Publicado originalmente em Catolicismo Nº7, em abril de 1951.

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A O.N.U. é a chave de cúpula do mundo contemporâneo; os edifícios que estão sendo construídos para sua instalação deveriam, pois, exprimir pela majestade de suas linhas e proporções a alta função a que se destinam. Nosso clichê reproduz o prédio da sua Secretaria, já em fase final de construção. A despeito de suas enormes dimensões hesitamos em o chamar de palácio: é certamente imenso, caríssimo, esmagador, mas suas linhas são vulgares como as de uma caixa de fósforos, monótonas, uniformes e duras, como as de uma penitenciária, e sua catadura, sombria como a de uma Gestapo ou de uma G.P.U. Tudo, neste imenso engradado de concreto, ferro e vidro parece calculado para fazer sentir ao homem que não passa de uma formiga, um grão de areia, um átomo.

Middelburg é uma cidadezinha holandesa que no século XV construiu a sede de sua municipalidade. Como volume, o que é este edifício comparado com o da ONU? Entretanto não hesitamos em chamá-lo de palácio: é que a nobreza de suas linhas nem sequer permitiria que se lhe desse outra designação.

Mera diferença de estilos arquitetônicos? “O estilo é o homem”, diz-se em literatura. O estilo é a época, poder-se-ia dizer em arquitetura. Cada estilo resulta de um conjunto de tendências, idéias, aspirações, e atitudes mentais.

Mais chocante do que o contraste entre os dois estilos é, nesse caso, o de duas mentalidades, duas épocas, duas culturas: uma, cristã e a outra, neo-pagã.