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Brasil

O grito da independência

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“Já podeis, da Pátria filhos, ver contente a mãe gentil, já raiou a liberdade no horizonte do Brasil, já raiou a liberdade, já raiou a liberdade no horizonte do Brasil!…”

Este  é o trecho inicial do Hino da Independência, que por 80 anos foi o Hino Imperial do Brasil,  ele  foi composto pelo próprio D. Pedro I e sua letra foi feita por Evaristo da Veiga.

Se atentarmos para as frases do hino, veremos que remetem a busca pela liberdade, ao amor ao país, à fé cristã e ao brio dos brasileiros, sentimentos ofuscados por histórias mal contadas e  tristes experiências vividas.

No próximo dia 7 de setembro celebramos o dia da Independência do Brasil. Há quem questione esta comemoração, porém, o que ganhamos com a falta de alegria no entendimento de cada passo de nossa história?

O grito da Independência não foi um ato isolado, foi o ápice de todo um processo para que o Brasil não voltasse a ser colônia de Portugal.

Muito do que somos hoje devemos a este evento, arrisco dizer que não teríamos tamanha extensão territorial e possivelmente nem a unidade de idioma se tivéssemos tomado outro caminho.

Olhando para nossos vizinhos da antiga América Espanhola podemos fazer tal reflexão.

E por que não recordar alguns dos momentos que nos levaram às margens do Ipiranga?

Com a chegada da família real em 1808, o Brasil passou a ser anfitrião da Coroa Portuguesa e tempos depois, mais precisamente em dezembro de 1815, deixou de ser apenas uma colônia e tornou-se a  sede do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarve.

A Revolução do Porto em 1820 e seus ideais iluministas fizeram com que D João VI retornasse a Portugal em 1821, deixando D. Pedro I no Brasil como príncipe regente.

A partir daí, movimentos políticos são realizados pelas cortes constitucionais portuguesas para que D. Pedro voltasse também a Portugal e que as províncias brasileiras se reportassem diretamente à Lisboa, ou seja, que o Brasil caminhasse para a volta a seu estado de maior dependência.

Esta movimentação mexeu com o brio de alguns brasileiros, José Bonifácio, na época vice-governador da província de São Paulo, e Frei Francisco de Santa Teresa Jesus Sampaio foram alguns deles.

Houve cartas do Rio de Janeiro, São Paulo, Vila Rica, Mariana e Pernambuco apoiando a permanência de D. Pedro no Brasil. D. Leopoldina, atenta às movimentações políticas como era, também apoiava a permanência do marido.

Dessas pressões, ponderações e apoio de D. João surgiu a decisão de que D. Pedro ficaria no Brasil.

Após o dia do Fico, as pressões vindas de Portugal continuavam, além disso, existiam interessados nos planos das cortes lusitanas por aqui também, o que impulsionou alguns levantes que precisaram ser apaziguados por D. Pedro.

Um desses levantes foi em São Paulo, D. Pedro entendeu que deveria deslocar-se até lá para resolver a questão.

Para isto, assinou em 13 de agosto de 1822, um decreto feito juntamente com José Bonifácio, seu ministro, determinando que sua esposa o representaria na administração e que os atos de Dona Leopoldina seriam válidos com o seu aval.

Foi a primeira vez que a futura Imperatriz atuou como regente do Brasil.

Pedro partiu do Rio de Janeiro em direção a São Paulo pelo caminho que hoje é chamado trilha da Independência e chega a São Paulo em 25 de agosto.

Ao longo do caminho, pousa em fazendas e cidades do Vale do Rio Paraíba.

Ao chegar à cidade de Guaratinguetá, o príncipe regente faz uma parada especial, diante de todas as incertezas em que se encontrava, visita uma pequena capela onde encontrava-se a imagem de Nossa Senhora da Conceição que havia sido pescada no rio Paraíba. Nesta oportunidade D. Pedro prometeu que iria consagrar o Brasil à Nossa Senhora da Conceição Aparecida.

Curiosamente, dezesseis dias depois, às vésperas do dia de comemoração da natividade de Nossa Senhora, o Brasil foi proclamado independente de Portugal.

Enquanto D. Pedro se deslocava a São Paulo, D. Leopoldina recebia notícias nada animadoras de além mar, a determinação para que o príncipe regente retornasse imediatamente a Portugal e a anulação dos atos administrativos de D. Pedro  eram algumas delas.

Com base nestas notícias o Conselho de Estado se reúne presidido por D. Leopoldina no Palácio de São Cristóvão (atual Museu Nacional da Quinta da Boa Vista)  no dia 02 de setembro de 1822.

Por uma triste coincidência, foi neste mesmo dia de setembro que no ano de 2018, o Museu Nacional sofreu o incêndio que praticamente o destruiu.

Este conselho, presidido por D. Leopoldina, propôs que D. Pedro proclamasse a Independência. Participava ativamente da reunião, José Bonifácio, figura ilustre brasileira que acompanhou de perto todas as mazelas da Revolução Francesa e conhecia muito bem as consequências de  acatar ideais revolucionários.

Não é à toa que tanto D. Leopoldina quanto José Bonifácio são também considerados  fundadores do Brasil.

Em 7 de setembro de 1822, às margens do rio Ipiranga em São Paulo, D. Pedro I, ao receber a ata do conselho e  as  cartas assinadas por sua esposa D. Leopoldina e por José Bonifácio, externou a decisão de tornar o Brasil independente da Coroa Portuguesa.

O dia da Independência é uma data para lembrarmos quem somos e quem queremos ser como nação. Ano que vem completaremos 200 anos desta data, temos um compromisso maior ainda de recordar aqueles que nos antecederam e principalmente quais foram seus propósitos, virtudes e valores.

A quem interessa que o povo brasileiro olhe para seu passado com vergonha? A quem interessa que o povo brasileiro se mantenha apático diante de absurdos e insensível às suas vocações de povo livre e cristão?

Faço portanto minhas as palavras de Evaristo da Veiga:

 

“…Não temais ímpias falanges,

Que apresentam face hostil:

Vossos peitos, vossos braços

São muralhas do Brasil…”.

 

“…Brava gente Brasileira!

longe vá temor servil,

ou ficar a pátria livre

ou morrer pelo Brasil!”.

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