PHVOX – Análises geopolíticas e Formação
Artigos

Project 2025 e a Nova Era do Governo Trump: combate à China, Irã, Rússia e Venezuela

O Project 2025, delineado no documento “Mandate for Leadership” da Heritage Foundation, é um guia fundamental para o próximo governo republicano. Elaborado por intelectuais conservadores dos principais think tanks americanos, este plano promete ser uma influência significativa no eventual governo de Donald Trump, mesmo que ele não o reconheça formalmente como seu plano de governo. Este documento apresenta propostas para a política externa e departamento de Estado dos Estados Unidos da América, bem como a estratégia com seus parceiros e adversários políticos. Também trataremos sobre a estratégia de comunicação do governo americano no exterior.

Este é o segundo artigo sobre o tema. O primeiro pode ser acessado clicando aqui.

Parte 1: Reorientação da Política Externa dos EUA: Propostas para um Futuro Conservador

No capítulo “The Department of State” do “Mandate for Leadership”, também conhecido como “Project 2025”, Kiron K. Skinner apresenta um plano abrangente para reformar a política externa dos EUA sob uma administração conservadora. Skinner, uma renomada especialista em política externa e ex-diretora de Planejamento de Políticas no Departamento de Estado dos EUA, detalha ameaças globais e oferece recomendações específicas para fortalecer a posição dos EUA no cenário internacional. A seguir, apresentamos uma análise detalhada das propostas, com ênfase nas citações diretas e explicações sobre os principais pontos abordados.

História e Estrutura do Departamento de Estado

Desde sua fundação em 1789, o Departamento de Estado tem sido o principal canal diplomático dos EUA. Com quase 80.000 funcionários e 275 postos ao redor do mundo, enfrenta desafios estruturais significativos. Skinner destaca que “o maior problema do Departamento de Estado não é a falta de recursos”, mas a crença de que é “uma instituição independente que sabe o que é melhor para os EUA” (Skinner). A acadêmica e ex-diretora de Planejamento na chancelaria americana durante o governo Trump ressalta esses pontos considerando uma certa dificuldade de aceitação de uma inserção internacional conservadora por parte dos funcionários do Departamento de Estado (o nosso equivalente ao Ministério de Relações Exteriores).

Liderança Política e Apoio Burocrático

Para alinhar o Departamento de Estado com as prioridades presidenciais, Kiron sugere a nomeação de líderes políticos comprometidos com a visão do presidente. “A liderança deve incluir nomeados políticos em posições que não requerem confirmação do Senado, incluindo conselheiros seniores e secretários adjuntos” (Skinner). Além disso, destaca a importância de treinar e apoiar esses nomeados para garantir uma coordenação eficaz entre agências.

Ameaças Globais aos EUA

O documento identifica cinco países que representam ameaças significativas para a segurança e prosperidade dos EUA: China, Irã, Venezuela, Rússia e Coreia do Norte.

China: Skinner argumenta que a China representa uma ameaça existencial. “Os EUA precisam de uma resposta estratégica de imposição de custos para tornar a agressão de Pequim economicamente inviável” (Skinner). Além disso, destaca que a questão não é com o povo chinês, mas com a ditadura comunista que os oprime: “Como em todas as lutas globais com regimes comunistas e outros tirânicos, a questão nunca deve ser com o povo chinês, mas com a ditadura comunista que os oprime” (Skinner).

Irã: A administração de Obama, através do acordo nuclear de 2015, forneceu ao regime iraniano um “resgate monetário crucial” (Skinner). Kiron critica essa abordagem, afirmando que os EUA devem apoiar o povo iraniano em suas demandas por um governo democrático. “A política correta para o Irã é aquela que reconhece que está nos interesses de segurança nacional dos EUA e nos direitos humanos dos iranianos que eles tenham o governo democrático que exigem” (Skinner).

Venezuela: Sob os regimes de Hugo Chávez e Nicolas Maduro, a Venezuela passou de um país próspero para um dos mais pobres da América do Sul. Skinner sugere que os EUA devem trabalhar para conter o comunismo venezuelano e apoiar o seu povo. “A próxima administração deve tomar medidas para colocar os abusadores comunistas da Venezuela em alerta e fazer avanços para ajudar o povo venezuelano” (Skinner).

Rússia: A guerra entre Rússia e Ucrânia divide opiniões entre os conservadores, e existem 3 linhas de ação consideradas no documento. Alguns defendem a continuidade do apoio à Ucrânia, enquanto outros acreditam que esse apoio não serve aos interesses de segurança dos EUA. “A abordagem conservadora rejeita tanto o isolacionismo quanto o intervencionismo, perguntando primeiro: O que é do interesse do povo americano?” (Skinner).

— Uma escola de pensamento conservadora acredita que “a guerra ilegal de agressão de Moscou contra a Ucrânia representa grandes desafios para os interesses dos EUA, bem como para a paz, a estabilidade e a ordem de segurança pós-Guerra Fria na Europa” (Skinner). Esta visão defende a continuação do envolvimento dos EUA, incluindo ajuda militar e econômica, para derrotar o presidente russo Vladimir Putin e retornar às linhas de fronteira pré-invasão.

— Outra escola de pensamento conservadora nega que o apoio dos EUA à Ucrânia esteja no interesse da segurança nacional dos EUA. Segundo esta visão, “a Ucrânia não é membro da aliança da OTAN e é um dos países mais corruptos da região” (Skinner). Defende-se que as nações europeias diretamente afetadas pelo conflito devem ajudar na defesa da Ucrânia, mas os EUA devem buscar um fim rápido do conflito através de um acordo negociado.

— Um terceiro ponto de vista conservador evita tanto o isolacionismo quanto o intervencionismo, propondo que “cada decisão de política externa deve primeiro perguntar: O que é do interesse do povo americano?” (Skinner). Nesta perspectiva, o envolvimento contínuo dos EUA deve ser pago integralmente, limitado a ajuda militar, enquanto os aliados europeus atendem às necessidades econômicas da Ucrânia, e deve ter uma estratégia clara de segurança nacional que não coloque em risco vidas americanas.

Embora não seja dito de forma taxativa, acredito esse terceiro ponto de vista é o desejado pela Kiron Skinner que considera importante a intervenção americana, mas balanceando os custos da guerra com seus parceiros na União Europeia e OTAN.

Coreia do Norte: A Coreia do Norte deve ser dissuadida de qualquer conflito militar e não pode ser permitida como uma potência nuclear de facto. “Os EUA não podem permitir que a Coreia do Norte permaneça uma potência nuclear de facto com a capacidade de ameaçar os EUA ou seus aliados” (Skinner).

Detalhamento de Políticas Específicas

Admissão de Refugiados: A administração Biden causou um colapso na segurança da fronteira e na aplicação da imigração interna, segundo Skinner. Ela argumenta que o Programa de Admissão de Refugiados dos EUA (USRAP) deve ser redimensionado. “O governo federal deve redirecionar recursos de triagem e verificação para a crise na fronteira, reduzindo indefinidamente o número de admissões de refugiados do USRAP até que a crise possa ser contida” (Skinner).

Colaboração de Empresas com a China: Skinner critica a colaboração de empresas como BlackRock e Disney com o regime chinês, destacando que “muitos estão investidos em uma fé inabalável no sistema internacional e nas normas globais”, recusando-se a reconhecer as atividades malignas de Pequim. Ela destaca que a verdadeira questão está na ditadura comunista que oprime o povo chinês, e não nos cidadãos chineses (Skinner).

Fentanil e México: O tráfico de fentanil, facilitado por cartéis mexicanos em colaboração com fabricantes chineses de precursores químicos, é um problema crítico. “Os cartéis mexicanos, trabalhando em estreita colaboração com fabricantes chineses de produtos químicos precursores de fentanil, estão enviando essa droga para os EUA, causando um impacto letal sem precedentes” (Skinner). A próxima administração deve adotar uma postura firme para interromper essa crise de saúde pública.

Re-hemisferização de Manufaturas: Kiron propõe que os EUA promovam a transferência de manufaturas para países parceiros como México e Canadá. “Os EUA devem fazer tudo o que for possível para mudar a manufatura global para países da América Central e do Sul, especialmente para afastá-la da China” (Skinner). Isso melhoraria a cadeia de suprimentos e representaria uma melhoria econômica significativa para a região.

Acordos de Abraão e um Novo “Quad”: Skinner sugere que a próxima administração deve expandir os Acordos de Abraão, incluindo países como Arábia Saudita, e formar um novo pacto de segurança no Oriente Médio que inclua Israel, Egito, estados do Golfo e possivelmente a Índia. “Proteger a liberdade de navegação no Golfo e no Mar Vermelho/Canal de Suez é vital para a economia mundial e, portanto, para a prosperidade dos EUA” (Skinner).

Política para a África: A estratégia dos EUA para a África deve mudar o foco da assistência humanitária para o crescimento econômico e conter as atividades malignas da China. “A assistência ao desenvolvimento deve se concentrar em fomentar sistemas de mercado livre e envolver o setor privado dos EUA” (Skinner). Ela também destaca que as nações africanas são contra a imposição de políticas como o aborto e o lobby LGBT.

Relações com a Europa e a Ásia

Europa: Os EUA devem exigir que os países da OTAN aumentem suas contribuições para a defesa. “Os EUA não podem ser esperados para fornecer um guarda-chuva de defesa para países que não contribuem adequadamente” (Skinner). Além disso, deve-se buscar acordos comerciais urgentes com o Reino Unido pós-Brexit.

Ásia: A retirada das tropas americanas do Afeganistão foi humilhante e criou novos desafios. Skinner enfatiza a importância da Índia como parceira crítica para contrabalançar a ameaça chinesa e promover um Indo-Pacífico livre e aberto. A cooperação dentro do Quad, que inclui EUA, Índia, Japão e Austrália, é fundamental para essa estratégia. “A prioridade é avançar a cooperação EUA-Índia como um pilar do Quad” (Skinner).

Organizações Internacionais

Skinner critica a corrupção e a falha da Organização Mundial da Saúde (OMS) durante a pandemia de Covid-19. “A próxima administração deve terminar o apoio cego a organizações internacionais e direcionar o Secretário de Estado a iniciar uma análise custo-benefício da participação dos EUA em todas as organizações internacionais” (Skinner). Ela também apoia a “Geneva Consensus Declaration on Women’s Health and Protection of the Family”, que é contra o aborto e que o governo americano não deve financiar organizações internacionais que promovem o aborto (Skinner).

Conclusão

O documento de Skinner oferece uma visão detalhada para reorientar a política externa dos EUA sob uma administração conservadora, com ênfase em assegurar que o Departamento de Estado sirva aos interesses nacionais definidos pelo presidente. Com essas diretrizes, a próxima administração tem a oportunidade de redefinir a posição dos EUA no cenário global, promovendo segurança, prosperidade e liberdade.

Parte 2: Reformas nas agências de mídia vinculadas ao governo americano

A U.S. Agency for Global Media (USAGM — Agência dos Estados Unidos para Mídia Global) está no centro de uma tempestade de controvérsias, conforme delineado por Mora Namdar no capítulo “Media Agencies” do relatório “Mandate for Leadership” (Project 2025). Mora Namdar, que atuou como Embaixadora interina dos EUA no Azerbaijão e é uma reconhecida especialista em políticas globais, destaca as significativas falhas de segurança, infiltração e politização dentro da agência, ameaçando sua credibilidade e eficácia. Com uma carreira marcada por posições de liderança no Departamento de Estado e na USAID durante a administração Trump, Namdar tem uma vasta experiência em diplomacia e desenvolvimento internacional. Sua atuação foi fundamental na formulação de políticas estratégicas no Oriente Médio e em programas de auxílio ao desenvolvimento, reforçando seu papel como uma voz influente em questões de segurança global e aliada do Partido Republicano.

Namdar escreveu este artigo sobre a atuação dessas agências de notícias vinculadas ao governo americano que será detalhado neste texto.

Falhas de Segurança e Infiltração Estrangeira

As falhas de segurança dentro da USAGM são alarmantes. Investigações do Office of Personnel Management (OPM — Escritório de Gestão de Pessoal) e do Office of the Director of National Intelligence (ODNI — Escritório do Diretor de Inteligência Nacional) descobriram graves vulnerabilidades. Durante um período de 10 anos, a agência ignorou repetidamente questões críticas de segurança, permitindo infiltrações prejudiciais:

Durante o período investigativo, mais de 1.500 funcionários da USAGM (quase 40% de sua força de trabalho total) estavam desempenhando funções sensíveis à segurança nacional com determinações de adequação ao emprego falsificadas e/ou não autorizadas” (Namdar).

A presença de espiões estrangeiros na organização agrava ainda mais a situação. Nos últimos seis meses da administração Trump, “operativos de inteligência estrangeiros conhecidos” foram removidos das divisões do Office of Cuba Broadcasting (OCB — Escritório de Radiodifusão de Cuba) e da Radio Free Europe/Radio Liberty (RFE/RL — Rádio Europa Livre/Rádio Liberdade). A falha em abordar essas questões de segurança compromete a integridade das operações da agência e representa uma séria ameaça à segurança nacional dos EUA:

Durante os últimos seis meses da administração Trump, operativos de inteligência estrangeiros conhecidos foram removidos do OCB e da RFE/RL” (Namdar).

A falta de rigor nos processos de contratação e autorização de segurança permitiu que indivíduos com possíveis vínculos adversários obtivessem acesso a informações sensíveis e influenciassem as operações da USAGM. Namdar observa que os registros, incluindo números de Segurança Social, foram falsificados ou substituídos por marcadores nominais, e em muitos casos, as impressões digitais nunca foram submetidas ao Federal Bureau of Investigation (FBI — Departamento Federal de Investigação) para investigações básicas de antecedentes.

Office of Cuba Broadcasting (OCB) e Administração Biden

O OCB, responsável por Radio y Televisión Martí, tem sido uma linha vital de informações não censuradas para o povo cubano. No entanto, a postura da administração Biden e de certos elementos na liderança da USAGM em relação ao governo comunista de Cuba levantam preocupações significativas. Mora destaca que o OCB tem enfrentado ameaças de fechamento e redução de recursos, agravadas por atitudes simpáticas em relação à liderança cubana:

O OCB continua sendo uma avenida crítica de verdade para o povo cubano, mas tem sido ameaçado com restrições orçamentárias e operacionais, incluindo atitudes simpáticas em relação à liderança comunista cubana, juntamente com hostilidade organizacional em relação ao OCB por certos elementos da liderança da USAGM” (Namdar).

Radio Free Europe/Radio Liberty (RFE/RL)

A RFE/RL, com sua rica história de transmissão em 27 idiomas e 23 países, enfrenta sérios problemas de segurança relacionados à espionagem. Esses riscos minam a missão da organização e comprometem a segurança de suas operações:

Não menos importante, a RFE/RL tem sido atormentada por vários riscos graves de segurança relacionados à espionagem em suas fileiras” (Namdar).

A adição recente do serviço em húngaro, Szabad Európa, também suscita preocupações, pois se desvia da missão original da RFE/RL ao alvejar um aliado democrático pró-americano. Ou seja, há uma crítica neste documento pelo uso da RFE/RL contra Viktor Orbán que é um aliado do trumpismo.

Firewall Jornalístico e Politização

O conceito de “firewall” jornalístico da USAGM, destinado a proteger a independência editorial, é manipulado para evitar a supervisão adequada, permitindo a difusão de propaganda adversária e conteúdo politicamente tendencioso. Namdar critica a aplicação seletiva deste firewall, que variava conforme a administração no poder:

O firewall, que deveria garantir a independência jornalística, foi usado sem regulamentação formal por décadas para evitar a supervisão legítima de tudo, desde a promoção da propaganda adversária até a ignorância da segurança jornalística” (Namdar).

Esse firewall foi formalizado em um documento conhecido como “Firewall Regulation”, inserido no Federal Register na véspera da confirmação do CEO da USAGM nomeado por Trump, Michael Pack. Este regulamento era um “midnight reg” (“regulamentação da meia-noite”) clássico, projetado para limitar a autoridade estatutária e executiva do chefe da agência, impossibilitando a gestão de conteúdo, mesmo quando falso. Ou seja, foi criado uma regulamentação para que CEO nomeado por Trump não tivesse poderes.

Namdar destaca exemplos claros de abuso deste firewall, incluindo um correspondente da Voice of America (VOA — Voz da América) na Casa Branca que postava conteúdo altamente crítico e pessoalmente insultuoso ao presidente dos EUA, violando os próprios padrões jornalísticos da VOA. A resistência feroz dos oficiais de carreira da USAGM em relação a qualquer supervisão ou direção de conteúdo revela uma cultura enraizada de falta de responsabilidade:

Os atuais e ex-líderes da USAGM/VOA que desejavam manter praticamente zero responsabilidade e supervisão travaram uma campanha de interferência, resistência e desinformação para sufocar mudanças na agência” (Namdar).

Supervisão da VOA pelo Departamento de Guerra e de Estado

Historicamente, a VOA operou sob a supervisão direta do Departamento de Guerra e do Departamento de Estado, o que garantiu um alinhamento mais estreito com os objetivos de política externa dos EUA. Namdar sugere que o retorno a essa estrutura de supervisão poderia restaurar a eficácia da VOA:

A VOA foi mais eficaz antes e durante a Guerra Fria quando estava sob a supervisão direta e controle do Departamento de Guerra e, posteriormente, do Departamento de Estado” (Namdar).

Uso Indevido para Audiência Doméstica

Os serviços da USAGM são destinados a contar a narrativa americana no exterior, mas houve casos de uso inadequado para a audiência doméstica, violando o Smith-Mundt Act. Este ato proíbe a disseminação de conteúdo da USAGM para o público interno dos EUA:

O Smith–Mundt Act estipula que os serviços da USAGM devem contar a história americana no exterior—nunca para audiências domésticas—mas a agência usou seu financiamento de contribuintes para promover mensagens partidárias nos EUA” (Namdar).

Portanto, o que o documento critica é que essas agências de notícias internacionais foram usadas para interferir na audiência doméstica dos Estados Unidos e de forma política e partidarizada.

Reformas Necessárias

Para corrigir essas deficiências, Namdar propõe uma série de reformas urgentes e abrangentes:

Transferência de Autoridade de Segurança: A USAGM deve transferir a autoridade sobre programas de segurança de pessoal para o Departamento de Defesa e o OPM (Gabinete de Gestão de Pessoal):

Essas responsabilidades devem permanecer com o Departamento de Defesa e o Gabinete de Gestão de Pessoal (Office of Personnel Management), para os quais foram transferidas nas últimas semanas da administração Trump” (Namdar).

Consolidação de Serviços Redundantes: Eliminar redundâncias linguísticas e programas duplicados é crucial para aumentar a eficiência e a transparência fiscal:

Atualmente, a USAGM financia inúmeros serviços redundantes por meio de seus próprios escritórios, por meio da VOA e do OCB, e por meio de seus beneficiários” (Namdar).

Revisão do Uso de Vistos J-1: Corrigir o uso inadequado de vistos J-1 para contratar estrangeiros em funções que poderiam ser preenchidas por cidadãos americanos:

O USAGM usa os vistos J-1 de ‘intercâmbio cultural’ para permitir que estrangeiros transitem facilmente para empregos que poderiam ser preenchidos por cidadãos americanos com a expertise cultural e linguística necessária” (Namdar).

Prioridade às Tecnologias de Transmissão de Ondas Curtas: As tecnologias de transmissão de ondas curtas são essenciais em tempos de conflito, quando as tecnologias baseadas na web são vulneráveis:

As tecnologias de ondas curtas são críticas para levar a mensagem da América a pessoas que buscam informação e liberdade em zonas de conflito” (Namdar).

Proteção dos Jornalistas: Implementar medidas de segurança mais eficazes para jornalistas da USAGM, tanto dentro quanto fora dos EUA:

Os jornalistas da agência, tanto em solo americano quanto no exterior, enfrentam perigos, e seus superiores fizeram pouco para protegê-los” (Namdar).

Combate à Nepotismo e Contratações Improprias: Seguir políticas de contratação governamentais e leis federais para acabar com o nepotismo e práticas de contratação inadequadas:

Funcionários públicos e ex-líderes da agência que desejavam manter praticamente zero responsabilidade e supervisão travaram uma campanha de interferência, resistência e desinformação para sufocar mudanças na agência” (Namdar).

Conclusão

A USAGM enfrenta uma crise profunda de identidade e eficácia, necessitando de reformas abrangentes para cumprir sua missão de promover a liberdade e a democracia. As falhas de segurança, a infiltração por espiões estrangeiros e a politização das operações são ameaças sérias que devem ser abordadas com urgência. As reformas propostas por Namdar visam restaurar a integridade e a eficácia da USAGM, alinhando-a com seus objetivos originais e protegendo os interesses nacionais dos EUA. Com o apoio do Congresso e da Casa Branca, a USAGM pode se tornar uma ferramenta poderosa para contar a história da América e promover a liberdade e a democracia ao redor do mundo.

Considerações Finais

A reorientação da política externa dos EUA, conforme proposta por Kiron K. Skinner e Mora Namdar no “Project 2025”, envolve tanto a reforma estrutural do Departamento de Estado quanto a reestruturação da USAGM. Ambas as análises destacam a necessidade de alinhar as operações dessas entidades com os interesses nacionais dos EUA, fortalecendo a segurança, a eficácia e a integridade das suas missões.

Skinner propõe um Departamento de Estado mais integrado às prioridades presidenciais, com liderança alinhada e estratégias claras para enfrentar ameaças globais, desde a China até a Venezuela, e promover a segurança e prosperidade americanas por meio de políticas específicas e colaborações internacionais.

Namdar, por sua vez, destaca a importância da USAGM como um veículo de disseminação da narrativa americana no exterior, enfatizando a necessidade de reformas profundas para corrigir falhas de segurança, eliminar infiltrações estrangeiras e combater a politização. A integridade editorial e a eficácia operacional da USAGM são cruciais para promover a liberdade e a democracia globalmente.

A interseção entre a política externa e o aparato midiático governamental dos EUA é evidente: ambos são ferramentas poderosas na promoção dos valores americanos e na defesa dos interesses nacionais. As reformas propostas visam garantir que tanto o Departamento de Estado quanto a USAGM funcionem de maneira coesa e eficiente, fortalecendo a posição dos EUA no cenário global e assegurando que a narrativa americana seja transmitida de forma clara, precisa e imparcial.

Pode lhe interessar

Uma família contra a escravidão: breve história da Abolição no Brasil

Paulo Henrique Araujo
13 de maio de 2022

A Democracia dos Mortos

Fábio Blanco
7 de maio de 2022

O “pugilismo” de São Paulo

Pe. Bernardo Maria
18 de janeiro de 2023
Sair da versão mobile