PHVOX – Análises geopolíticas e Formação
Comunismo

Pró-Rússia?

Legionário, N.º 234, 7 de março de 1937

 

Em outubro de 1934 houve na Espanha uma revolução comunista. No momento, a repressão foi rápida e enérgica. Todos estão lembrados dos combates de Oviedo, da campanha das Astúrias conduzida pelas tropas legais do general Lopes Ochoa. Depois foram presos muitos dos chefes materiais e intelectuais do movimento; entre outros Prieto, Azaña, Gonzales Pena, etc. Muitos deles foram condenados à morte. O sentimentalismo governamental os perdoou, e à sombra desse sentimentalismo ou talvez dessa cumplicidade, se formou a Frente Popular que levou ao poder o mesmo Azaña e atirou a pátria de Santo Inácio de Loyola ao caos marxista.

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Do lado de cá do Atlântico, houve em novembro de 1935 uma sedição comunista. A repressão foi também rápida e enérgica e os comunistas indígenas não puderam dar senão pequenas demonstrações de sua ferocidade. Não nos esqueçamos, por exemplo, de que o tenente Bragança foi assassinado friamente, enquanto dormia. Foram feitas depois numerosas prisões, foram descobertas células comunistas, foram desarticulados os planos de domínio soviético no Brasil. E a Nação veio a saber que estivera à beira do abismo, talvez pela imprevidência de alguns…

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Pouco mais de um ano se passou. E o esquecimento veio mais rápido do que se poderia esperar! Precisamente quando o Tribunal de Segurança Nacional começava a funcionar, e que os detidos desautoravam sua autoridade obedecendo a um plano de que já demos conhecimento aos nossos leitores, os piores dentre eles eram postos em liberdade. Por que? Porque eram intelectuais e não tomaram parte ativa na revolução!!!… Sussekind de Mendonça e outros. E continua a ser feita a libertação de muitos “ex-capitães” ou “ex-tenentes” etc. presos em 1935. Parece que se são “ex-capitães” ou “ex-tenentes” é porque têm sua responsabilidade, sem o que teriam sido excluídos do exército!…

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É freqüente ler noticias como esta, publicada a 12 do corrente:

Prisão de extremistas no interior do Rio Grande do Norte.

“Segundo telegrama de Natal, o chefe de Polícia do Rio Grande do Norte acaba de ver coroada de resultado uma série de diligências que por intermédio da Delegacia de Ordem Social vinha pondo em execução para captura de perigoso elemento responsável pelo levante de novembro de 1935, naquele Estado. Tratava-se do ex-tenente da Força Pública Mário Cabral de Lima, que chefiou o ataque ao quartel dessa força nas noites de 23 e 24 de Novembro. Esse rebelde foi preso por quatro investigadores nas proximidades do povoado de Rego Moleiro, município de Macaíba. Achava-se oculto no mato, tendo reagido aos investigadores contra os quais investiu brandindo um punhal que media quase meio metro”.

Mas do que valem o trabalho e a coragem dos investigadores que, com perigo da própria vida, foram prender esse perigoso elemento? É quase certo que ele há de ser posto em liberdade muito rapidamente ou então encontrará meios que lhe facilitem a fuga. Lembrem-se todos dos evadidos do Hospital Gaffreé-Guinle, no Rio, e dos que recentemente fugiram do Presidio do Paraíso, nesta Capital. E destes, o “Estado de São Paulo” escreveu o seguinte, a 20 do corrente:

“No dia 10 do corrente, quarta feira de cinzas, fugiram vários presos recolhidos à enfermaria do presidio do Paraíso.

Esses presos, entre os quais se achavam alguns intelectuais e pessoas de posição social de destaque, não estavam submetidos a rigorosa vigilância e daí as facilidades que tiveram para executar seu plano…” (grifo nosso). Poderíamos perguntar: Então? Para que prender os perigosos elementos comunistas? Para permitir-lhes que engordem, como está sucedendo com Luiz Carlos Prestes?

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Os que acabam de sair da prisão não voltam menos ativos do que antes. Entre os chamados “intelectuais” presos, estava o diretor de “A Manhã”, folha “humorística” (sic) do Rio de Janeiro. Apenas em liberdade reiniciou evidentemente suas atividades. E o primeiro número do seu jornal, publicado no dia 16, traz, a pretexto de humorismo, uma série de insultos os mais baixos ao Cônego Olímpio de Mello, prefeito do Rio de Janeiro, entremeados de elogios os mais rasgados ao ex-prefeito, Dr. Pedro Ernesto, preso por suas atividades comunistas. Querem os leitores a prova? Transcrevemos apenas os elogios ao ex-prefeito, conservando o fraseado do original: … “que… é um medico – doutor muito humanitário e muito honesto….”

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Pode parecer pueril que nos refiramos até à própria “Manhã”. Não o é, porém. A propaganda comunista se faz por todos os meios e os que se apresentam como mais inocentes são certamente os mais perversos. Ofendendo a pessoa sagrada de um sacerdote – acima não transcrevemos os pesados insultos – ao mesmo tempo que se exalta um comunista preso, faz-se anticlericalismo e propaganda soviética. É preciso que os católicos compreendam isto e que deixem de espantar-se tanto com as atrocidades da Espanha, da Rússia, ou do México, para se preocuparem mais com as sutilezas da propaganda marxista. Aquelas provocam indignação de muitos, mas estas são descuidadas por quase todos.

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Agora, com as autoridades. Para que o meditem, lhes oferecemos esta nota do diário português “Novidades”, de 15 de Janeiro último:

“Duma falsa idéia do comunismo derivam, em boa parte, as lastimáveis transigências com ele notadas em elementos das várias classes, e também a insuficiência das resistências por muitos outros, às vezes clamorosamente apregoadas.

“Que motivos impulsionam, na verdade, o movimento contra o comunismo? Para uns, o medo; para outros, o interesse econômico, político, ou egoístico…

“É fraca a repulsa por medo ou por interesse. Só a feita por convicção pode opor-se eficazmente à ideologia comunista, mas esta exige a profissão e a vida dum idealismo oposto à forte ideologia do comunismo. Porque é forte, embora errada, esta ideologia.

“Ora, a maior parte das defesas contra o comunismo limita-se a sustar os seus golpes exteriores, a combater esta ou aquela manifestação de sua atividade, pervertedora de todos os fundamentos da vida moral e social dos povos, mas não a atacá-lo na sua essência doutrinal e satânica, nem a contrapor as suas manobras demolidoras, a conveniente ação reformadora e construtiva. Agarrados a defesas ineficazes do material e perecível, esquecem a defesa essencial do imperecível e eterno, que, afinal, seria ainda a melhor defesa do que no terreno temporal merece ser defendido”.

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Teriam sido no Brasil o medo e o interesse as únicas molas da repressão ao comunismo? Se o foram entre os homens do mundo, temos certeza de que não o são entre os católicos que sabem colocar em primeiro lugar o imperecível, o Eterno. E a eles cabe a primeira linha nessa luta que se trava contra o marxismo. Mas é necessário estar alerta, pois qualquer desfalecimento os incluirá talvez insensível e involuntariamente nos que são pró-Rússia.

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