Publicado originalmente no Jornal Inconfidência, em 19 de fevereiro de 2014
O diabo pode citar as Escrituras para seus próprios fins. Uma alma danada prestando falso testemunho. É como um vilão com uma face risonha. Uma bela maçã podre por dentro. Oh, que formosa aparência tem a falsidade.
WILLIAM SHAKESPEARE
The Merchant of Venice, Ato I, cena 3
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Uma das primeiras revisões da história no século XX foi, mesmo ainda não existindo Photoshop, retirar a imagem de Trotsky da foto do discurso de Lenin aos soldados em 1920. Esta falsificação desencadeou uma sucessão de outras em que personagens importantes da URSS iam sumindo, primeiro das fotos, depois fisicamente indo para o Gulag ou sendo simplesmente fuzilados. Mas a mentira, a falsidade de bela aparência, iniciou-se com o farsante que deu origem a esta ideologia que não passa de uma bela maçã podre por dentro: Karl Marx.
A teoria econômica de Marx teve por base uma revisão mentirosa das estatísticas dos resultados da Revolução Industrial para os trabalhadores ingleses (ver Capitalism and the Historians, F. Hayek, Editor). Como a Marx nunca interessou a verdade histórica, mas fazer com que ela se espremesse dentro de suas teorias “dialéticas“ a óbvia melhoria de vida dos trabalhadores ingleses foi transformada numa vida infernal em que só os patrões – que alcunhou capitalistas – lucravam. A revolução burguesa deu o mote para Marx elaborar uma falaciosa teoria do processo histórico, o materialismo histórico, baseado na evolução dos “modos de produção”. Incrível é que tenha se tornado a visão preponderante nos cursos de história. Desta má formação congênita não poderia senão sair um feto moralmente deformado.
Uma versão atualizada nesta revisão farsesca se instalou em cheio na Iberoamérica, particularmente no Brasil. Através de factoides pomposamente chamados de Comissões da Verdade tentam fazer aqui o que nem foi tentado nos outros países: se nesses se faz de tudo para processar os militares e civis que estabeleceram governos de força para combater o terrorismo e a guerrilha nas décadas de 60-80, aqui, além disto, se tenta simplesmente fazer desaparecer aquele período da história recente, usando um Photoshop mental que é engolido por uma massa previamente preparada desde os governos tucanos para se tornar analfabetos funcionais, robôs iletrados capazes de acreditar em qualquer coisa que lhes empurrem goela abaixo. Aniquila-se um período de 25 anos resumindo numa palavra: ditadura.
O que espanta é não haver reação nenhuma de quem sabe o que está acontecendo e deixa correr solto. Refiro-me à alta cúpula militar constituída, ao que parece de seres amorfos aprisionados em suas próprias inconsciências. Não percebem que ao se atacar a memória de seus antecessores, conspurcando-os com acusações malévolas, retirando seus nomes de obras de engenharia que suaram para fazer e trocando-os pelos de notórios bandidos, eles também são atingidos. “Quem muito se abaixa mostra a bunda”, diz um ditado.
A alternativa é mais terrível para o País: estarão, assim como o que já se pôde antigamente chamar empresariado, de má fé mancomunados com os criminosos e desejosos de manter privilégios de altos cargos, ajudam os seus inimigos? Tecem a corda com que serão enforcados (apud Lenin)? Comparecerão com toda a pompa e circunstância à nova inauguração da Ponte Carlos Marighela? À rodovia Carlos Lamarca? À hidrelétrica Ernesto “che” Guevara?
Depois de uma reunião da comissão estadual do Rio ter sido aberta com todos os presentes cantando a Internacional Comunista o diabo rasgou a máscara e se apresentou claramente como um vilão, que dúvidas podem restar que os militares agiram corretamente há 50 anos para impedir o comunismo de dominar o país, acabando com a bela e falsa aparência de luta pela democracia e mostrando-se a alma danada que só os cegos já não haviam enxergado.
Se eles se sentem tão fortes para se expor desta maneira a coisa está preta! Some-se a isto a criação de um clima igual ao que tínhamos há 50 anos – agitações, desordens, arruaças, greves, ataques a policiais, e Stédile, o Julião de tablet, bradando que a reforma agrária clássica, baseada em invasões, acampamentos e distribuição de terras está ultrapassada e é preciso disputar as cidades, inaugurando uma “nova fase mais urbana” com novas táticas para o espaço onde se dará a luta pela terra nos próximos anos.
Com a população previamente desarmada!
Oh, maravilha!, Que bondosas criaturas existem aqui!. Como é bela a humanidade! Oh, admirável mundo novo. Onde tais pessoas existem.
The Tempest, Ato V, cena 1