Os comentários do presidente colombiano nas redes sociais têm duas características recorrentes: erros de digitação e conteúdos inusitados.
Desde a campanha presidencial, o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, tem sido acusado nas redes sociais de consumo excessivo de álcool. Especialmente depois de um de seus discursos, em que foi visto falando com uma cadência tão particular que muitos o associaram a um estado compatível com o consumo de algumas bebidas a mais, algo que o então candidato acabou por reconhecer e também por pedir desculpa, sob o pretexto de “jet lag” depois de uma viagem à Europa.
Es verdad que con el cansancio del viaje a Europa y el cambio de horario, me cayó mal un trago que tome antes del acto de Girardot, en una reunión previa.
— Gustavo Petro (@petrogustavo) February 8, 2022
Le pido excusas a quienes asistieron al acto, que quise cumplir a pesar de mi cansancio.
Longe de esse incidente ter sido deixado para trás após sua posse como presidente, o assunto tornou-se recorrente. Tanto que, certa vez, um jornalista lhe perguntou durante uma entrevista o que ele tinha a dizer sobre essa complexa “acusação”. Petro, que estava sorrindo e relaxado, ficou sério e garantiu que tudo não passava de edição maliciosa de vídeo. De acordo com sua versão, suas gravações foram desaceleradas para dar a impressão de que ele estava bêbado.
Ele também disse, visivelmente desconfortável, que não descartava a possibilidade de recorrer à “ferramenta judicial” para esclarecer essas acusações, pois a opinião pública não merecia ser mal informada e “manipulada” em questões tão importantes.
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Entretanto, além desses discursos e apresentações públicas, seu padrão de comportamento um tanto errático nas redes sociais continua. Muitos apontam que em muitas de suas mensagens no X há erros de digitação, mas também há menção de outra coisa que levanta suspeitas: várias de suas postagens ultrapassam a fronteira do inédito. Entre essas declarações e seus constantes erros no teclado, muitas vezes se pergunta se Petro está sóbrio quando publica algum desses comentários ou se está bêbado quando os publica.
“Temos um problema de identidade”, escreveu o presidente há poucos instantes no X, confundindo o ‘n’ com o ‘m’, como costuma acontecer em seus comentários, independentemente de sua extensão. Agora, o que diferenciou essa publicação das anteriores e acabou despertando a avalanche de críticas contra ele foi o conteúdo delirante que ele carregou, para questionar aqueles que supostamente “não se orgulham de ter nascido no país de García Márquez”.
O vídeo que ele escolheu foi um segmento clássico do programa Caso Cerrado, apresentado por Ana María Polo. No clipe, que frequentemente se torna viral nas redes sociais, uma jovem colombiana pode ser vista não querendo falar em espanhol e insistindo em sua pronúncia pretensiosa em inglês, apesar de estar em um fórum de língua espanhola.
“Seu nome não é lua, é Luna”, disse o apresentador à participante, em uma das muitas transmissões do ciclo que foi transmitido entre 2001 e 2019.
Tenemos um problema de identidad.
— Gustavo Petro (@petrogustavo) January 28, 2025
Algunos no se sienten orgullosos de nacer en el país de Garcia Márquez, en el corazón del mundo, en el país de la belleza. pic.twitter.com/Gk4KrENk62
O inusitado é que a própria apresentadora do ciclo reconheceu que as pessoas que estavam ali, embora não fossem atores profissionais, eram “intérpretes” de casos que chegavam à produção. Ela também explicou que muitos deles estavam exagerando na atuação, tudo para fins artísticos. Isso ficou claro com as questões jurídicas nos títulos do programa, pois o programa apresentava os problemas como casos reais, por seus protagonistas.
Embora o Caso Cerrado se limitasse ao entretenimento puro e simples (um sucesso de 18 anos no ar e que ainda hoje é comemorado nas redes sociais), agora está sendo usado por um presidente cada vez mais desacreditado para apelar para assuntos sérios.
Leve ou não, a verdade é que tudo parece indicar que Petro está absolutamente dissociado da realidade. E o mundo já percebeu.