Nas últimas eleições boliviana, Evo Morales tinha fugido do país e, a partir do asilo político na Argentina, trabalhou pela eleição de seu apadrinhado: Luis Arce, que após vencer as eleições, prendeu a Presidente interina Jeanine Añez pelo crime de seguir a constituição boliviana.

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Evo Morales, voltou ao país triunfante, crendo que iria governar o país por procuração com Arce, porém se enganou. Arce não somente não aceitou ser tutelado, como assumiu a frente de uma guerra dentro do partido de ambos, o MAS (Movimento ao Socialismo).

Nos últimos meses uma verdadeira batalha vem acontecendo, inclusive com trocas de soco entre deputados do partido, ameaças de morte e prisões.

Em dezembro de 2022, em meio a crise política no Peru, Evo Morales usou toda a sua influência como alto comissariado do Foro de São Paulo para infiltrar armas, munições e agentes cubanos e venezuelanos na fronteira sul do Peru, este suporte foi parar nas mãos da GUERRILHA COMUNISTA Sendero Lumisono (que também atua como o Partido Comunista do Peru).

Este caos fez com que o congresso do Peru declarasse Morales Persona Non Grata. Em meio a crise peruana, Evo Morales conseguiu atingir um triplo ganho: ajudar o colega do Foro de São Paulo, Pedro Castillo, os companheiros do Sendero Luminoso e, não menos importante, fechar a fronteira do Peru com a Bolívia, impossibilitando o acesso da Bolívia ao Oceano Pacífico e causando uma crise de abastecimento e econômica que atingiu diretamente o governo de Luis Arce.

Na semana passada, a mando do governo de Luis Arce, a polícia realizou uma operação antidrogas no principal reduto de cocaleros (plantadores da folha de coca) comandado por Evo Morales, o que foi abertamente encarado como um ataque político, que além de enfraquecer a operação narcotraficante de Morales, visa o descredibilizar perante ao povo boliviano.

Em resposta, Evo Morales confirmou neste domingo sua candidatura às eleições presidenciais de 2025 e disse que foi “forçado” a tomar essa decisão para “lutar”, em meio à divisão dentro do MAS.

“Eles me convenceram de que eu vou ser candidato, me forçaram, claro que o povo quer, mas estão me forçando, tanto contra Evo, a direita, o governo, o império”, disse Morales em seu programa na rádio local Kawsachun Coca.

O líder do MAS acrescentou ainda que há uma campanha “suja” contra ele, uma vez que a oposição o chama de “narcotraficante”, mas o Governo do Presidente Luis Arce e o vice-presidente David Choquehuanca apontam-no como o “rei da cocaína”, pelo que estas situações o “forçaram” a ser candidato e “batalhar”.

A alcunha de Rei da Cocaína não é à toa, mas uma referência a Roberto Suárez Gómez, boliviano que foi chamado o Rei da Cocaína, associado estratégico de Pablo Escobar e parceiro de negócios de Fidel Castro nos anos 1980, quando este transformou Cuba em um entreposta de drogas para o Cartel de Mellín.

Em 2017, uma crise semelhante entre Rafael Correa e Lênin Moreno no Equador, levou a uma crise representativa da esquerda latino-americana no país e consequentemente a um choque no Foro de São Paulo, que culminou com a condenação dos aliados à Lenin Moreno, que passaram a classificá-lo de Nazifascista.

Ainda faltam quase 2 anos para a eleição, mas a disputa já começou e pode ter repercussões que respigarão em todo o continente.