Cidade do México, 1º set (EFE).- Milhares de estudantes universitários de direito protestaram neste domingo contra a reforma judicial do presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, que pretende estabelecer eleições populares de todos os juízes e da Suprema Corte a partir de 2025.

Os jovens, liderados por estudantes da Faculdade de Direito da Universidade Nacional Autônoma do México (UNAM), marcharam do Anjo da Independência ao Senado momentos antes de López Obrador entregar seu último relatório oficial do governo e antes da posse do novo Congresso.

“Democrático é o poder que é exercido com a aprovação de todo o povo, não apenas das esmagadoras maiorias”, disse um dos oradores no Anjo da Independência, onde bandeiras mexicanas tremulavam.

A manifestação contou com a participação de estudantes de outras instituições públicas, como o Centro de Pesquisa e Ensino Econômico (CIDE), e de instituições privadas, como a Escola Livre de Direito (ELD), a Universidade Iberoamericana e o Instituto Tecnológico Autônomo do México (ITAM).

Os estudantes denunciam que a reforma, que López Obrador pretende promulgar antes de deixar o cargo em 1º de outubro, afetará a carreira judicial e permitirá a interferência de “interesses estrangeiros” na justiça.

Mas o presidente disse na quinta-feira que os professores, influenciados por uma ideologia “neoliberal”, estão “enganando” os alunos com “que é injusto e ilegal realizar uma reforma do Judiciário ou antidemocrático”.

Os estudantes universitários se recusaram a ser manipulados. “Jovens informados, reforma rejeitada!”, gritavam enquanto avançavam pelo Paseo de la Reforma, a principal avenida da capital mexicana, onde também lançaram reivindicações à presidente eleita, Claudia Sheinbaum, que apoia a iniciativa.

🇲🇽 MÉXICO OUÇA, ESTA É A SUA LUTA

Jovens mexicanos a caminho do Senado da República. Milhares e milhares de jovens nas ruas para salvar a democracia. O movimento estudantil, a última esperança do país.

NÃO à reforma judicial. pic.twitter.com/qjNbcGLPYy

— Agustín Antonetti (@agusantonetti) 1 de setembro de 2024

“Senhor presidente, senhora presidente eleita, jovens, estudantes, não se enganam”, disse outro dos oradores, alguns dos quais não se identificaram por medo de represálias.

A manifestação contou com a participação de juízes e trabalhadores do Judiciário, que realizam uma greve nacional contra a polêmica reforma no México desde 21 de agosto.

Também o Conselho Geral de Advogados Mexicanos, que “apoiou firmemente a defesa da independência do Judiciário e o respeito ao Estado de Direito no México”.

O partido governista planeja discutir a reforma judicial a partir desta segunda-feira na sessão plenária do Congresso, na qual começa uma nova legislatura na qual a aliança de partidos de López Obrador terá agora a maioria qualificada, dois terços dos assentos, para modificar a Constituição do México sem obstáculos.