Vamos nos encaminhando para o final de outubro, um mês abençoado. No dia 7 celebramos o dia de Nossa Senhora do Rosário, festa instituída a partir do Concílio Vaticano II, mas que remonta a 1214, quando a Mãe de Deus apareceu a São Domingos de Gusmão, na igreja do Mosteiro de Prouille, e a ele entregou o Santo Rosário. No dia 12, tivemos o dia de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil, homenageada na edição anterior desta revista. No dia 13, celebrou-se a última aparição de Nossa Senhora de Fátima aos três pastorzinhos e mais 70 mil pessoas na Cova da Iria, em Portugal, quando, além de Maria, apareceram no céu português cenas do Santo Rosário, o Menino Jesus no colo de São José, além, claro, da milagrosa dança do sol, que curou e converteu um sem-número de expectadores. Finalmente, no último domingo, dia 24, celebrou-se a festa de Santo Antônio Maria Claret, por quem tenho especial carinho.

Minha história com Santo Antônio Maria Claret remonta a 2014, quando morava em Campinas. Minha esposa, na época, trabalhava para o Del Chiaro Coral e Orquestra, empresa que fornece música para casamentos. O maestro Daniel Martins, responsável pela unidade de Campinas, estava abrindo uma filial em Belo Horizonte, e para que o Del Chiaro pudesse tocar nas igrejas da Paróquia Santo Antônio Maria Claret, era necessário que apresentasse um hino ao santo, sendo que outras empresas estavam no páreo e apenas uma delas poderia entrar no rol dos prestadores de serviço musicais àquelas igrejas. Compus o hino, que foi musicado pelo próprio Daniel, e ganhamos.

Foi a pesquisa que precisei fazer para compor tal hino que me fez ganhar esse carinho especial por Santo Antônio Maria Claret. Nascido Antônio Claret, em 1807, na Espanha, por devoção viria a acrescentar “Maria” ao nome posteriormente. Aprendeu ainda criança, com o pai, o ofício da tecelagem, e desde cedo seu amor pela Igreja indicava sua inclinação para a vida religiosa. Ordenado em 1835, em 1849 fundou com outros cinco padres a Congregação dos Missionário Filhos do Imaculado Coração de Maria, os Padres Claretianos. Pouco após a fundação dessa congregação, foi para Cuba, cuja Diocese estava em profunda crise, sem um bispo havia 14 anos.

Seu arcebispado foi de luta árdua e contínua, com muitos frutos, mas também enormes provações: sofreu todo tipo de perseguições por parte de membros da Maçonaria, que chegaram inclusive a atentar contra sua vida por diversas vezes. Ainda assim, o santo prevaleceu, tendo combatido a escravidão local, fundado uma nova congregação (as Irmãs do Ensino de Maria Imaculada) e espalhado novas dioceses por toda a ilha. Faleceu em 24 de outubro de 1870, na França. Não me lembro mais onde li que, por seu amor a Nossa Senhora e devido à sua mestria na arte da tecelagem, é ele quem está sempre a tecer o véu de Maria no Céu. “O Véu das Flores do Amor” é o título do hino que acompanha esta matéria, e sua versão musicada pode ser acessada no link do Mosteiro Cisterciense Nossa Senhora de Nazaré.

Sobre o dia 13, é preciso falar que ele é especial para mim por ser a data de meu casamento da Igreja, no centenário do Milagre do Sol, em 13 de outubro de 2017, fato de que tanto eu como minha esposa só nos demos conta agora em 2021. Essa descoberta, assim como uma bela crônica publicada por Fabio Gonçalves no jornal Brasil Sem Medo, me motivaram a escrever o segundo poema que acompanha esta matéria.

Para terminar, uma outra data particularmente abençoada para mim neste mês foi a última terça-feira, quando quatro dias depois do Dia dos Professores e após exatamente um ano e meio dando aulas via Google Meet para “ícones” na tela, pude finalmente voltar a uma sala de aula. A interação presencial com os alunos foi algo sem preço, uma alegria diária que me havia sido sequestrada por burocratas e oportunistas. Agradeço a Jesus, Maria e José, e a todos os santos educadores por essa data, para a qual compus o terceiro poema que companha esta matéria. Abençoado outubro, muito obrigado, e que venha um novo novembro com todas as bênçãos do Céu.

O Véu das Flores do Amor

Tece, Antônio, hábil tecelão,
Pra Maria, com teu coração,
O véu para a nossa proteção.

Tu, foste, Antônio Maria,
Da Virgem filho querido,
E o véu que teces pra Ela
Seu povo traz protegido.

Tece, Antônio, hábil tecelão,
Pra Maria, com teu coração,
O véu para a nossa proteção.

Provaste em vida a injustiça,
Calúnia e perseguição,
Mas ornas hoje a Coroa
das Flores da Salvação.

Tece, Antônio, hábil tecelão,
Pra Maria, com teu coração,
O véu para a nossa proteção.

De Deus um servo fiel,
Dos pobres, um bom pastor,
Costuras, pra Mãe do Céu
O Véu das flores do Amor.

Tece, Antônio, hábil tecelão,
Pra Maria, com teu coração,
O véu para a nossa proteção.

 

O Milagre do Sol

Apinhadas na Cova da Iria,
setenta mil pessoas esperavam
pela sexta mensagem de Maria,

enquanto sob a chuva se encharcavam,
quase atolados já no lamaçal
onde até seus joelhos se sujavam,

e em meio àquela chuva torrencial,
caminho iam abrindo os pastorinhos,
ignorando o terrível temporal.

As crianças empunham seus tercinhos
e todos já começam a rezar,
e em meio à chuvarada e aos burburinhos,

um luzeiro no céu põem-se a brilhar,
reflexo da luz da Mãe de Deus,
que aos presentes se põe a aconselhar:

“A Deus não mais ofendam, filhos meus,
aqui se faça uma capela a mim
e o Terço rezem todos dias seus”.

Na luz desaparece a Mãe, e assim
aparecem as cenas do Rosário
uma por uma, e ornado em carmesim,

no colo de José, o Deus Ternário,
Menino, junto ao pai terreno, o mundo
abençoa em tão glorioso horário,

e então, no céu inda de escuro fundo,
nossa Mãe, qual Rainha coroada,
ressurge, e escutam todos um jucundo

pedido: “Olhem pro sol”. Maravilhada
as nuvens vê se abrindo aquela gente
pra a um sol de brilho intenso dar entrada,

e enquanto o fita absorta, de repente
a dançar e a bailar começa então
o astro, e ao fim da dança, num crescente

e reto movimento em direção
ao povo ele se põe, pra grande espanto
de muitos, antevendo a colisão.

O medo e o horror nos corações, no entanto,
dão lugar a uma vívida alegria,
quando ao céu volta o sol, luzente e santo.

O evento que se deu naquele dia
por quilômetros foi testemunhado,
e é tal prova do amor que tem Maria,

intercessora junto ao Filho amado,
que ao cego deu visão, e voz ao mudo.
De roupas secas e maravilhado

chorava o povo, velho, adulto e miúdo,
aos brados, a louvar, feliz e fiel,
a Jesus, que é princípio e fim de tudo,

e a agradecer à Nossa Mãe do Céu.

 

Volta às aulas

José de Anchieta,
caminha comigo,
em todas as aulas
e em cada lição.

Da Cruz Benedita,
que tua alta ciência
me seja modelo
e grã inspiração.

Batista La Salle,
me ajuda a educar
as mentes e as almas
de alunos irmãos.

Padroeiro Tomás
de Aquino, me guia
em todas as provas
em cada arguição.

Sant’Anna e Joaquim,
da Virgem mentores,
a vós clamo sempre
por intercessão.

Maria e José,
mentores e pais
de Deus, vos entrego
a minha missão.

Espírito Santo,
que Vossa luz plena
alegre e ilumine
nossa educação.