Assim que a previsível fraude de Nicolás Maduro e do chavismo foi consumada, os países começaram a se alinhar ao novo panorama. Algumas pessoas pouco apresentáveis reconheceram a suposta vitória do governo, enquanto os países mais sérios do mundo alertaram que o regime havia perdido por um deslizamento de terra. No entanto, outros (vários, até muito importantes) começaram um jogo diferente: o das voltas e reviravoltas, que nada mais fez do que dar tempo à ditadura.

Um dos que olhou para o outro lado e não se expressou concretamente foi o espanhol Pedro Sánchez. No entanto, as pressões na Espanha e na União Europeia tornaram-se cada vez mais fortes. Quando a situação se tornou insustentável, o líder do PSOE teve que quebrar o silêncio. Embora não tenha se referido a Maduro ou ao chavismo, ele apoiou Edmundo González Urrutia, que seria o presidente eleito de acordo com a única ata publicada da eleição.

Embora a declaração do presidente de um dos países mais importantes da Europa seja notícia, deve-se lembrar que suas coalizões de governo não se caracterizaram pela defesa dos valores democráticos. Em seu governo anterior, Sánchez tinha o Podemos como aliado, que deixou o governo por apenas um motivo: o parco resultado nas urnas que mudou o sócio minoritário, com a entrada de Sumar (que é exatamente o mesmo).

Sem espaço para continuar em silêncio, Sánchez apoiou González Urrutia e garantiu que a Espanha “não vai deixá-lo sozinho”, como se já tivesse se manifestado a favor do verdadeiro presidente eleito da Venezuela. Ele também o descreveu como um “herói” para os aplausos dos participantes, que acompanharam seu discurso.

Dessa forma, no âmbito internacional, Maduro perde um de seus aliados indiretos que, embora não tenha reconhecido sua vitória, o beneficiou com sua ambiguidade. Teremos que ver o que acontece nos próximos dias com Luiz Inácio Lula da Silva, especialmente diante da complicada situação na embaixada argentina em Caracas. Nas últimas horas, o regime notificou as autoridades brasileiras de que não reconhece mais sua presença na sede diplomática e a tensão está crescendo.

🚨🇻🇪 URGENTE: Pedro Sánchez, presidente do governo espanhol, descreve Edmundo González Urrutia como um “herói” e diz que a Espanha não vai deixá-lo sozinho. pic.twitter.com/nAQqmuhWJY

— Guillo (@codiguillos) 7 de Setembro de 2024

De Marcelo Duclos para o PanAM Post.