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Espiões russos estão sendo detidos

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Parece que o Kremlin tem investido pesado em enviar espiões para a América Latina, mais precisamente para a Argentina, o que exige que os países do continente redobrem a atenção.

Alexander Verner, 32 anos, embora esteja identificado como “tradutor”, é de fato um membro do serviço de espionagem militar russo, conhecido como GRU, no exterior. Ele é um dos muitos agentes de inteligência não oficiais que viajam pelo mundo como um elo de ligação com outros espiões russos. “Não-oficial” significa que ele não está listado como um dos delegados diplomáticos da Rússia no país. A Rússia nunca o reconhecerá oficialmente como tal, mesmo que isso lhe ofereça cobertura.

Verner, que faz tradução russa no país, obteve seu primeiro Documento Nacional de Identidade (DNI) em 4 de maio de 2016. Três meses depois, ele se registrou na Administração Federal da Receita Pública (AFIP) para registrar sua atividade como “tradutor”.

Nessa ocasião, a numeração de seu DNI não chamou a atenção de ninguém: como estrangeiro, o número que o identificou foi 95.127.858, reservado aos imigrantes. Entretanto, três anos depois, o espião russo conseguiria outro DNI, já como cidadão argentino.

Em 3 de dezembro de 2019, Verner obteria outro DNI, aquele com um número reservado apenas para casos excepcionais ou para aqueles que obtivessem a cidadania argentina.

Com este procedimento concluído, Verner obteve seu passaporte naquele mesmo dia: AAG623927. Ele mostra seu número de identificação e seu local de nascimento: Alemanha. Ele o terá até dezembro de 2029. Com ele, ele poderá sair e entrar na Argentina sem suscitar suspeitas.
Verner usou o mesmo tipo de passaporte para sua chegada à Argentina – antes de 2016 – que outros membros do serviço de inteligência não-oficial do Kremlin. A numeração que ele usou quando entrou no país pela primeira vez começa com os números 643258017 ou 653453865.

Segundo os investigadores, Verner não só mentiu sobre sua profissão, mas até falsificou seus documentos de origem para obter um passaporte e um documento de identidade argentino. Como estes operacionais geralmente fazem, eles entram em cada país como russos com passaportes especiais emitidos pelo GRU e uma vez dentro, eles se apresentam aos registros estaduais para obter documentos apócrifos, especialmente certidões de nascimento. Verner disse às autoridades locais que ele nasceu na Alemanha, quando na verdade nasceu na Rússia há 32 anos.

Verner afirma ter um bacharelado em jornalismo pela Faculdade de Jornalismo da Universidade Estadual Russa para as Ciências Humanas, fundada em 1991. Ele também afirma ter completado um mestrado em jornalismo na Universidade de Buenos Aires (UBA). Ele também afirma ser correspondente e tradutor de várias agências de notícias. Com esta formação limitada, ele conseguiu contatar um importante think tank argentino e alguns de seus membros.

A história de Verner lembra os mais recentes espiões russos presos na Eslovênia em dezembro passado, também com passaportes argentinos. Naquele país europeu, Maria Rosa Mayer Munos e Ludwig Gisch foram presos sob acusação de espionagem. Eles também pertenciam ao GRU e presume-se que sua missão era contatar outros agentes naquele continente.

O casal tinha dois filhos e tinha chegado à capital eslovena em 2017, um ano após a chegada do tradutor em Buenos Aires. Essa família havia adotado outra fachada como profissão: uma galeria de arte e um start-up de soluções tecnológicas em toda a Europa.

Mayer Munos e Gisch moravam na Rua O’Higgins, 2191 em Buenos Aires, a apenas 28 minutos do endereço principal de Verner. Não se sabe se eles tinham algum vínculo entre si ou se pertenciam ao mesmo grupo que operava na região. Eles mal viveram juntos no país durante um ano.

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