O homenzinho que ora
simula um colosso
faz sua pose desajeitada
Cheio de vazio na garganta,
fala de modo raso
de tudo que é profundo
Alguém elogiou o personagem — o colosso
e o homenzinho agradeceu
alardeando modéstia
Não quer subir
nos ombros dos gigantes,
quere-os nos seus
Vai à noite dormir sem fôlego,
suspirando de amores
pelos livros que não leu
Com um cantarolar anasalado
daquela bela canção
que nunca ouviu
Às pressas faz uma prece:
— que me perdoe o perfeccionismo,
amanhã tento melhorar
Acaba sonhando consigo mesmo,
em preto e branco,
pois é o que alcança a imaginação
do grande homenzinho,
que de comprido
só a lista do que não cumpriu.
Dezembro de 2021
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Anderson C. Sandes
Poeta, cronista, ensaísta. Articulista no PHVox. Vivo de poesia pra não morrer de razão. Reflexões sobre arte e literatura. Autor de Baseado em Fardos Reais, de Arte & Guerra Cultural: preparação para tempos de crise, e organizador da antologia Quando Tudo Transborda.