Não foram poucas as vezes que testemunhamos pessoas e grupos com imensa dificuldade de condenar atos terroristas. Pelo contrário, fazem as mais complexas acrobacias verbais para, no mínimo, igualar agressores e vítimas.

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Geralmente, esses justificadores do terrorismo encontram-se no espectro político de esquerda, como é o caso daqueles que evitam condenar explícita e nominalmente grupos como o Hamas e o Hezbollah, mesmo quando estes cometem as mais sanguinárias agressões.

Mas por quê a esquerda tem essa tendência a escusar o terrorismo? A resposta está nos alicerces filosóficos de sua ideologia.

A filosofia marxista, fundamento do pensamento esquerdista, por meio de sua perspectiva dialética, conclui que todas as sociedades são compostas por duas classes ─ uma que detém os meios materiais e outra que é explorada por ela ─ que lutam entre si. Isso significa que toda sociedade se encontra dividida entre opressores e oprimidos.

O destino de toda sociedade, por meio dessa luta de classes, é a vitória dos oprimidos sobre os opressores, dando origem a uma nova configuração social, que é superior à anterior.

Como o resultado inescapável da luta social é transformar a sociedade em algo melhor, os oprimidos são tidos por agentes legítimos de mudança, ainda que usem dos meios mais violentos para isso. Por isso, tudo o que fazem está desculpado de antemão.

É certo que, para a ortodoxia marxista, são os proletários que fazem o papel de classe oprimida. Como, porém, eles desprezaram sua missão histórica, os pensadores apressaram-se em substituí-los por qualquer grupo que se levante contra o poder estabelecido ou que prometa causar alvoroços revolucionários, como é o caso de quase todos os movimentos terroristas.

Por essa razão, os esquerdistas vacilam quando são instados a condená-los, afinal, os terroristas costumam carregar a bandeira de um levante contra forças opressoras. Assim, mesmo que eles causem danos terríveis, mortes e horror, estariam cumprindo seu papel histórico e, só isso, já é suficiente para a mentalidade socialista considerar válido tudo o que fazem.