Para o Padre Luiz Roberto Teixeira Di Lascio, criador do Terço Abençoado de São José, e um José em minha vida

 

I – Aparição do Anjo

 

Quando José da noiva recebeu

a boa-nova de sua gravidez,

magoado e recolhido em sua mudez,

em segredo a deixá-la resolveu.

 

Mas o Anjo do Senhor lhe apareceu

num sonho, e lhe mostrou com rapidez

a Verdade, e suas dúvidas desfez.

José, justo e piedoso, aquiesceu,

 

e quando, ainda mais santo, despertou,

como de seu costume, silencioso,

louvou e agradeceu ao Pai Senhor,

 

e à esposa e ao filho com ternura olhou,

pois era, já, da Mãe de Deus o esposo,

e de Seu Filho, pai e protetor.

 

II – No presépio

 

Num leito improvisado põe José

sua casta esposa, que vem dar à luz

ali mesmo o Salvífico Jesus,

o Pequenino Deus de Nazaré.

 

Reis e pastores chegam vindo a pé,

guiados por um Anjo que os conduz,

e enquanto o Deus Menino ali reluz,

trasbordam de seu peito amor e fé.

 

A cena toda, vê maravilhado:

o Filho de Deus Vivo, ainda Neném,

também seu filho, a ser ali adorado.

 

Sussurra uma oração que mais ninguém

escuta, além do Anjo ali ao lado,

que, lhe chegando perto, diz: “Amém!”

 

III – Fuga para o Egito

 

Quando o Anjo atroz perigo anunciou,

José, mais que depressa, e pesaroso,

a esposa e o filho (em choro copioso)

pra longe do assassínio carregou.

 

A pátria, a casa e os bens pra trás deixou,

e sob o frio cortante e rigoroso,

ou causticante sol, em tortuoso

caminho, com os dois então rumou.

 

Seu coração pesava, mas seguia

seguro e entregue a Deus, pois sua missão

era a mais importante, e ele a sabia:

 

proteger e prover seguro chão

à esposa e ao pequenino, para um dia

ao mundo assegurar a Salvação.

 

IV – Apresentação no Templo

 

“Do Filho de Deus Pai assumo agora

oficialmente esta paternidade”,

pensava assim José, que em tenra idade

Jesus levava ao Templo sem demora,

 

“e hei de amparar seu coração que chora”,

a si dizia, cheio de piedade,

ao ouvir a profética verdade

à esposa revelada àquela hora.

 

Num misto de tristeza e de alegria,

orou ao Céu, sereno e silencioso,

e olhando pra Jesus e pra Maria,

 

naquele instante, o pai e casto esposo

louvou e agradeceu a Deus: “Senhor,

a Vós e a Eles, todo o meu amor!”

 

V – Reencontro no Templo

 

“Como pudeste alhear-te do Menino?”,

cobrava-se José enquanto seguia

em busca de Jesus, junto a Maria,

clamando, angustiado, ao Pai Divino.

 

No entanto, eis que já avista o pequenino,

que a Lei, entre os doutores, discutia,

com eloquência e com sabedoria.

Sentiu então alívio genuíno,

 

e enquanto com a criança a mãe ralhava,

ele em silêncio agradecia a Deus,

e em ação de graças aos Altos Céus orava,

 

e a caminho do lar, junto dos seus,

luziu em si grandioso e santo brilho

quando falou ao Pai: “Eis o Teu Filho!”