No último sábado, 15 de agosto, o secretário de estado americano Mike Pompeo esteve em Varsóvia para assinar um acordo histórico de cooperação militar entre os Estados Unidos e a Polônia.

Atualmente, 4.500 soldados americanos já estão em solo polonês, porém o contingente deve aumentar até o fim de 2020; pelo menos mais 1.000 soldados de imediato. Para o primeiro semestre de 2021, mais 5.600 soldados devem deixar a base atual na Alemanha em direção à Polônia.

Porém, a grande novidade não é o aumento de tropas americanas no país, mas sim o investimento que os Estados Unidos irão realizar na Polônia. Bases militares, aeroportos, infraestrutura para treinamento e integração dos exércitos e até um centro de inteligência devem ser construídos com início das obras já para 2021. A Polônia vai arcar com os custos de manutenção além de, obviamente, ceder o terreno.

Andrzej Duda, o reeleito presidente polonês, celebrava: “Este acordo beneficia a segurança da Polônia e de outros países na região”, disse ele, com um sorriso de orelha a orelha. De fato, um antigo sonho de Ronald Reagan foi realizado no ato da assinatura do tratado. Reagan sempre quis levar a presença militar americana o mais longe possível em direção ao leste europeu, mas seu sucessor, George Bush, não compartilhava a mesma visão.

Em 2005, seu filho George W. Bush até tentou articular uma base na Polônia, mas Vladimir Putin disse que não (basicamente foi isso que aconteceu), e ainda no mesmo ano tivemos, na Alemanha, outro fato importante: a eleição de Angela Merkel. As tropas que deveriam ir para a Polônia acabaram “estacionando” na Alemanha, onde, desde 1945, os Estados Unidos mantêm uma relevante presença militar. Na ocasião, o governo alemão assumiu um compromisso de pagar pela “proteção” americana, porém, há 15 anos (desde a eleição de Merkel) Berlim paga somente a metade do combinado.

Em junho deste ano, Donald Trump, durante seu último comício no Estado do Oklahoma, alertou Angela Merkel que iria retirar as tropas caso a Alemanha não ela pagasse os valores devidos. Merkel ignorou o aviso, e como Trump tem o vício de cumprir o que diz, tão somente Andrzej Duda confirmou a sua reeleição na Polônia (12 de julho), o presidente americano não pensou duas vezes, e em pouco mais de um mês o acordo entre americanos e poloneses foi celebrado.

Uma vitória importante da diplomacia americana que finalmente, pela primeira vez desde 1945, consegue penetrar naquela que foi a “Cortina de Ferro”.

Para Vladimir Putin, não restou outra alternativa exceto avançar sobre a Bielorrússia, país que está exatamente entre a Polônia e a Rússia, e praticamente forçar o atual presidente, Aleksandr Lukashenko, a aceitar uma proposta de ajuda política e militar para que este permanecesse no poder.

Importante ressaltar que a Suécia também celebrou o mesmo acordo. O país escandinavo vem apoiando todas as decisões da Polônia desde o início da crise política na Bielorrússia, pois no atual contexto, apoiar a Polônia significa apoiar os Estados Unidos.

A reeleição de Duda foi crucial para o avanço americano no leste europeu e uma reeleição de Donald Trump em novembro próximo será decisiva para a consolidação da presença yankee nas barras da Cortina de ferro 2.0

Ivan Kleber é correspondente internacional e apresentador do PHVox no Reino Unido.