A vida tem seus aspectos terríveis e, dependendo da perspectiva pela qual se escolha olhar, ela pode parecer sombria e aterradora. Algumas pessoas, como Sartre, se apegaram a esses aspectos tétricos da existência, mergulhado num sentimento de náusea perpétua que marcou sua filosofia. Errou porém ao alijar da experiência um outro lado que também existe, da beleza, da fraternidade, da amizade, do amor e da abnegação. A filosofia sartreana pode até levantar pontos incomodamente verdadeiros, mas é falha ao esquecer que são apenas aspectos, não a essência da vida.
Curioso, esta apreciação “bate” inteiramente com a minha experiência juvenil (anos 60) da leitura de Sartre. Na época, sem saber muito bem porquê, saía dessas leituras com uma sensação de angústia e desalento. Afinal, se “o inferno são os outros”, toda e qualquer fraternidade é impossível e o mundo, uma jaula sem possibilidade de escape. Dada minha pouca idade e o prestígio esmagador de Sartre na época, eu sequer me atrevia a pensar isso que o Fábio escreve com singela profundidade. Achava que era eu que “não estava entendendo”. Mas alguns anos depois, tive coragem intelectual para me livrar da campânula sufocante do existencialismo.
Belo comentário acima.
Aprendendo a cada dia um pouquinho.
Em minha luta para sair da ignorância que o estado me impôs.
Hoje minha memória não é mais confiável,como na juventude mas, ainda que me esqueça daqui algumas semanas, tenho no presente a sensação de liberdade.
Ótimo artigo