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Sejam céticos!

O sentimento religioso e a necessidade de fé é o combustível que alimenta os manipuladores. A urgência que as pessoas têm de seguir alguém torna-as um instrumento perfeito para que sejam direcionadas para onde os manipuladores desejam.

Não é à toa que Deus ensinou que não se deve confiar na força do próprio braço, mas resumiu esse conselho à frase “maldito do homem que confia no homem”. O problema é depositar uma confiança cega na própria humanidade, que é falha e volátil.

A fé é uma força dispensada para ser lançada sobre aquilo que é infalível. Por isso, o cristianismo ensina que se deve ter fé em Cristo, que é o próprio Deus. Assim, fora dele tudo seria incerto e inconfiável.

A lição que fica é que, quando se trata de depender dos outros, de seguir as instruções dos outros, um pouco de ceticismo sempre é aconselhável. A fé é virtude apenas quando voltada para o inerrante, a desconfiança só é pecado quando direcionada para o infalível.

Mas existe uma necessidade natural de fé e é isso que leva as pessoas a buscarem guias humanos. Então, elas ingressam em movimentos não – como é aconselhável – de uma maneira cética e cuidadosa, mas com fé, até com ardor religioso. A partir daquele momento, tudo o que é dito ali é certo, tudo o que vem de fora, errado.

As pessoas costumam substituir os antigos guias por novos guias, param de ouvir os velhos conselhos para seguir os novos conselhos, trocam as antigas verdades absolutas por novas verdades absolutas. Não há suspeita, apenas troca de crença.

Aqueles, então, que têm uma visão do processo, que entendem como funciona a alma humana e possuem objetivos escusos, para os quais as massas tornam-se imprescindíveis, usam-nas a seu bel-prazer, manobrando as mentes como bem entendem.

Nossos tempos, com seu excesso de informação e conexões imensas, são propícios, como nunca se foi, para todos os tipos de jogos manipulatórios. Por isso, se eu pudesse, daria apenas um conselho: “sejam céticos!”.

Assista à aula do professor Fábio Blanco sobre o mesmo tema:

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