Saber que o estabelecimento do nível do mar possui sérios problemas de precisão[1], não impede que ele seja determinado ou estimado. Também não impede que haja análise envolvendo o clima como agente influenciador de seu nível. Com efeito, existem várias tentativas dessa natureza e, com elas, previsões catastróficas, que felizmente, não foram verificadas.

E como o nível do mar é estimado? O primeiro passo, obviamente, é medi-lo regularmente ao longo do dia, meses, anos e também décadas com a ajuda de marégrafos[2] e extrair uma média desses níveis em várias cidades espalhadas pelo mundo conforme mostrado na figura 1.

Figura 1: Médias mensais do nível do mar a partir dos dados do PSMSL (a) Marégrafos da Argentina; (b) Marégrafos do Norte e Nordeste do Brasil. Na fig. 3a é possível ver picos positivos entre os anos 1957 e 1959, entre os anos 1972 e 1973, e no ano de 2015 e 2016. Esses picos são geralmente devido a tsunamis ou eventos climáticos como El Niños. Figura adaptada de: [Link aqui]

Com esses dados disponíveis, modelos são criados e confrontados com as medidas a fim de conhecer quais fatores influenciam e o quanto eles são relevantes.

Dito de outra forma, esses dados servem para que possamos quantificar a influência de cada fenômeno terrestre na alteração do nível do mar. Isso também pode ser usado para estabelecer uma relação entre as emissões dos ditos gases de efeito estufa pelo homem e o aquecimento global com consequente aumento do nível do mar provocado pelo derretimento das geleiras. No geral, quando é feita uma medida numa estação qualquer, ela é considerada como sendo constituída por uma soma de três componentes[3]:

nível observado = nível médio + maré + resíduos de origem meteorológica do mar,

onde cada uma é controlada por processos físicos distintos, cujas variações são independentes entre si.

Quando há aumento no nível do mar eles são identificados comparando os níveis de diversos pontos de referência ao longo de muitas décadas conforme mostrado na figura 2.

Figura 2: Variação do nível do mar a longo prazo observadas em oito estações. Há uma clara tendência de aumento, porém em Sitka ocorre justamente o contrário, demonstrando a dificuldade que existe em estabelecer uma correlação segura do nível do mar global. Adaptado de [Link aqui]

Não é errado supor que durante as eras glaciais a água fica retida nas calotas polares, forçando o nível do mar a recuar. O oposto também é verdadeiro, ou seja, o aquecimento derrete o gelo, que por sua vez força a subida do nível do mar. Tais eventos deixaram suas marcas nos registros geológicos ao longo dos milhões de anos e isso pode ser verificado arqueologicamente[4].

No entanto, há também a existência de flutuações nas placas tectônicas, provocadas por influência gravitacional de diversas naturezas, como o caso da Lua e do Sol no deslocamento dessas placas[5], e esses processos ainda não são totalmente conhecidos. Assim, não há como estabelecer uma relação confiável entre o clima e os oceanos se tais efeitos não forem muito bem compreendidos.

Uma prova que esse nível de confiança ainda está muito aquém do imaginado, são algumas previsões catastróficas sobre o nível do mar e a quantidade de gelo que não foram verificadas.

Como exemplo, já houve a afirmação de que o Verão no Ártico aconteceria sem gelo por volta de 2013 [6]. Em 2007, amparado por modelos climáticos oriundos de simulações em supercomputadores e com o apoio de amigos da NASA e do Instituto de Oceanologia da Academia Polonesa de Ciências (PAS), o cientista Wieslaw Maslowski previu, na reunião da União Geofísica Americana, que em 2013 o Verão no Ártico não teria mais gelo dentro de cinco a seis anos [2]. Claramente tal previsão não se confirmou e o gelo continua por lá [11].

Outras afirmações na época também foram vinculadas com esse mesmo perfil catastrófico [7],[8],[9] e em uma das previsões do Painel Intergovernamental para Mudanças Climáticas da ONU (IPCC), que dizia que o gelo no Himalaia poderia desaparecer completamente até 2035, foi contestada por especialistas argumentando que essa afirmação é fisicamente impossível de acontecer. Tal fato levou o então vice-presidente do IPCC, Jean-Pascal van Ypersele, a admitir o erro em janeiro de 2010 [10].

Falhas em previsões são comuns no meio científico, porém elas são rapidamente descartadas e corrigidas a fim de aprimoramento do conhecimento.

Infelizmente isso não é o que acontece nas previsões baseadas em modelos computacionais e a razão disso é que o protagonismo dessas previsões saiu do campo científico para se tornar uma bandeira política. A criação do IPCC pela ONU é uma prova disso. O problema é que eles usam cientistas muito bem pagos para embasar suas afirmações e dar um caráter de credibilidade científica a fim de cooptar o público leigo para essa causa.

Aliados à constantes reportagens na mídia, edições em livros didáticos, perseguições e cortes financeiros a pesquisadores contrários a essa visão, cria no imaginário mundial a percepção de que o aquecimento global antropogênico é um fato incontestável.

No entanto, basta um acompanhamento atencioso do que é divulgado com o que é observado para verificar as inconsistências. O ensino nas escolas está perdendo esse perfil crítico e o argumento de autoridade tem ganhado espaço cada vez mais relevante do que o de verificação e questionamento. Claro, é mais viável confiar nos especialistas do que pensar por si mesmo e conferir se faz minimamente sentido o que eles estão dizendo.

Infelizmente há muito dinheiro envolvido e tem muita gente e instituições dispostas a vender sua credibilidade profissional para essa causa. Tal característica torna trabalhos como este quase que um suicídio de reputação ao discordar dessas grandes corporações. Felizmente ainda existem pessoas e organizações dispostas a pagar o preço em prol da Verdade.

Bibliografia

[1] Influência das placas tectônicas e da Lua sobre o nível do mar
[2] Tipos de marégrafos
[3] Manual de Medição e Interpretação do Nível do Mar
[4] Thesaurus Ilustrado de Estratigrafia Sequencial e Termos Associados
[5] Placas tectônicas e deriva dos continentes são impulsionadas pela gravidade
[6] Arctic summers ice-free ”by 2013”
[7] An ice free North Pole?
[8] Arctic expert predicts final collapse of sea ice within four years
[9] Gelo no Ártico pode sumir em 2023
[10] Órgão da ONU admite erro em previsão sobre aquecimento global
[11] Northern Hemisphere Sea Ice exetent