Nós fomos coniventes com a propaganda e, hoje, pagamos o preço de não conseguirmos mais distinguir a realidade da mentira.
Usar o discurso como forma de tornar a realidade mais atraente, de alguma maneira, sempre existiu. No entanto, foi no período da Primeira Guerra Mundial que ele se tornou, por meio da propaganda, um instrumento político de movimentação das massas.
A criação de mentiras como arma política foi aceita como legítima e, então, a propaganda viu-se livre para transbordar dos meios políticos e penetrar em outros âmbitos sociais, como o marketing e o jornalismo cotidiano.
A narrativa propagandística foi tão normalizada que, no discurso político, nas ofertas comerciais e mesmo nas notícias já não conseguimos mais distinguir o fato da ficção, a descrição da fábula, a verdade da mentira.
Se a Filosofia é a busca da verdade, então a propaganda é a anti-filosofia, porque para a propaganda a verdade não é importante; no máximo, um pretexto; nunca um fim, nem um objetivo.
Eu rechaço a propaganda por reconhecer nela a causa de muitas das confusões do nosso tempo, quando não a responsável direta pelas piores mazelas desde o século XX.