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Foro de São Paulo: Corrupção da Lava-Jato financiou campanha de Hugo Chávez

Menos de dois meses após deixar a Presidência da República em 2011, Lula convocou o então embaixador da Venezuela no Brasil, Maximilien Arvelaiz, para uma reunião em São Paulo no dia 24 de fevereiro de 2011. A revista Veja teve acesso a documentos, no ano de 2016, segundo os quais o ex-presidente afirmava que “uma derrota de Chávez em 2012 seria igual ou pior que a queda do muro do Berlim”. Mais do que isso, Lula deixa claro a importância da posição de Hugo Chávez na Venezuela para o prosseguimento das ações do Foro de São Paulo: “Eu durmo tranquilo porque sei que Chávez está ali [na presidência], mas também, às vezes, perco o sono pensando que Chávez poderia perder as eleições de dezembro de 2012”.

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Nesta mesma reunião, Lula externou para o embaixador Arvelaiz a importância de se colocar a Venezuela no Mercosul. “Se conseguirmos o ingresso seria uma grande vitória.

Lula planejou a criação no Brasil de um comitê de campanha para Hugo Chávez, que seria comandado por ele pessoalmente em trabalho conjunto com José Dirceu. Além do comitê de campanha no Brasil, Lula também enviaria para a Venezuela para cuidar da campanha o marqueteiro João Santana, que foi o responsável pela sua campanha em 2006 e pela de Dilma Rousseff em 2010. Em um segundo telegrama a que a revista Veja teve acesso, o embaixador Arvelaiz informava ao então chanceler Nicolás Maduro que Lula iria a Caracas para evento patrocinado pela construtora Odebrecht e que aproveitaria a viagem para tratar de maneira privada sobre o tema da eleição. A estratégia de Lula logrou êxito, e Hugo Chávez venceu as eleições de outubro de 2012 para o seu quarto mandato como presidente — mas não assumiu, devido ao câncer que o levou à morte em março de 2013.

Esta história veio à tona por conta do acordo de delação premiada da esposa de João Santana, Mônica Moura, que em seu depoimento informou que além do tráfico de influência de Lula, ele também foi o responsável pela garantia de pagamentos da campanha. Segundo o depoimento de Mônica Moura, nenhum acordo foi assinado entre as partes e Lula era o garantidor da operação: “A minha garantia era Lula, eu confiava muito em Lula, que ele ia resolver”. Segundo a Sra. Moura, as negociações tiveram início ainda em 2011, fato que bate com os documentos do embaixador Arvelaiz, e que a campanha ficou orçada em 35 milhões de dólares e o dinheiro seria todo pago via caixa 2. Deste montante a Odebrecht ficaria como responsável pelo pagamento de 7 milhões de dólares e a Andrade Gutiérrez por 4 milhões de dólares. Os 24 milhões restantes seriam pagos pelo governo venezuelano.

Um belo “presente” do companheiro Lula ao camarada Hugo Chávez, não?

Quando a campanha foi finalizada, a Andrade Gutiérrez havia pagado somente 50% do valor combinado. Mônica Moura disse em sua delação que chegou a ameaçar usando o nome de Lula: “Eu cheguei a ameaçar. Eu disse: ‘Gente, se vocês não me pagarem, eu vou ter que conversar no Brasil. Quem me chamou para cá foi o presidente Lula. Eu vou ter que conversar com ele’”. Ainda segundo Mônica, ela acionou Lula em diversas ocasiões: “Isso já tinha acabado a campanha. O Chávez foi eleito. Nós estávamos sendo incensados pela mídia venezuelana como os melhores não sei o quê, não sei o quê, e o dinheiro não saía”.

O governo venezuelano cumpriu com parte de seu acordo, pagando 10 milhões de dólares aos marqueteiros da campanha. O dinheiro era pago em espécie em maletas pelo então chanceler Nicolás Maduro dentro da Venezuela, geralmente na chancelaria ou mesmo no Palácio Miraflores: “Era muito dinheiro. As entregas variavam de US$ 500 mil de cada vez, às vezes US$ 300 mil. Já cheguei a receber US$ 800 mil de uma vez só. […] Sabe o que ele [Maduro] fazia? Ele mandava me buscar com o carro dele, carro blindado, preto, daquelas camionetes de rapper americano. Com mais dois carros, um na frente, outro atrás, me levava para a chancelaria. Entrava na garagem. Os seguranças subiam comigo para a sala dele, eu ficava lá esperando, tomava um chá de cadeira do Maduro, eles não têm o menor compromisso com horário. Depois ele me chamava na sala dele, conversava um pouquinho de conversa fiada de política, e me entregava o dinheiro ele próprio, não mandava ninguém entregar. Depois, eu descia com os seguranças dele, e me levavam até o hotel, de volta”.

Mônica Moura afirmou que apesar dos pagamentos parciais, após a morte de Hugo Chávez qualquer chance de receber o pagamento foi perdida e que Nicolás Maduro parou de atendê-la: “No ano seguinte, Chávez morreu. E nós perdemos qualquer chance de receber esse dinheiro. A gente tomou um cano de mais ou menos US$ 15 milhões dessa campanha, que nunca foi recebido. O que foi recebido foi US$ 10 milhões lá [do governo venezuelano], mais US$ 7 milhões da Odebrecht e US$ 2 milhões da Andrade Gutiérrez”. Neste relato de Mônica Moura podemos observar um meio de ação comum entre os revolucionários: para a revolução tudo, para os “companheiros de viagem” somente os benefícios do trajeto. Quando os objetivos são atingidos, as “ferramentas” são descartadas e os compromissos assumidos não possuem valor algum.

A CORRUPÇÃO FOI DISTRIBUÍDA POR VÁRIOS PAÍSES CONTROLADO POR MEMBROS DO FORO DE SÃO PAULO

Peru: no ano de 2016, a justiça peruana decretou a prisão do ex-presidente Alejandro Toledo, que governou o país entre 2001 e 2006. Ele foi acusado de ter recebido 20 milhões de dólares em propinas pagas pela Odebrecht durante o seu mandato. Estes pagamentos possibilitaram à empreiteira vencer a concorrência na construção da rodovia interoceânica Sul, que faz a ligação de Rio Branco, no Acre, até o litoral peruano. O também ex-presidente Ollanta Humalla, que governou o Peru de 2011 a 2016 e sua esposa, Nadine Heredia, foram para o banco dos réus no início de 2022 por envolvimento em um grande esquema de corrupção envolvendo a Odebrecht. O Ministério Público peruano acusa o casal de ter recebido 3 milhões de dólares em contribuições ilegais para a campanha presidencial. A promotoria também acusa o casal de ter ocultado a compra de imóveis com dinheiro proveniente da empreiteira brasileira.

Chile: em delações do publicitário Duda Mendonça (1944–2021) e do então presidente da empreiteira OAS, Leo Pinheiro, foi revelado que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva atuou em favor de Michelle Bachelet antes e depois das eleições chilenas. Segundo Pinheiro, Lula o teria solicitado que “desse uma ajuda para Bachelet”. Desta forma foi enviado 150 mil dólares em espécie a um assessor de Bachelet em 2014, logo após a eleição a qual vencera em dezembro de 2013.

Panamá: no âmbito da investigação jornalística conhecida como Panama Papers, veio a público o esquema que envolvia a empresa Mossack Fonseca, especializada na abertura de empresas offshore, e expôs uma rede de lavagem de dinheiro que abrangia 76 países. Antes de ser preso, um dos sócios da empresa, o Sr. Ramón Fonseca Mora disse a jornalistas que as propinas pagas pela Odebrecht nos países vão além do que já fora confessado. “Estimo que ultrapasse 1 bilhão de dólares só no Panamá”, relatou à época Mora, que também foi ministro-conselheiro (equivalente a Ministro-Chefe da Casa Civil no Brasil) do então presidente panamenho Juan Carlos Varella.

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