Quando menos esperamos, a desinformação bate em nossa porta! Eis que, ao abrir o Portal G1 deparo-me com a seguinte matéria:
Vamos para uma breve análise
A deputada eleita é a senhora Maria das Graças Carvalho Dantas, que posa para a foto fazendo o gesto símbolo dos revolucionários, principalmente comunistas: punho erguido e cerrado.
Ao ler o texto, percebemos que a senhora Maria das Graças, exalta e coloca-se como herdeira do legado de Maria Bonita:
“Sou nordestina cabra da peste, daquela que pega a peixeira e coloca no meio dos dentes, discípula de Maria Bonita.”
Sim Maria Bonita, a esposa do assassino Lampião. Maria Bonita, cúmplice de assassinatos, estupros, roubos, invasão de propriedade, entre muitos outros crimes, é a figura histórica que inspira a mais nova deputada espanhola.
Qual o “pulo do gato” da desinformação?
Mesmo após estes detalhes “menores”, aonde de fato está a desinformação? Logo no início a matéria esconde – recortando o quadro – a camisa trajada na foto abaixo:
Mas… por que? Preferência política faz parte da democracia, mas a matéria em questão tem um objetivo claro com a personagem: colocá-la como uma brasileira batalhadora, que mesmo frente as dificuldades do sertão nordestino “ganhou o mundo”. No bom e velho dito popular: brasileira de espírito aguerrido que agora luta não por ela, mas por um novo povo.
Ainda na matéria citada no início, declara-se cabra da peste e membro do partido Esquerra Republicana de Catalunya.
Este partido foi um dos personagens da crise política de 2017 entre a Catalunya e Espanha. É importante deixar por um momento de desconsiderar a questão histórica que envolve as partes, pois neste episódio, todo o movimento foi inflado por alas comunistas, como relatado na época pelo grande analista político José Carlos Sepúlveda da Fonseca, no canal Terça Livre (clique para ver o vídeo).
Este é o processo clássico para pescar a atenção e formar a opinião dos leitores sem aprofundamento político: O brasileiro que acorda cedo, trabalha o dia todo e cuida de sua família. Acima de tudo a matéria tenta manipular de tal forma que a nobre deputada aparente ser alguém sem posicionamento ideológico perceptível aos desavisados. Isto é o que Ion Mihai Pacepa chama de “glasnost”, que em poucas palavras podemos definir como um processo de polir a imagem de determinado personagem ou figura pública.
Este pequeno texto tem o objetivo de mostrar como a desinformação é uma ferramenta revolucionária extremamente difícil de combater, pois uma simples chamada, evocando o espirito nacional e o patriotismo, esconde um grande emaranhado politico-ideológico por trás.