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Armadilhas eleitorais

Texto publicado originalmente em Mídia Sem Máscara, no dia 16 de agosto de 2006.

O Brasil é uma das raras excrescências mundiais que obriga os cidadãos a votarem, mesmo contra sua vontade. Não há democracia liberal que exista com voto obrigatório. Nas verdadeiras democracias do mundo quem não vota é considerado como um igual dos demais, jamais lhe é cobrado que “se não votou, não pode reclamar”, esta imbecilidade caipira de países que não conhecem a verdadeira liberdade. Tenho amigos nos EUA que nunca votam, outros votam em partidos sabidamente sem possibilidades como o Libertarian Party que talvez consiga um ou outro representante municipal na Califórnia.

O voto obrigatório foi criado por um ditador e sua manutenção é parte do verdadeiro “entulho totalitário” getulista como as injustificáveis justiças especializadas, os conselhos profissionais, resquício do corporativismo fascista, a CLT, e tantas outras amarras que mantém o gigante eternamente deitado em berço esplêndido. Esplêndido para quem vive às custas do alheio, dos extorsivos impostos que nos cobram.

O voto obrigatório é uma armadilha que obriga a quem não encontra candidato de seu agrado a anular o voto, ou votar em branco ou se abster pagando uma irrisória multa de 1 a 10% do salário mínimo, a critério do juiz da Zona Eleitoral.

É o que tem acontecido nas últimas farsas eleitorais e se repetirá na próxima onde teremos que optar entre um apedeuta a mando do Foro de São Paulo e um legume pau mandado do Diálogo Inter-Americano que visa fazer o que o seu mestre FHC começou: acabar com as Forças Armadas da América Latina visando um futuro Governo Mundial, por mando do Council on Foreign Relations, da Trilateral Commission, do Inter-American Dialogue e do Clube Bilderberg. A mim, como a muitos, só resta a abstenção ou, se não quiser ter a imensa trabalheira para pagar a multa, comparecer e anular o voto ou votar em branco.

Não posso concordar com João Nemo, pois não me considero um obtuso córneo (sei lá o que isto significa!) nem um cínico de má-fé. Na verdade, não me importo muito com as opiniões alheias. Importa-me, sim, o que minha consciência me obriga: ser um homem livre cujo voto não deve explicações a ninguém.

Na última eleição tivemos quatro candidatos de esquerda; nesta são três. Não adianta tentarem me convencer que o Alckmin é um liberal. Se fosse, não estaria no partido social-democrata e imposto diretamente pelo príncipe do Inter-American Dialogue – que declarou que suas divergências com o PT são apenas políticas, não ideológicas – nem estaria prometendo distribuir remédios grátis à população carente. Provavelmente está prevendo ampliar e aprofundar o roubo de seu colega quando foi Ministro da Saúde: quebrar mais patentes de medicamentos favorecendo suspeitos laboratórios indianos – sim, quebrar patentes é roubo de propriedade intelectual, pirataria igual às cópias de software sem pagar licença. O PFL ao compor com o PSDB mostra que não é nem liberal nem oposição.

Quando Lula sofria seus piores índices de popularidade em função dos escândalos de corrupção nem o PSDB, por ser ideologicamente idêntico ao PT, nem o PFL, por covardia – e ambos por terem incontáveis rabos presos – aproveitaram para detonar o processo de impeachment, preferindo “deixar Lula sangrar até a morte”. Agora querem fingir ser de oposição?

Não voto em chuchu!

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