nosso século. O que sugere também uma questão complexa: como eles vão precisar de uma intervenção estatal maciça, as políticas ´verdes´ podem acabar por criar o próprio sistema que a qual eles julgam combater. ´
Como diz o ditado popular, o diabo está nos detalhes. É o caso aqui, a questão não é e nunca foi uma escolha entre preservar florestas e animais e a desertificação e morte do planeta. Tal dicotomia catastrófica só serve o propósito de sequestrar politicamente o termo deixando quaisquer outras abordagens como deletérias a própria humanidade. Afinal que pessoa minimamente equilibrada pode ser contra a preservação da natureza, ou pode ser favorável a fome ou ao sofrimento animal? O arranjo da pergunta é uma pegadinha semântica muito bem aproveitada pelos movimentos revolucionários e que acaba aceita por pessoas intelectualmente honestas, mas que não tem referência filosófica para detectar o malicioso estratagema em questão. – Em um debate de ideias devemos sempre questionar, entender e expor claramente o sentido das palavras empregado pelo outro lado, ou estaremos fadados a ser conduzidos a uma falsa conclusão.
O ´ Tratado de Heurística ou Como Vencer um Debate sem Ter Razão´ é uma obra clássica e basilar sobre o tema, escrita por Arthur Schopenhauer e editada no Brasil com introdução, notas e comentários do professor Olavo de Carvalho. Tal técnica filosófica é chamada de Erística que é resumida por Carvalho como ´uma arte da discussão contenciosa, que, utilizando os instrumentos da dialética, da sofística, da erística e da retórica aristotélicas, abrange também os aspectos psicológicos do duelo argumentativo, ao mesmo tempo que deixa de lado as regras de ordem ética que faziam da dialética aristotélica um elemento confiável de investigação. ´
Novamente frisando, a questão aqui não tem nenhuma relação com a preservação ou conservação do meio ambiente, a ecologia é uma questão retórica. Com já salientava Roger Scruton ,`A Assimetria moral – a expropriação pela esquerda do estoque inteiro da virtude humana – acompanha uma assimetria lógica, isto é, uma presunção que o ônus da prova cabe ao outro lado.´[3].
Implementação de uma estratégica ético ecológica
“A natureza, quando tira o sentido da vista, deixa o sentido da cegueira, para que o cego se ajude dos olhos alheios. Porém os escribas e os Fariseus estavam tão cegos dos seu, e tão rematadamente cegos, que não só tinham perdido o sentido da vista, senão também o sentido da cegueira: o da vista, porque não viam, o da cegueira, porque a não viam.” — Padre Antônio Vieira — Sermão da Quinta Quarta da Quaresma (pregado em 1669 em Lisboa)
Na história recente do Brasil temos o fenômeno dos partidos dos trabalhadores, criado no final dos anos 70 do século passado oriundo do binômio, Centrais Eclesiásticas de Base ( que por sua vez eram entidades católicas com forte base na Teologia da Libertação) e sindicatos da região do ABC paulista ( de tradição marxista-trotskista). A postura do PT foi, até meados de 1989, de um partido sindicalista de esquerda que não era abertamente alinhado com os tradicionais partidos comunistas dominados por Moscou ou Pequim. Suas pautas orbitavam em questões relativas às relações trabalhistas em especial ao direito do operário e das classes de trabalhadores eminentemente urbanos. Algo que no âmbito católico o Papa Leão XIII já havia tratado magistralmente na carta encíclica Rerum Novarum de 1891, mas que foi deturpado pelos teóricos revolucionários de modo a uma reinterpretação pelo prisma socialista.
Com a queda do bloco soviético na Europa oriental o Partido dos Trabalhadores passa por uma mutação em duas frentes: internacionalmente, projeta-se e ganha capilaridade com a associação às diversas lideranças e forças globais ligadas, em menor ou maior grau, ao Foro de São Paulo e; internamente, a mudar o foco de suas pautas, tomando como seus a questão da ética, da pobreza e do meio ambiente. Foi nessa época que entra em ação o sociólogo Herbert de Souza, o popular Betinho, responsável por endossar socialmente tal demanda. Em texto publicado em 1995 o professor Olavo de Carvalho expunha todo o contexto da trama:
´O que a campanha pela ´Ética´ produziu, num prazo assustadoramente breve, não foi a regeneração moral de um país, mas uma revolução psicológica que o envolveu em uma situação equivocada e tragicômica, da qual a autodestruição do congresso nacional, desmoralizando-se mais e mais a cada novo esforço impotente para moraliza-se, foi a manifestação mais evidente. O que poucos perceberam é que a exigência ética da campanha foi formulada em termos propositalmente utópicos, uto contraditórios, estéreis, de modo a desgastar a classe política numa sucessão de rituais auto punitivos, sem resultado proveitoso, até leva-la ao completo descredito e precipitar a crise geral do Estado, onde as esquerdas, aí já plenamente identificadas como uma reserva moral, se apresentariam ao povo como única esperança de salvação. A quem esteja ciente de que, no pensamento gramschiano, as mutações psicológicas profundas são o alvo prioritário de um alvo de grande escopo a ser realizado, basicamente, por um grupo de intelectuais, as peças múltiplas do quebra cabeça começam a encaixar-se, formando a figura bifronte de uma estratégia de perversão moral em nome da moralidade: de um lado, esvaziar as velhas crenças morais, rebaixando-as e transformando-as em munição política de uso imediato contra os ´inimigos de classe´; de outro, mais sutilmente, e num círculo mais seleto de ouvintes, solapar as bases intelectuais dessas crenças, promovendo uma mutação do sentido mesmo da palavra ´´ética´´ , para que, cortada dos laços que a ligam a quaisquer valores espirituais e a qualquer ideal de vida superior, passa a significar apenas a adesão maquinal a certos slogans políticos e a hostilidade a certos grupos sociais., quando não a indivíduos em particular; para que deixasse, sobretudo, de ser uma regra para o homem governar a si mesmo, e se torna-se um pretexto edificante para cada qual projetar suas culpas sobre o vizinho, beatificando o instituto da delação e fazendo da maledicência a virtude primordial do cidadão brasileiro. Tratava-se, em suma, de reduzir a ética ao ´politicamente correto´, tornando o apoio às esquerdas, uma obrigação religiosa cujo descumprimento teria o efeito desequilibrante de uma transgressão, sujeitando o pecador a terríveis padecimentos interiores, a um sentimento de exclusão da comunidade humana, que o homem médio não saberia suportar sem buscar logo, arrependido, a oportunidade de uma penitência reconciliadora; oportunidade que a ´´campanha do Betinho´ ´providencialmente estendeu a todos n o momento exato, com precisão de um cronograma divino. Como esta campanha, por seu lado, tinha como finalidade última – nas palavras de seu próprio fundador – implantar no país a socialização dos meios de produção, eis como, pela prática da caridade, a ovelha desgarrada podia ser conduzida ao aprisco da ortodoxia socialista pelas mãos de um novo pastor. A campanha da ´´Cidadania contra a miséria´´ exerceu assim a função de mão direita da nova divindade – a Mão da Misericórdia, que abençoa e redime, ao lado da Mão da Justiça, ou do Rigor, que castiga, representada pelos inquisidores, xiitas e enragés de toda sorte. É claro que as duas mãos operavam em concordância: a Misericórdia era a retaguarda, o lastro de crédito que garantia a boa fé dos acusados e conferia legitimidade moral a toda sorte de calúnias. As campanhas gêmeas da ´´Ética na política´´ e da ´´Ação pela cidadania´´ perfizeram harmoniosamente as duas faces de uma nova pedagogia religiosa: a primeira ensinou o cidadão a julgar para não ser julgado, a segunda a escrever torto por linhas retas. Cercado pelos dois lados, o pecador não teve como resistir ao apelo da salvação. Betinho ficou, assim, elevado à condição papal. Mantendo-se aparentemente acima do jogo político, conservava o poder de abençoar e excomungar, de erguer qualquer personagem à beatitude da fama ou precipitá-lo nas trevas da abominação. ´[4]
Medidas fito sanitárias no ambiente intelectual
“Como se disseram: os outros são cegos, porém nós, que somos os olhos da república, nós que somos as sentinelas da casa de Deus, nós que temos por ofício vigiar sobre a observância da Fé e da Lei, só nós temos a luz, só nós temos vista, só nós que vemos. Mas por isto mesmo era maior a sua cegueira que todas as cegueiras, a eles, mais cegos que todos os cegos. Porque não pode haver maior cegueira, nem mais cega, que ser um homem cego, e cuidar que o não é.” — Padre Antônio Vieira — Sermão da Quinta Quarta da Quaresma (pregado em 1669 em Lisboa)
O conforto da sociedade de consumo nos deu a falsa ilusão de que tudo é passível de uma desconstrução quantitativa. A facilidade que nos revela o mundo dos números, dos pesos e medidas e das formulas químicas e receitas de bolo, não é transportável para o mundo das ideias com a mesma eficácia, ou seja, aplicar o mesmo método das ciências exatas e biológicas no campo das ciências humanas tende a ter um efeito diverso do esperado. É o que aconteceu, por exemplo, com a cassação política e criminalização legal do partido comunista do Brasil em 1947. O que era serviço de intelectuais no debate publico virou caso de polícia e objeto de escrutínio judicial de um corpo constituído, já naquela época, por uma gama de burocratas com formação positivista. O fato de criminalizar um agrupamento político deu oportunidade aos comunistas de utilizar partidos ´fantasia ‘para continuar a atuar livremente na política. Na burocracia na cátedra e no jornalismo a maioria já era ligada ou nutria simpatias, mas quem tinha ´carteirinha de comunista´ eram uns poucos. Arthur Kostler descreve em detalhes muito semelhantes a estratégia, que já era empregada nos anos 20 e 30 do século passado, em seu livro de memórias, ´O Escritor Invisível´.
Na prática, contando com a ausência de provas materiais e ficando restrito só nas suposições e elocubrações jurídicas, o comunismo atingiu tanto a sua inocência suprema, usando da posição de vítima perseguida pelo Estado; quanto a primazia nos departamentos universitários, na formação dos advogados e bacharéis, conquistado a áurea de ´cumplicidade intelectual´ entre a classe letrada brasileira. E que, talvez, tenha sido só um pouco abalada com a queda do bloco soviético em 1989. Recuperando-se politicamente, não na forma da ortodoxia socialista da luta de classes econômicas, mas das demandas identitárias diversas, campanhas pela ´ética´ e as narrativas ecológicas. Sequestradas e esvaziadas de seu sentido original e colocadas em prol da ´causa´.
O pensamento revolucionário não é passível de combate criminal, ele é dialético, mutável e adaptável às perseguições de um mundo liberal cartesiano. Não é possível identificar uma ideia revolucionária como se identifica a composição de sal em um alimento ou de violência explícita em um filme. Nem tampouco é possível contar com o aparato legal do Estado para reprimir tais ideias historicamente isso só gera confusão e inibe o combate intelectual, único meio de expor tais estratagemas.
Como foi o caso do grande filósofo Mario Ferreira dos Santos, que teve seu livro ´lógica e dialética ‘de 1956 taxado de socialista. Esclarece ele:
´Um crítico ao ler o título de nossa obra ´´Lógica e Dialética´, e que tem presente a memória que os socialistas usam muito a palavra dialética, concluiu apressadamente que é uma obra socialista. Absolutamente não: trata-se apenas de uma obra de filosofia. Ademais a dialética não é propriedade dos socialistas, que nem sempre a souberam usar, ainda mais a desvirtuaram em muitos pontos´[5]
Assim como no caso do socialismo, que se auto glorifica com palavras e conceitos abstratos, também a versão militante ecológica é cheia de slogans lindos, sobre preservação, sustentabilidade, integração harmônica entre o homem e a terra; o que está em jogo aqui não são os fins mais os meios e, mais do que isso, as premissas que são fundamentos para a proposição, e até imposição, de tais meios. Tais premissas culpam a atividade empreendedora do ser humano como responsável por um desequilíbrio ecológico que afeta o clima e a temperatura gerando catástrofes como secas, cheias, hiperaquecimento, tsunamis, etc. E clama, como remédio, o monopólio de um poder político de ação global que tem a capacidade de impor regras, leis e até de prender em nome de uma ideia abstrata, de um ideal embalado com um falso invólucro de uma certeza científica.
[2] Citado em https://dirkdeklein.net/2020/09/13/animal-rights-in-the-third-reich/
[3] Scruton, Roger ´Thinkers of the New Left`
[4] Carvalho, Olavo de ´O Jardim das Aflições´ Diadorim Editora, Rio de Janeiro, RJ, 1995
[5] Santos, Mario Ferreira dos ´Teoria do Conhecimento (Gnoseologia e Critériologia)´ Editora Logos, segunda edição, São Paulo, 1959