Na fatídica sexta-feira, dezesseis de julho de 2021, festa de Nossa Senhora do Carmo, os católicos foram surpreendidos com a explosão impactante da “bomba” do motu próprio Traditionis Custodes proibindo a missa tridentina (ou de São Pio V), conhecida como a “missa de sempre” com restrições carregadas de ressentimentos contra os tradicionalistas católicos.

A missa tridentina, resultado da reforma litúrgica do Concílio de Trento (1545-1563), ato que coroou a contra-reforma na promulgação do missal romano pelo Papa São Pio V (1570), mesmo passando por reformas pontuais pelos papas sucessores, nunca foi proibida e muito menos revogada, nem mesmo pela reforma litúrgica do Concilio Vaticano II (1963–1965) e nem pelo novo missal do São Paulo VI (1970) e, mesmo posta em proposital desuso, reconquistou com o motu próprio Summorum Pontificum do Papa Bento XVI (2007), um lugar ao sol na vida da Igreja como forma extraordinária da lex orandi do rito romano, lugar ainda marginal e injusto, porém, dando às gerações dos católicos de hoje conhecer o inestimável tesouro da tradição católica.

Fora isso, em analogia com a contra-reforma que combateu contundentemente as heresias protestantes desde o século 16, a missa antiga se coloca como a grande espada, escudo e estandarte da fé católica na promoção da contra-revolução como uma muralha intransponível contra as heresias hodiernas. Foi assim que muitos católicos, a maioria deles jovens, conheceram e acolheram a missa tradicional, sobretudo, ao aprofundar a doutrina e moral católica, estudar a gloriosa história da Igreja, as heresias e os concílios e, de maneira toda particular, ao conhecer a vida dos santos que se santificaram com a antiga missa.

Do outro lado, sempre mais à esquerda… é claro rsrs, a mentalidade revolucionária de grande parte dos eclesiásticos, presbíteros e antístites, manifesta uma verdadeira aversão e ódio para com a missa de São Pio V. Uma razão disso é a ignorância e a formação deficitária, outra razão é a doutrinação revolucionária que dominou os espíritos dos doutos e dos incultos nas academias, na política, na cultura e na sociedade em geral, sobretudo, a partir da revolução francesa que fez penetrar suas maléficas teorias, mesmo nos ambientes da Igreja, cooptando para o proselitismo e ativismo revolucionário muitos daqueles que, contrariados com a realidade adversa, se encantaram com o discurso modernista em suas respostas fáceis, ilusórias e imediatistas.

Nos ambientes da Igreja, utilizando a linguagem religiosa para camuflar o intento revolucionário, as justificativas modernistas se dão na falsa preocupação com as questões humanitárias e colocando como única proposta a revolução social.

A tradição católica, que tem como seu tesouro a missa tridentina, impenetrável a todas as heresias e ventos de errôneas doutrinas, sempre foi aquele grande muro intransponível para a infiltração de idéias revolucionárias abraçando e protegendo os católicos como que ao redil firme e seguro das ovelhas, sob o báculo do Bom Pastor.

Assim, a missa antiga vem sendo combatida energicamente pelos revolucionários, pois, a mesma, evoca a tradição católica como aquele patrimônio sólido e insuperável num sistema doutrinal fundamentado na verdade da fé revelada, nas fontes da fé católica, na lei divina e na lei natural, edifício diante do qual, as idéias e modas progressistas não podem resistir sem serem denunciadas, desacreditadas e refutadas.

Inconformados, aqueles que deveriam ser na continuidade dos Sumos Pontífices, os guardiões da tradição católica, se empenharam em se tornarem os detratores da tradição. A audácia dos prelados revolucionários foi longe demais ao perceberem o acolhimento e o avanço da missa tridentina, em todo o mundo e nas inúmeras dioceses, mesmo em meio a tantas proibições autoritárias e contínuas perseguições.

A missa de sempre vai conquistando o coração da juventude, resgatando a tradição católica na sociedade, formando e edificando famílias cristãs, suscitando novas e crescentes vocações sacerdotais e provocando inúmeras conversões. Ou seja, a missa antiga, além impedir o sucesso do modernismo, ainda promove aqueles princípios e valores católicos perenes que os revolucionários odeiam e não querem de jeito algum.

Assim, a estratégia maléfica para proibir a missa tridentina de uma vez por todas, se deu da maneira mais pérfida possível. A acusação de que a missa de São Pio V é utilizada pelos grupos tradicionalistas para contestar o Concilio Vaticano II, a missa nova e o atual Papa foi escolhido como meio mais odioso para tentar barrar o crescimento e a retomada natural do tradicionalismo católico.

Uma chuva de articuladas reclamações à Santa Sé, reforçadas pelas consultas às dioceses com perguntas tendenciosas sobre os tradicionalistas e a missa antiga, unidas à frequente pecha de que ser tradicionalista católico é equivalente a um extremismo fatalista foi engenhosamente desenhado. Tal investida levou ao malfadado e proibitivo motu proprio que absurdamente exclui a missa tridentina da lex orandi do rito romano, que impossibilita as celebrações ao acesso dos fiéis e anula a liberdade dos sacerdotes para que celebrem. Como que esse golpe covarde no sentimento católico pode qualificar esses antístites revolucionários e detratores como guardiões da tradição?

Mas, essa estratégia é velha e muito conhecida do modus operandi dos revolucionários. É como a preparação de uma bomba que vai explodir no colo de alguém para interceptá-lo, orquestradamente preparada com o interesse de quem fabrica e de quem manda fabricar. Aqueles que odeiam a tradição católica e a missa antiga formam a pólvora das reclamações e quem as recebe consulta os reclamantes para respaldar a fabricação e o lançamento da bomba. O intuito é de fazer explodir sobre quem vão culpar por ter explodido como o causador da explosão. Essa prática odiosa, própria de detratores profissionais, aconteceu com a proibição da missa tridentina a fim de enterrá-la de vez e para única e exclusivamente atingir de cheio os tradicionalistas católicos.

Mas essa tentativa tem uma aparente vitória e é desastrosa porque quando a missa de sempre despontar novamente voltará pra ficar! Toda a tentativa de perseguir só servirá para inflamar uma vez mais os corações dos verdadeiros católicos que agora vão celebrar a missa tridentina nas catacumbas de hoje. Agora e cada vez mais, vão se evidenciando os verdadeiros católicos dos superficiais e aventureiros. É a hora de emergir o verdadeiro catolicismo que tentaram afogar. Os detratores são de hoje, de uma época e eles passam. A Igreja Católica é única e verdadeira e, ela é de Cristo, a missa tridentina é de sempre, o sacrifício do calvário é o sacrifício perpétuo e a tradição é perene porque é católica e apostólica.

Nos mantenhamos firmes para triunfar com Cristo Rei, com o Imaculado Coração de Maria e com a Santa Igreja exaltada sobre o mundo.

Pe. Fábio Fernandes
Pároco
Paróquia de Nossa Senhora das Angústias – São Paulo – SP