Uma imagem sem comentários de acompanhamento. A verdade é que eles não são necessários. Donald Trump compartilhou com seus seguidores uma imagem sugestiva de Kamala Harris, na véspera da convenção democrata que a tornará oficial como candidata à presidência. Em Chicago, as bandeiras vermelhas do comunismo proclamam isso. Harris é comunista? Os Estados Unidos podem cair nas garras do socialismo que destruiu tantos países no mundo?

Trump pretende convencer o eleitorado de que sim. Em sua última apresentação, um jovem venezuelano, descendente de exilados cubanos, subiu ao palco e alertou os americanos de que tudo pode acontecer. Que isso pode acontecer.

O convidado referiu-se ao momento da ascensão de Hugo Chávez e às advertências de seu avô materno, que estava convencido de uma coisa: que o militar iria repetir na Venezuela a mesma tragédia de Fidel Castro, que o fez ter que deixar seu país natal. “Ninguém prestou atenção nele”, lamentou o menino. Ele também deixou um aviso aos americanos: “O que aconteceu em nossos países pode acontecer aqui e em qualquer lugar”.

A tese, embora possa ser discutida, tem um precedente que a valida. A Argentina em 1895 tinha o maior PIB per capita do mundo. Embora não tenha caído nas mãos de uma ditadura, já que o kirchnerismo não podia controlar os órgãos judiciais, eleitorais e militares, como fez o chavismo, o país acabou em total desgraça econômica, com mais da metade do país abaixo da linha da pobreza.


Hoje, Donald Trump trouxe ao palco um jovem venezuelano cujos ancestrais são cubanos para explicar aos americanos como o socialismo destruiu nossos países.

Todos pensam que é impossível chegar aos seus países, até que aconteça:pic.twitter.com/4zWsdBrzrM

— Emmanuel Rincón (@EmmaRincon) 18 de agosto de 2024

Os Estados Unidos têm defesas. Pode não ser a coisa mais provável sucumbir a uma ditadura de partido único, como Trump adverte, mas pode facilmente sofrer um processo de degradação ao estilo argentino. Embora não pareça tão dramático quanto a eventualidade de uma ditadura comunista, os americanos devem estar seriamente preocupados com essa possibilidade.

Este cenário, embora pareça incrível, pode estar ao virar da esquina. Kamala Harris hoje fala como uma referência ideológica do kirchnerismo. Nem mesmo como Cristina, que nunca diria as coisas que disse, como a possibilidade de expropriar patentes ou fixar preços de produtos e aluguéis. CFK deixa essas coisas serem manifestadas por seus colaboradores mais radicalizados, e então ela se mostra moderada e responsável.

O desastre americano já é preocupante o suficiente para aprofundá-lo. Hoje, a potência mundial tem um velho senil, que não sabe o que está dizendo e que tem que ser negado por seu próprio governo. Passar o bastão para um líder que está à esquerda de Cristina Kirchner não parece ser a melhor opção nas próximas eleições.

No entanto, a polarização que Trump desperta deixa um cenário em aberto, com chances de catástrofe. Embora os Estados Unidos tenham aquelas defesas que os mantêm longe da possibilidade de uma ditadura comunista, a consolidação das ideias estatistas e socialistas que Harris propõe é alarmante o suficiente para ir na outra direção.

De Marcelo Duclos para o PanAm Post.