De acordo com os ativistas climáticos, se fosse possível contabilizar com precisão a quantidade de energia térmica que atinge a superfície da Terra e subtraí-la por aquela que é refletida, essa subtração, ao que parece, não daria zero1, como era de se esperar em uma condição de equilíbrio. Fica então retido no planeta uma certa quantidade de calor e é essa retenção que é chamada de efeito estufa. Assim, se ela for muito forte, poderá provocar uma série de catástrofes ambientais, todas compiladas numa definição, hoje, conhecida como mudanças climáticas2. Mas será que isso é mesmo verdade?
Quaisquer objetos que forem colocados próximos uns dos outros irão, após algum tempo, ficar à mesma temperatura. Essa é uma tendência natural e ocorre em qualquer lugar do Universo. Quem estiver mais quente irá transferir calor para aqueles mais frios e essa transferência se dá de três maneiras distintas: por condução, convecção e irradiação (Veja a Fig. 2).
A transferência de calor por condução ocorre pelo contato direto entre os corpos. A convecção ocorre com os líquidos e gases e a tendência é a porção de massa quente se afastar da fonte de calor deixando espaço para aquelas porções mais frias ocuparem seu lugar (para depois se aquecerem e se afastarem também até que todo o calor da fonte quente se acabe).
A transferência de calor por condução e convecção depende essencialmente da diferença de temperatura entre os corpos envolvidos. Já a irradiação, não. Qualquer objeto emite calor por irradiação. Isso significa que quando os corpos estão em equilíbrio térmico eles continuam irradiando calor, só que numa mesma taxa de transferência de maneira que a temperatura entre eles não se altera. Por isso os óculos de visão noturna são tão eficientes para detectar objetos no escuro, pois como todos eles irradiam, fica fácil identifica-los (Veja a Fig. 3).
No caso da atmosfera da Terra, além de gerar as correntes de convecção e transferir calor pelo contato, ela também irradia. É na contabilização dessa energia por irradiação que vem a ideia do Efeito Estufa. O curioso é que a emissão da radiação atmosférica depende dos gases que estão presentes e da sua quantidade, ou seja, da sua abundância e é aqui onde reside toda a polêmica sobre esse assunto.
O vapor d’água é, de longe, o principal absorvedor de calor, depois vem o dióxido de carbono (CO2), o metano (CH4) e o ozônio (O3). Essa absorção depende de vários fatores, mas essencialmente da sua quantidade no planeta.
Os ativistas climáticos afirmam que a culpa pelo aumento na quantidade de CO2 na atmosfera se dá pela queima de combustível fóssil advinda da atividade industrial e pelo aumento do metano, principalmente provocado pela criação de gado no mundo. Se tais atividades continuarem crescendo, a concentração dos chamados gases de efeito estufa (Veja a Tabela 1) irá aumentar e consequentemente irá aumentar a temperatura do planeta, o que provocará mudanças dramáticas no clima além do derretimento das geleiras e consequente aumento do nível do mar.
Um exemplo extremo de aumento da concentração dos gases de efeito estufa, muito utilizado pelos ativistas climáticos, é o planeta Vênus. Lá a temperatura média na superfície ultrapassa os 464°C3.
Esse raciocínio possui uma série de problemas. Um deles é que a atmosfera da Terra não é um motor de automóvel onde você sabe em qual faixa de temperatura ele poderá funcionar corretamente. Simplesmente não faz sentido dizer o que vai acontecer com o planeta (enchentes, secas, tempestades, etc,), apenas fornecendo o valor da temperatura média global. Fatores como a cobertura de nuvens, os oceanos, a pressão atmosférica, altitude, etc, são os que determinam o comportamento do clima da Terra. Não faz sentido se preocupar com a temperatura média global num planeta onde podem existir ambientes com temperaturas acima dos 40°C e outras abaixo dos -40°C ao mesmo tempo.
Outro problema apontado pelos extremistas climáticos é o da concentração de CO2 na atmosfera da Terra. Segundo eles, se essa concentração aumentar muito (atualmente está em torno dos 422 ppm4) a temperatura média do planeta irá subir e poderá provocar as ditas catástrofes já mencionadas há pouco. O curioso é que no começo da formação do planeta o CO2 era muito mais abundante do que é hoje, chegando a superar os 7.000 ppm no período pré-cambriano, há mais de 50 milhões de anos5. Se esse raciocínio estivesse certo, a vida jamais poderia ter se estabelecido na Terra.
Voltando ao caso de Vênus, o planeta de fato é muito quente e a abundância de CO2 é cerca de 95,5%3. No entanto, em Marte, a abundância de CO2 é cerca de 95,1%, mas a sua temperatura média sendo em torno de -63°C6. Se é verdade que o CO2 controla a temperatura, Marte jamais deveria ter uma temperatura tão baixa. A explicação para essa discrepância de temperatura está na pressão atmosférica e não na concentração de CO2. Em Vênus, ela é cerca de 92 vezes maior do que a pressão daqui da Terra ao passo que a de Marte é 0,0063 da pressão terrestre.
A água controla o clima da Terra através dos oceanos. Estes, cobrem cerca de 70% da superfície do planeta e funcionam como um verdadeiro radiador, além de controlar a abundância do CO2 na atmosfera. Assim, quando os oceanos se aquecem a atmosfera segue junto e por causa disso a concentração de CO2 aumenta. Ao contrário, se a temperatura dos oceanos se esfriar então a atmosfera também se esfria e a concentração de CO2 diminui, voltando para os oceanos num processo químico chamado de solubilidade. Ou seja, a concentração de CO2 não determina a temperatura global, mas o contrário.
Assim, associar as catástrofes climáticas ao aumento do Efeito Estufa é uma afirmação que não se verifica cientificamente. Dito de outra forma, o “problema” das mudanças climáticas é uma questão política, não científica.
Referências
1.A ANÁLISE DO EFEITO ESTUFA EM TEXTOS PARADIDÁTICOS E PERIÓDICOS JORNALÍSTICOS. Xavier, M. E. R. e Ker, A. S. Cad. Bras. Ens. Fís., v. 21, n. 3: p. 325-349, dez. 2004.
2.Perguntas Frequentes. Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – INPE. http://www.inpe.br/faq/index.php?pai=9#:~:text=O%20que%20%C3%A9%20o%20efeito,seja%2C%2033%C2%B0C%20menor.
3.Venus Fact Sheet: https://nssdc.gsfc.nasa.gov/planetary/factsheet/venusfact.html
4. A concentração de CO2 na atmosfera continua aumentando. EcoDebate: https://www.ecodebate.com.br/2022/01/26/a-concentracao-de-co2-na-atmosfera-
continua-aumentando/#:~:text=Contudo%2C%20no%20momento%2C%20o%20mundo,ppm%20em%20maio%20de%202022.
5. GEOCARB III: A REVISED MODEL OF ATMOSPHERIC CO2 OVER PHANEROZOIC TIME. ROBERT A. BERNER and ZAVARETH KOTHAVALA. [American Journal of Science, Vol. 301, February, 2001, P. 182–204]
6.Mars Fact Sheet: https://nssdc.gsfc.nasa.gov/planetary/factsheet/marsfact.html
Na escola somos adestrados a pensar politicamente
e não de modo científico.
Já tinha ouvido o climatologista Eduardo Augusto Felício falar sobre esse assunto. Segundo ele o clima foi politizado para que a agenda globalista climática (ONU 2030) pudesse caminhar placidamente. Isso foi feito com a chancela de um monte de ‘pseudocientistas’, vagabundos, que se venderam por um punhado de dólares para viabilizar as coisas do interesse deles. O Ricardo Felício, por tentar desmistificar essas falácias, é cruelmente perseguido pelos que querem que engulamos essas teorias toscas e sem cunho científico. Esse físico Alberto aí do artigo eu não conhecia mas está de parabéns pela explicação simples e direta. Creio que ele terá que se preparar pois, com certeza, será duramente perseguido pelos seus ‘colegas’ por falar a verdade. Parabéns também ao PHVox por trazer à baila um assunto tão complexo que poucas pessoas entendem e se interessam.
“Conheceras a verdade e a verdade vos libertará” nos orientou o Mestre … Obrigada por dividir conosco seu conhecimento nos libertando das garras do poder maligno!
Os russos financiam essa falácia para que a Europa seja dependente do gás russo.
Muito esclarecedor o artigo. Parabéns!