Uma nova reunião entre o presidente dos EUA, que assumirá o cargo em 20 de janeiro, e o ditador norte-coreano seria fundamental para impedir a aliança com a Rússia, que já inclui o envio de tropas norte-coreanas para o território russo com a possível intenção de reforçar a linha de frente na guerra na Ucrânia.
Poucas horas após a vitória do republicano Donald Trump nas eleições presidenciais dos EUA, são grandes as expectativas sobre os líderes mundiais com os quais ele se reunirá durante seu novo mandato. Será possível um novo encontro com o ditador norte-coreano Kim Jong-un? Seria outra conquista que demonstraria a incapacidade da política externa do democrata Joe Biden de buscar acordos incômodos, mas necessários, para evitar conflitos como a invasão da Ucrânia pela Rússia ou a guerra em Gaza. Cinco anos se passaram desde que Trump e Kim apertaram as mãos pela última vez. Agora, um novo encontro seria fundamental para dissuadir a aliança com a Rússia, que já inclui o envio de tropas norte-coreanas com a possível intenção de reforçar a frente de batalha no território ucraniano.
Enquanto Trump se vangloria de sua aproximação com Kim Jong-un em seu primeiro mandato, o líder norte-coreano agora está de olho no tratado de defesa assinado com Moscou. É por isso que Vladimir Putin é fundamental para essa triangulação.
Um Kim mais belicoso
Desde a saída de Trump, Kim aumentou seu arsenal de enormes mísseis balísticos intercontinentais, além de armas hipersônicas e de curto alcance capazes de lançar ogivas nucleares contra o continente americano ou bases militares dos EUA na região.
Ele também montou locais de testes nucleares cujas operações dependem de suas ordens. As definições e ações de Trump no atual cenário de tensões geopolíticas e alianças serão cruciais, considerando que a Rússia apoia a Coreia do Norte com suprimentos de petróleo e outras negociações comerciais. A afinidade é tanta que Moscou vetou o monitoramento de especialistas sobre as violações das sanções impostas pela ONU a ambas as nações.
Com o perfil de negócios de Trump, é provável que ele acrescente uma nova foto aos cartões postais com Kim em Cingapura, Hanói e na fronteira norte-sul da Coreia. A Europa e a Ásia estão observando atentamente.
“Trump acredita que seu engajamento funcionou bem durante sua primeira presidência, no sentido de que ele sente que ‘resolveu’ a questão nuclear norte-coreana”, disse Ramón Pacheco Pardo, do King’s College de Londres. “Além disso, as cúpulas de Trump com Kim Jong-un atraíram uma atenção significativa da mídia, o que ele claramente gosta.”
Dúvidas dos amigos
Outras vozes são cautelosas. Duyeon Kim, do Center for a New American Security, argumenta que a Coreia do Norte desconfia de quem está na Casa Branca porque está contando com a Rússia e a China para avançar em seu poder nuclear, mas está claro que um bom relacionamento com Trump permitiria que algumas sanções fossem suspensas. “Trump pode até reconhecer Pyongyang como uma potência nuclear”, acrescentou.
Essa medida significaria mais do que um diálogo de “amigos”, considerando que o regime norte-coreano exigiu o cancelamento de exercícios militares e o deslocamento rotativo de ativos estratégicos. Trump já fez isso em 2018, será que vai acontecer de novo?