A permanência depende da resistência de quem entra, mas a ordem é esperar que se completem as etapas da tortura: o início dos gritos pedindo socorro, a agonia e por fim, o desmaio. Juan, uma das vítimas de Maduro, confessou ao jornal ABC que suportou pouco mais de cinco minutos.
A prisão de Tocorón, na Venezuela, que serviu como centro de operações da quadrilha criminosa Tren de Aragua, tornou-se – um ano depois de ter sido tomada – o local favorito do regime de Nicolás Maduro para torturar oponentes detidos. Celas de castigo foram construídas ali para asfixiar tanto os corpos quanto as ideias dos dissidentes da ditadura venezuelana.
Os cômodos são conhecidos como “cama de Adolfo”, em memória da primeira pessoa a ser morta nesses espaços escuros e completamente confinados, semelhantes a abóbadas, criados para punir os acusados de terrorismo, delitos de conspiração ou conspiração para cometer crimes.
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O tempo de permanência depende da resistência da pessoa que entra, mas a ordem é aguardar o cumprimento das etapas da tortura: o início dos gritos de socorro, a agonia e, por fim, o desmaio. Juan, uma das vítimas de Maduro, confessou ao jornal ABC que suportou pouco mais de cinco minutos.
“É uma sala escura sem muito oxigênio, do tamanho de um cofre. Eles o colocam lá dentro por alguns minutos até que você não consiga respirar e desmaie ou comece a bater na porta em desespero. Eles me colocaram lá e eu aguentei um pouco mais de cinco minutos. Achei que fosse morrer”, declarou ele, depois de especificar que era uma das 1.800 pessoas detidas arbitrariamente desde as eleições de 28 de julho.
Violência estratégica
O objetivo da tortura praticada pelos serviços de inteligência chavista e seus agentes não é apenas estabelecer um padrão estatal sistemático de repressão contra estudantes, líderes sindicais, políticos, jornalistas ou defensores dos direitos humanos. Seu objetivo é mais perverso e até mesmo estratégico.
A extrema violência física e psicológica contra opositores detidos é o mecanismo dos capangas de Maduro para obter informações, confissões ou confissões forçadas dos detidos, bem como para punir qualquer pessoa que discorde de seu governo, ao mesmo tempo em que promove um clima de medo e terror.
A falta de independência das autoridades públicas mantém impunes as práticas horríveis do regime venezuelano. Nem o Tribunal Supremo de Justiça (TSJ), nem o Ministério Público, nem a Defensoria Pública demonstram qualquer intenção de investigar a política de repressão de Miraflores.
Todos os três são leais ao chavismo. Os relatórios das Nações Unidas confirmam essa afinidade. De fato, em seu terceiro relatório, publicado há dois anos, revelou-se que “o sistema de justiça contribui diretamente para a perpetuação da impunidade em casos de violações de direitos humanos, impedindo que as vítimas tenham acesso a recursos legais e judiciais eficazes”.
Como os mortos
Enquanto a conclusão da ONU está nas mãos do Tribunal Penal Internacional (TPI), após o início da investigação formal sobre o cometimento de crimes contra a humanidade na Venezuela, o chavismo continua a fornecer um contexto para seu abuso deplorável em celas sem oxigênio ou com condições precárias.
De acordo com a ABC, os dissidentes detidos pelo regime de Maduro também sofrem com a superlotação em celas de três por três metros, onde são mantidos em grupos de cinco. Essas prisões são conhecidas como “túmulos de cimento” por causa de suas camas feitas de material rústico. Nelas, a comida é servida de forma intermitente. Às vezes, o café da manhã chega às 6 horas da manhã ou depois do meio-dia. Poucas pessoas se importam, pois o cardápio é composto de alimentos estragados ou vencidos.
A única rotina que não falha são os espancamentos e, se alguém os questiona, eles são transferidos para outro centro de martírio em Tocorón, conhecido como “el tigrito”, onde a escuridão e o espaço estreito de um metro por um metro minam as almas que anseiam por liberdade.