O aumento das infecções chinesas por HMPV em Pequim pode significar lucros suculentos para o regime de Xi Jinping, assim como aconteceu com o coronavírus, cuja vacina gerou um lucro anual de pelo menos US$ 50 bilhões para os fabricantes Sinovac e Sinopharm, duas empresas chinesas líderes mundiais em imunização.
Três bebês na Índia estão infectados com o metapneumovírus humano (HMPV), a mesma doença que faz com que os hospitais da China fiquem lotados de pacientes com tosse, febre, congestão nasal e chiado no peito. Será que uma nova pandemia está chegando? É muito cedo para saber a resposta, mas o colapso dos serviços de emergência e hospitalização nas unidades de saúde de Pequim – quase cinco anos após o início da pandemia de COVID-19 – reaviva os temores, considerando que ambas são transmitidas da mesma forma: por meio de gotículas transportadas pelo ar.
Entretanto, não são os modos de transmissão que constituem o maior problema, mas a falta de uma vacina preventiva específica para combater o vírus HMPV duas décadas após sua descoberta na Holanda.
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Sem nenhuma forma de imunizar a população, Pequim tem insistido na semana passada em evitar o contato direto com um portador ou com objetos contaminados pela tosse ou espirro de uma pessoa infectada. Isso inclui evitar apertar as mãos, beijar ou tocar superfícies, informa o The New York Times.
As medidas contra o vírus HMVP provocam um déjà vu. Especialmente depois que o regime comunista de XI Jinping anunciou o início de um monitoramento constante dos casos, a adoção de máscaras, a implementação do distanciamento social e a desinfecção dos espaços públicos.
Vírus ao redor do mundo
A imagem das ordens de Xi Jinping sendo obedecidas pela população do país asiático, em meio à avalanche de infecções por HMPV, deixou o mundo em alerta. Não poderia ser diferente quando o diretor do Instituto Nacional de Controle e Prevenção de Doenças Transmissíveis da China, Kan Biao, confirmou o aumento de casos em crianças com menos de 14 anos de idade, sem mencionar o número de casos ou especificar a origem do surto.
A falta de clareza nos dois pontos revive a falta de credibilidade do governo Xi durante a pandemia, quando ele optou por negar a visita de funcionários da Organização Mundial da Saúde a Wuhan, vetar laboratórios, expulsar cientistas estrangeiros e proibir a entrada de pesquisadores chineses na China.
É a mesma aposta agora? Tudo indica que sim. Por quê? Somente Xi sabe os motivos, mas seu sigilo durante esse surto de HMVP, quando ele está em meio a uma crise de crescimento econômico, é indicativo.
Com os cofres enfraquecidos pela estagnação da produtividade da China, apostar no silêncio sobre o vírus chinês parece estratégico, especialmente se o vírus puder significar lucros suculentos, como aconteceu com o coronavírus, cuja vacina trouxe um lucro anual de pelo menos US$ 50 bilhões para os fabricantes Sinovac e Sinopharm, duas empresas chinesas que lideraram o mundo em imunização.
Contágios para negócios
Repetir a façanha de criar uma vacina em tempo recorde salvaria as finanças de Xi depois que o PIB caiu de 5,3% para 4,7% entre o primeiro e o segundo semestre de 2024.
Hong Kong, Camboja e Taiwan já registraram “casos isolados”. Se o número de pessoas infectadas aumentar, também aumentará o interesse em uma vacina. É preciso deixar claro que, embora o HMVP seja um vírus aparentemente comum, parte do grupo dos paramixovírus, que inclui a caxumba, o sarampo e o vírus sincicial respiratório, seu impacto é alto em populações vulneráveis, como adultos, idosos e doentes crônicos, que podem desenvolver bronquite ou pneumonia.
Para Andrew Easton, professor de virologia da Universidade de Warwick, no Reino Unido, um ponto importante agora será qualquer mudança na incidência ou no padrão de transmissão. “É sempre preocupante ver uma mudança”, alertou ele no Live Science.