Um chapéu
Um bom homem deve levar
Na cabeça um bom chapéu
Tira-se o chapéu
Para respeitar alguém
Ou um ambiente respeitável
À moça que passa
Ao rapaz que observa
À nave da capela
Com um bom chapéu
Um bom homem abana a face
Alivia a dor ao fechar
Os olhos com a brisa austera
Do chapéu
Um bom homem deve levar
Na cabeça um bom chapéu
Para contar histórias
Enquanto agita levemente
O acessório que esteve
Em cada uma das aventuras
Sente-se prazer ao desnudar do chapéu
Refresca, alivia
Sente-se prazer ao cobrir-se com o chapéu
Aconchega, conforta
Um bom homem deve levar
Na cabeça um bom chapéu
Para repousar sobre o peito
A fim de repousar também a si
Para ocultar a face, por vezes
A fim de obscurecer a vista e,
Também repousar a si
Um bom homem deve levar
Na cabeça um bom chapéu
Para dar olhar linheiro sob sua aba,
Como que desconfiado,
Ou cansado da caminhada
Ou à procura de alguém
Para respeitar
Um bom homem deve levar
Na cabeça um bom chapéu
Pois nos aparenta
Pingos de sabedoria
Dá elegância viril
Faz recordar o cheiro
De nosso avô
[…]
Andamos uma milha a mais
Do que foi-nos pedido a andar
Mas não se enganem
Quem acha que chapéus servem
Apenas para coisas assim tão importantes
Por vezes até nos abrigam
Desse sol de meu Deus,
Que lambe meu sertão
E eu que, nem sou um bom homem
Nem tenho um chapéu tão bom assim
Recomendo aos demais:
Levem na cabeça um bom chapéu
[Faz recordar o cheiro de nosso avô]
Anderson C. Sandes — Poeta, autor de Baseado em Fardos Reais, organizador da Antologia “Quando Tudo Transborda”. Graduado em Pedagogia.
Muito bom Anderson! Sigo voce no Saia da Caverna!!
Excelente. Chapéu lembra meu saudoso avô, que nunca estava longe do seu chapéu.
Adorei a poesia. Vou utilizá-la no aniversário de 89 anos do meu avô.
Encantada.