Há muitas pessoas que têm o vício da murmuração. Elas praguejam, reclamam das situações, expressam palavras negativas, mesmo que não tenham um motivo convincente para isso. Simplesmente, elas desenvolveram o mau hábito de colocar para fora seus maus sentimentos.
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A murmuração facilmente se transforma em vício e, como todo vício, ela é, antes de tudo, um prazer. Quem murmura busca alívio do sufoco que a situação, que lhe parece negativa, lhe causa. Então, quando o murmúrio é expressado em palavras, é como se a pressão interna fosse liberada, oferecendo um tipo de sensação reconfortante.
No entanto, como todo prazer, a murmuração tem a tendência de tornar-se insuficiente, exigindo que seja cada vez mais praticada para dar o mesmo sentimento de alívio. Com isso, a pessoa vai ficando cada vez mais reclamona, a fim de fugir do incômodo que o pensamento negativo lhe traz.
Quando ela se dá conta, o costume de murmurar já tomou toda a sua personalidade, praticada já não mais para trazer alívio ou prazer, mas por uma necessidade psíquica, talvez até biológica, independentemente dos fatos. Nesse estágio, nem é necessário o gatilho da perspectiva negativa para desencadear suas reclamações, que já se transformaram em um impulso espontâneo.
A murmuração, como quase todos os vícios, parece inofensiva no começo. Só que quando as situações se tornam realmente problemáticas, o viciado em murmurar não tem a força e a motivação para enfrentar os desafios que se impõem. Nestas horas, o único instrumento que ele tem disponível é o seu vício de praguejar e, obviamente, isso é insuficiente para superar as dificuldades.
Chega a um certo estágio do vício da murmuração que reclamar se torna a única companhia que a pessoa tem. Nas fases mais difíceis da vida, quando parece que nada dá certo, que ninguém ajuda, que todos se afastam, o murmúrio continua lá, como acompanhante devoto, prometendo o afago que a pessoa mais precisa. Por isso, o praguejador, invariavelmente, transforma-se num vitimista.
Muitas pessoas que já não têm força para nada, que não conseguem encontrar saída nas situações adversas e que sentem que o mundo desmorona por detrás delas chegaram nessa situação simplesmente porque deixaram que a murmuração se tornasse um vício e pulverizasse qualquer possibilidade de reunir forças e recursos para vencer os desafios que se impõem.
Esse é o motivo porque não se deve murmurar por nada, mesmo quando você se sente oprimido, injustiçado ou obstruído. Não porque não se tenha vontade de fazê-lo, mas porque a murmuração é como uma droga e pode se tornar uma prisão. E se tem algo que devemos sempre preservar é a nossa liberdade.
Há que se ter muito cuidado, para que o represar reação ao mal, venha a se tornar uma aceitação fatalista, que iniba a vontade de reagir ….
com certeza , ótima reflexão