Aconteceu num Brasil
de três séculos atrás
a história que aqui se traz
da graça primaveril
que Maria aqui nos faz.
Felipe, Dinho e João
saíram para pescar,
pra poder alimentar,
de passagem na região,
um tal Conde de Assumar.
Não tinha peixe no rio
e a coisa não ia bem:
“Ali, acolá e além,
nada para o senhorio
esta pobre água tem”,
disse o Dinho encafifado,
“será que não haveria,
seguindo por esta via,
algum peixe do outro lado?
É rezar para Maria!”
Pois foi o que eles fizeram:
o Ave Maria rezaram
e a rede outra vez lançaram,
e que surpresa tiveram:
Maria de lá puxaram,
o corpo e então a cabeça.
Não era um tambaqui,
mas mexendo aqui e ali,
juntando peça com peça,
a Mãe de Deus lhes sorri!
A rede mais uma vez
eles jogaram, e agora
não podiam tirar fora,
tão pesada ela se fez,
com peixe brotando afora.
Pelos séculos adiante
muito mais intercedeu
pelo brasileiro Seu
a escurecida radiante
santinha que apareceu
no rio por aquele dia.
Obrigado, Mãe querida,
“doçura, esperança e vida”,
abençoai-nos, Maria,
Senhora de Aparecida!