A prisão de Pavel Durov, CEO do Telegram, em um aeroporto de Paris preocupa os proprietários de outras plataformas que alertam sobre as próximas ações de censura. Ironicamente, e como afirma o jornalista americano Tucker Carlson, não foi o presidente russo Vladimir Putin quem o prendeu, mas um país europeu, onde deveria haver liberdade de expressão.

As acusações contra o CEO do Telegram estão relacionadas a “várias violações de seu serviço de mensagens criptografadas”, cujo mandado de prisão foi emitido pelo Escritório Francês de Luta contra a Violência contra Menores (OFMIN) como parte de uma investigação sobre supostos crimes que vão “desde fraude, tráfico de drogas, cyberbullying, crime organizado e glorificação do terrorismo”, de acordo com o jornal francês Le Monde.

O caso é acompanhado de perto por Elon Musk, CEO da X. Ele não apenas republicou uma entrevista que Pavel Durov deu a Carlson, para o dono da Tesla é uma questão de tempo até que as organizações ocidentais queiram ir contra sua própria plataforma. Ele aproveitou a oportunidade para lembrar que “moderação é uma palavra de propaganda para censura”.

O discurso de Durov que incomoda a França

A “falta de moderação no Telegram e a falta de cooperação” de Pavel Durov em relação às autoridades fazem parte das acusações do sistema de justiça francês. Considerando que a plataforma de mensagens tem mais de 950 milhões de usuários ativos mensais e é um dos cinco aplicativos mais baixados do mundo, não faltam motivos para este país e a União Europeia quererem controlá-la argumentando “proteção dos usuários”.

Por ser um defensor da liberdade de expressão, ele conquistou Putin como inimigo e, ao mesmo tempo, parte dos governos ocidentais. A pista está na entrevista que ele deu ao jornalista americano: “A humanidade precisa de uma plataforma neutra como o Telegram que respeite a vida privada e a liberdade das pessoas (…) Na realidade, não importa se é usado pela oposição ou pelo partido no poder. As regras são as mesmas para todas as partes. Dessa forma, somos imparciais”, disse ele na época. Esta foi a resposta de Tucker Carlson após a prisão:

“Pavel Durov está esta noite em uma prisão francesa, um aviso vivo para qualquer proprietário de plataforma que se recuse a censurar a verdade a mando de governos e agências de inteligência. A escuridão está descendo rapidamente sobre o mundo anteriormente livre.

Pavel Durov deixou a Rússia quando o governo tentou controlar sua empresa de mídia social, o Telegram. Mas, no final, não foi Putin quem o prendeu por permitir que o público exercesse a liberdade de expressão. Era um país ocidental, um aliado do governo Biden e membro entusiasmado da OTAN,… https://t.co/F83E9GbNHC

— Tucker Carlson (@TuckerCarlson) 24 de agosto de 2024

Defensor da liberdade

Pavel Durov controlava o Telegram do exílio em Dubai. Lá, sua empresa “se refugiou das regras de moderação do Estado, em um momento em que a União Europeia, como os Estados Unidos, pressiona grandes plataformas a remover conteúdo ilegal”.

Em 2006, ele fundou o Vkontakte, o Facebook russo, mas o vendeu em 2014 para a Rússia por se recusar a bloquear os grupos de organizadores dos maiores protestos antigovernamentais, ocorridos em 2011, desde a queda da União Soviética. Os aviões de papel feitos de notas de dólar que ele lançou de seu escritório quando ainda dirigia a outra plataforma foram a prévia da criação do Telegram, fundado com seu irmão Nikolai.

Respondendo às acusações de que terroristas ou traficantes de drogas usam o Telegram para se organizar, Durov disse que isso “não deve ser usado como desculpa para organizar uma caça às bruxas ou transformar a sociedade em um campo de concentração”.

Chris Pavlovski, CEO do Rumble – uma versão menos restritiva do YouTube – também se manifestou depois de conseguir deixar a Europa: “A França ameaçou o Rumble e agora cruzou uma linha vermelha ao prender o CEO do Telegram, Pavel Durov, por supostamente não censurar o discurso”.

De Oriana Rivas para o PanAm Post.