Uma das grandes preocupações do ativismo climático é a suposta elevação do nível do mar devido às mudanças climáticas. Essa preocupação não é sem fundamento, já que cerca de 60% da população mundial, ou cerca de 3 bilhões de pessoas, vivem a menos de 50 km da costa [1]. No entanto, há muita manipulação e terrorismo nas projeções catastróficas alegadamente associada à ação do homem sobre a Natureza. Felizmente muitas dessas alegações podem ser refutadas com evidências simples e de conhecimento comum, desde que sejam devidamente conhecidas e adequadamente entendidas.

Nesse contexto, convém perguntar, faz sentido falar em nível do mar? Certamente para a maioria das pessoas, sim, pois elas possuem uma noção irreal da estrutura da Terra. Não é incomum encontrar pessoas imaginando a Terra como um corpo rígido, embora saibam que ela possui magma, mas nunca pararam para tentar conciliar os dois cenários. Certamente devem achar que a água repousa sobre um solo rígido e inflexível. Bem parecido com a imagem abaixo:

Fig. 1: Se toda a água do planeta fosse concentrada em uma esfera, seu diâmetro não seria maior do que a largura dos EUA. A ilustração mostra como deveria ser a Terra sem água. Figura extraída de https://www.tecmundo.com.br/mega-curioso/23271-quanta-agua-existe-no-planeta-terra-.htm

Há quem queira chamar o nosso planeta Terra de planeta água, já que ela cobre cerca de 70% da sua superfície [2]. Seja como for, esse tipo de visão favorece a percepção de que há um fundo onde a água repousa, o que a partir de então é possível estabelecer um nível do mar. Tal conceito está muito longe de ser verdade, pois a realidade da formação do nosso planeta é que a crosta terrestre, ou seja, essa parte onde pisamos, é apenas uma finíssima camada de rocha sólida (se comparada ao raio da Terra), chamada de crosta, que chega a ter até 70 km dependendo do lugar do planeta, que flutua sobre um manto gigantesco de quase 3 mil km de espessura, de magma fervente e borbulhante.

Figura 2a: Esquema mostrando as camadas de profundidade da Terra. Note a diferença entre as profundidades das camadas.
Figura 2b: Frame de um vídeo demonstrando o encontro de duas placas tectônicas. Para mais detalhes veja o vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=P3FhtxeDaz4 

É possível notar então que os oceanos estão em cima de placas tectônicas, que por sua vez flutuam sobre o manto terrestre, que está em constante movimento devido ao calor que emana do centro da Terra e que provoca o deslocamento dessas placas tectônicas, modificando sua aparência ao longo dos milênios. Como essas placas possuem espessuras diferentes elas podem ficar desniveladas umas em relação às outras e cada placa pode conter volumes de água diferentes sobre si.

Daí a dificuldade em estabelecer um nível de referência confiável do mar. Para se ter uma ideia, o Oceano Pacífico é cerca de 25 cm mais alto do que o Oceano Atlântico [3].

Outro agente que altera o nível do mar é a Lua. A força gravitacional que a Lua exerce sobre os oceanos provoca uma elevação substancial dependendo da posição que ela esteja sobre a Terra.

O plano da órbita é inclinado cerca de 5,15º em relação ao plano da órbita da Terra em torno do Sol (Vela as figuras 3 e 4). A cada 18,6 anos a inclinação da órbita da Lua em relação ao Equador terrestre, varia de 18,4° até 28,6º.

Quando a Lua está mais distante da linha do Equador, a força gravitacional exercida por ela eleva o nível do mar nas regiões próximas à altura onde se encontra a Europa e EUA. Isso força as águas quentes dos oceanos equatoriais a migrarem em direção ao Pólo Norte. Essa transferência de calor faz com que as geleiras derretam por baixo, fazendo-as desmoronar na superfície da água e consequentemente diminuindo a quantidade de gelo no Ártico. Ou seja, um fenômeno completamente alheio ao que se alega ser devido ao aquecimento da atmosfera. Tanto é que enquanto o gelo segue diminuindo no Ártico, ele aumenta na Antártida, no mesmo período [4]. Fato incompatível com o contexto de uma atmosfera aquecida. Vale ressaltar também que o gelo que já se encontra na água não provoca o aumento do seu nível quando derrete.

Figura 3: Lua na sua inclinação mais alta em relação à linha do Equador. Sua órbita é inclinada em relação à órbita da Terra, cerca de 5,15º. Quando a Lua atinge essa configuração as águas equatoriais quentes são transportadas para o Ártico provocando o derretimento do gelo naquela região.  
Figura 4: Lua na sua inclinação mais baixa em relação à linha do Equador. Note que nessa configuração as águas quentes equatorianas ficam retidas nessa região e o gelo no Ártico volta a aumentar. Coincidentemente é nessa configuração que acontecem os El Niños mais fortes.

Esses fenômenos até são ensinados na escola, mas eles são dados de forma tão descontextualizada que fica difícil para o estudante ter uma consciência situacional do que acontece com o planeta. Tais falhas de ensino favorecem o afloramento de narrativas que visam tão somente usar cenários catastróficos pseudo científicos a fim de convencer a sociedade que somos todos culpados pelas mudanças climáticas e legitimar ações governamentais que promovam um estilo de vida austero para todos em nome de uma suposta causa maior.

Referências

[1] Núcleos urbanos e industriais

[2] Água no Planeta Terra

[3] O nível do mar é plano?

[4] O aumento da cobertura de gelo marinho da Antártida